Revista Ampla - Ediçãom 30 - page 7

R e v i s ta A m p l a
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A importância
da confiança
Relação do médico com o paciente
mudou no decorrer dos anos, mas
algumas atitudes podem garantir a
retomada da importância desse vínculo
Capa
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Médico-paciente
Ana, 33 anos, frequenta o mes-
mo médico ginecologista há mais de
15. Mesmo morando em Curitiba,
ela continua marcando consultas em
Registro, município que faz divisa
com o estado de São Paulo e que é,
também, sua cidade natal. O mo-
tivo? "Justamente pela questão da
confiança. Ele é diferente dos outros
profissionais com quem já me consul-
tei. Além de eu não me sentir uma
estranha, já que ele me conhece há
anos e se importa não apenas com o
meu problema, mas com os motivos
que podem ter influenciado a enfer-
midade", relata. Toda vez que precisa
fazer uma consulta de emergência na
cidade de residência, Ana encaminha,
depois, os exames ao seu médico de
confiança. "Sempre tive esse vínculo.
Sinto que os outros médicos não sa-
bem minha história, então fica muito
superficial", avalia.
O vínculo agora relatado é pouco
comum atualmente, especialmente
pelo fato de que a paciente já morou
em cinco cidades diferentes no de-
correr desses anos e nunca deixou de
consultar o médico de sua confiança,
mesmo quando tem queixas relaciona-
das a outras especialidades. Quando
um profissional possui esse tipo de re-
lacionamento com seu paciente, pode
ser considerado um médico coordena-
dor de saúde, seu perfil é semelhante
ao médico de família de antigamente
e sua relação é marcada pela proximi-
dade, confiança e intimidade.
Para o médico Marcelo Garcia
Kolling, presidente da Associação Pa-
ranaense de Medicina de Família e
Comunidade, os médicos de família
e comunidade nunca foram muito nu-
merosos no Brasil, de modo que mui-
tos vão se lembrar apenas de bons
clínicos, pediatras ou ginecologistas,
que estavam lá para seus pais ou avós,
quando eles mais precisaram, fazendo
o possível, apesar de não ter um trei-
namento específico. "Mas é correto,
sim, dizer que a medicina de Família
e Comunidade resgata importantes
princípios da medicina de antigamen-
te, muito mais pessoal, contextuali-
zada, próxima, focada na saúde e no
bem-estar, em vez do modelo cada
vez mais hospitalar, industrial e dis-
tanciado que as outras especialidades
vêm tomando", destaca.
Segundo Luiz Gustavo Escada Fer-
reira, médico infectologista, diretor
administrativo-financeiro da Unimed
Mercosul, esse tipo de abordagem já
ocorre em diversos países do mundo,
principalmente na Europa, no Ca-
nadá, na Austrália, em alguns locais
dos Estados Unidos, como também
no Brasil. "Precisa ser incrementa-
do, pois garante melhores resultados,
uma melhor qualidade, sendo possível
uma redução dos custos sem prejuízo
aos beneficiários", analisa.
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