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R e v i s ta A m p l a
O gosto por desmontar e montar
brinquedos, objetos, utensílios e ou-
tras coisas surgiu ainda na infância. O
que se iniciou por curiosidade se tor-
nou um hobby motivado pelo desafio.
Depois dos brinquedos foi o rádio ve-
lho, o ferro elétrico e, então, aos 12
anos, a bicicleta. "Desmontava pelo
gosto de fazer manutenção", conta o
médico intensivista de Jacarezinho,
Jorge Ferreira Filho. Aos 18, ele ga-
nhou uma moto e passou a arrumar
os defeitos que apareciam. Certa vez,
chegou a desmontar todo o motor. Aos
25, começou a fazer o mesmo em um
carro e hoje o novo desafio do médico
é um caminhão D-60 Chevrolet, ano
1979. O veículo foi totalmente des-
montado, não restou nenhum parafu-
so fixado. O plano, que já dura três
anos, é transformar o velho caminhão
em um motor-home.
Natural de Ipaussu (SP), Ferrei-
ra tem 51 anos, é casado há 27 e
tem duas filhas de 25 e 22. Formado
pela Universidade Federal do Paraná
(UFPR), em 1988, trabalhou como ho-
meopata por 16 anos e há oito atua
como intensivista na UTI de Jacare-
zinho (PR).
A rotina tensa da profissão não fez
com que o médico se desapegasse do
seu pacato estilo de vida e da huma-
nidade e proximidade que prioriza na
relação com os pacientes. Como ele
mesmo diz, não se encaixa muito ao
padrão de médico brasileiro.
"Ando sempre de carro velho, de-
moro vinte minutos ou mais com pa-
cientes do posto de saúde, procuro
ouvir e dar atenção aos meus pacien-
tes, que às vezes até vêm me pedir
conselhos", conta.
O intensivista acredita que a me-
dicina em si não cura, apenas alivia
os sintomas e não trata a causa da
doença, por isso, no exercício de sua
profissão tenta dar aos pacientes mais
que o remédio. "Procuro conversar
e incentivar a mudança pessoal para
que eles obtenham a cura do que re-
almente lhes causou a enfermidade, e
para isso é preciso mudança nos hábi-
tos e pensamentos", relata.
Além de fazer plantão na UTI,
duas vezes por semana, Ferreira tra-
balha no Sistema de Assistência à
Saúde (SAS), de Jacarezinho e em Ri-
beirão Claro-PR, como concursado da
prefeitura. Com a agenda profissional
cheia, o hobby tem sido praticado
apenas nos finais de semana, quando
não está de plantão. A oficina funcio-
na no fundo da garagem da sua casa.
"Trabalho sozinho e, ocasionalmente,
quando é preciso uma terceira mão,
peço ajuda para minha esposa ou
a uma de minhas filhas (elas detes-
tam!)", confessa.
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