Unimed Encosta da Serra - Fevereiro 2014 - N°60 - page 11

Adolescentes
Fevereiro 2014 |
Unimed-ES
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Ainda na infância, é comum nossos filhos nos
surpreenderem com perguntas que não esperávamos
ouvir. Mas é quando as crianças crescem e estão na
adolescência que tomam mais consciência da sua
sexualidade. Nesta fase, é muito importante o diálogo
para que os jovens tenham um futuro com uma postura
e visão saudáveis quanto ao sexo.
Você já se imaginou tendo esta conversa com o seu
filho? Pois não ensaie muito. Conforme a ginecologista
da Unimed Encosta da Serra Dra. Márcia Elize
Muhammad Karpss, a abordagem deve ser a mais
natural possível: o tema sexo não deveria ser tabu. "A
sexualidade está presente no ser humano desde a vida
intrauterina. Na infância também há manifestações
e dúvidas que, se forem abordadas naturalmente,
a tendência é de que na adolescência siga havendo
naturalidade nas conversas", diz a ginecologista.
E não pense que haverá data e hora marcada para a
conversa fluir. "Não há uma idade correta para falar
com o jovem sobre o assunto. O momento certo é
quando ele ou ela manifestar curiosidade. É preciso
respeitar o tempo deles, respondendo o que é
perguntado de forma franca e honesta", explica. Se
não for assim, destaca a médica, os futuros adultos
buscarão esclarecimentos em outras fontes, nem
sempre confiáveis. Vale lembrar também que não há
a necessidade de precipitar informações que talvez os
filhos não estejam aptos a entender naquele momento.
De acordo com Dra. Márcia, a abordagem deve ser no
sentido de ajudar a exercer a sexualidade de forma
saudável e sem expor-se a riscos. "Falar de prevenção
de gestação e de doenças sexualmente transmissíveis
são exemplos de assuntos que podem ser levantados.
Tomar cuidado para não passar uma mensagem
punitiva, que pode dificultar o pleno exercício da
sexualidade. Os valores de cada família devem ser
respeitados, mas é importante ouvir e debater se o
jovem tem pensamentos diferentes", acrescenta a
médica. Neste contexto, é possível falar o que está
interessando o jovem no momento, desde o afeto
platônico ("eu gosto dele, mas ele não me dá a menor
bola") até o início dos relacionamentos, como o
menino ou a menina com o qual seu filho está saindo
ou conhecendo na escola. Nesta conversa, é preciso
lembrar que o corpo é um bem precioso e que precisa
ser respeitado.
Uma consulta com um médico ginecologista é o
caminho recomendado quando houver a necessidade
de uso de métodos contraceptivos. Esse momento
pode ser útil também para elucidar dúvidas que não
possam ser esclarecidas no âmbito familiar ou questões
que o jovem não se sinta à vontade para falar com os
pais. "Devemos lembrar que o fato de levar a jovem
ao médico para ser orientada não precipita o início da
atividade sexual. Muitos pais têm este conceito e não
estimulam que elas procurem o médico e muitas vezes
isto leva a uma gestação futura por falta de orientação
adequada", afirma Dra. Márcia.
Segundo dados do Ministério da Saúde, anualmente
cerca de 445 mil meninas e adolescentes brasileiras,
entre 10 e 19 anos, dão à luz. A cada ano, cerca de
20% das crianças que nascem no Brasil são filhas de
adolescentes.
De frente com a
Prevenção de gestação precoce e de doenças sexualmente transmissíveis
são exemplos de assuntos que devem ser abordados por pais e filhos
FAMÍLIA
E QUANDO OS FILHOS NÃO QUEREM FALAR SOBRE
O ASSUNTO?
Esta é uma situação delicada, pois acredito que não se
deve invadir a privacidade dos indivíduos. Então não há
como forçá-los a falarem de algo que não estão a fim.
A sugestão de que procure um médico pode ajudar o
jovem a encontrar alguém com quem possa discutir
suas angústias e dúvidas. Mas é importante os pais se
colocarem à disposição dos filhos para quando eles se
sentirem à vontade para abordar o assunto.
OS AMIGOS E OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO
PODEM INFLUENCIAR OS JOVENS?
Acredito que são grandes formadores de opinião.
Dependendo do tipo de relacionamento que pais e
filhos têm, talvez sejam os únicos acessos à informação.
Porém, há que ter cuidado. Os amigos estão no mesmo
barco, da descoberta e da experimentação e nem
sempre são bem informados. Os meios de comunicação
podem ser aliados das famílias, como uma boa maneira
de introduzir o assunto, sem que haja constrangimento.
É PRECISO TRATAR DO ASSUNTO COM
NATURALIDADE?
Sexo é um assunto natural. Faz parte da natureza e
como tal deve ser tratado sem tabus. A maneira como
este diálogo será desenvolvido dependerá de como
o sexo é visto e vivenciado na família. Deixar os filhos
exporem suas opiniões, mesmo que não sejam as suas,
é um bom começo. Podemos nos colocar no lugar
deles e tentar entender sua postura. Isso nos aproxima
dos filhos. E não quer dizer que devemos concordar
com tudo e nem mesmo permitir situações que os
coloquem em risco.
Entrevista com
Dra. Márcia Elize M. Karpss
(CREMERS 16154)
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