Camisinha estourou: e agora, o que fazer? Tire suas dúvidas
15 Fevereiro 2017
Camisinha estourou! Esse é um susto que ninguém gostaria de passar, ainda mais se tratando de um momento íntimo. Por isso, é fundamental entender que isso pode, sim, acontecer, mas também é possível prevenir.
A camisinha é o método mais eficaz para evitar uma gravidez não planejada e não dar margem ao risco de contrair infecções sexualmente transmissíveis (IST), como: gonorreia, sífilis, Aids e alguns tipos de hepatites.
De acordo com o último boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde, em 2018, nos últimos 10 anos foram notificados 247.795 casos de pessoas infectadas com o vírus HIV. De 1980 a 2018, foram 926.742 casos de Aids registrados, com 327.655 óbitos.
Usar camisinha nas relações sexuais é fundamental para que você proteja a sua saúde, mas, também, é preciso conhecer os potenciais riscos de uma camisinha não desempenhar o papel desejado.
Se a camisinha estourar, o que você deve fazer? Como evitar que isso aconteça?
É para esclarecer esse assunto que trazemos o conteúdo do artigo de hoje. Nele, você vai aprender:
- Camisinha estourou: e agora?
- O que fazer logo após descobrir que a camisinha estourou
- Como evitar que a camisinha estoure
- Outros métodos contraceptivos
- Métodos para prevenção de doenças sexualmente transmissíveis
Boa leitura!
Camisinha estourou: e agora?
Se a camisinha estourou, busque orientação médica para proteger sua saúde
Segundo o Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis, do Ministério da Saúde, o uso de preservativo não deve ser uma opção somente para quem não se infectou com o HIV, mas também para quem já vive com HIV/Aids.
O preservativo evita outras infecções sexualmente transmissíveis, que podem prejudicar o sistema imunológico do paciente com HIV/Aids. Além disso, previne contra novas infecções do vírus, que podem prejudicar mais as condições de saúde da pessoa. Sem contar, que previne contra todas as outras infecções sexualmente transmissíveis que citamos no início deste artigo.
Para evitar a possibilidade de ter contato com o vírus HIV durante as relações sexuais, é preciso precaver-se usando camisinha e também estar atento a diversos fatores que podem fazer com que ela estoure, colocando em risco sua finalidade.
- Por que a camisinha pode estourar?
Algumas circunstâncias podem fazer com que a camisinha estoure, impedindo que ela cumpra sua finalidade de proteção, tanto para uma possível gestação quanto para as infecções sexualmente transmissíveis.
Confira, abaixo, os motivos que podem levar a uma camisinha estourar:
- Armazenamento inadequado (bolso de calças, porta-luvas do carro, amassada em bolsas ou carteiras)
- Prazo de validade esgotado
- Embalagem danificada
- Lubrificação vaginal insuficiente
- Sexo anal sem lubrificação adequada
- Uso de lubrificantes oleosos (vaselina e óleos alimentares)
- Presença de ar e/ou ausência de espaço para recolher o esperma na extremidade do preservativo
- Tamanho inadequado do preservativo em relação ao pênis
- Perda de ereção durante o ato sexual
- Contração da musculatura vaginal durante a retirada do pênis
- Retirada do pênis sem segurar firmemente a base do preservativo
- Uso de dois preservativos simultaneamente
- Uso de um mesmo preservativo durante coito prolongado
- Como saber se a camisinha estourou
Geralmente, quando uma camisinha estoura, fica bastante claro para ambos: ela se parte, rasga mesmo, podendo até se dividir em dois pedaços. Além disso, a ejaculação vai escapar.
É muito improvável que uma camisinha apresente um furinho pequeno por onde o esperma escape. Mas, ainda assim, você pode confirmar se a camisinha está funcional após o sexo. Feche a ponta da camisinha com um nó e aperte para verificar se existe algum vazamento. Depois, descarte-a no lixo, enrolada em papel higiênico.
O que fazer logo após descobrir que a camisinha estourou
Se a camisinha estourou, procure um médico. Você ainda pode se proteger contra uma gravidez indesejada e IST
Se a camisinha estourar, existem outras formas de se proteger - desde que as medidas sejam tomadas imediatamente após o sexo desprotegido.
Procure um médico para receber as orientações adequadas, de acordo com a análise da sua situação de risco. Abordaremos abaixo duas das formas mais utilizadas para evitar uma gravidez indesejada e as infecções sexualmente transmissíveis.
Conheça:
- Pílula do dia seguinte: evitando uma gravidez indesejada no caso da camisinha estourar
Você já ouviu falar na pílula do dia seguinte? É uma contracepção de emergência, que pode ser tomada até 72 horas após a relação sexual. No entanto, o ideal é que a pílula seja administrada até 12 horas após o ato.
Disponível nos postos de saúde, vêm em dois formatos: uma cartela com duas pílulas, que devem ser tomadas com 12 horas de diferença entre elas, ou uma dose única. Quanto antes tomar a pílula, menor o risco de não fazer efeito.
Como explica o Dr. Mariano Tamura, ginecologista do Hospital Albert Einstein, a pílula do dia seguinte bloqueia a ovulação e prejudica o trânsito do esperma no corpo feminino. O hormônio presente na pílula não tem efeito abortivo. Ou seja, se o óvulo já foi fecundado, a gestação continuará normalmente. Mas, ainda assim, como diz o Dr. Mariano Tamura, o medicamento é bastante eficiente. Ele é capaz de evitar até 90% da concepção, quando usado imediatamente após a relação, e 50% quando utilizado depois de 72 horas.
Ainda que seja funcional, não é adequado como método contraceptivo, já que não deve ser utilizado com frequência. Conforme o uso, a pílula do dia seguinte vai perdendo sua eficácia.
Assim, a pílula do dia seguinte só deve ser utilizada em casos emergenciais. Se a camisinha estourou e você quer evitar uma gravidez não planejada, use a contracepção de emergência. Mas, lembre-se: não pode virar rotina. Na consulta de rotina com seu médico ginecologista, você poderá esclarecer outras dúvidas sobre o uso desse método contraceptivo de emergência.
Também é importante lembrar que a administração da pílula do dia seguinte deve ser um desejo da mulher: nem o homem, nem qualquer outra pessoa pode obrigá-la a tomar a medicação.
- PEP (profilaxia pós-exposição de risco): é possível evitar IST se a camisinha estourou?
Além da pílula do dia seguinte, existe outra medicação que pode ser tomada como precaução contra infecções sexualmente transmissíveis, após sexo inseguro.
Chamado PEP, do inglês Post-Exposure Prophylaxis - ou profilaxia pós-exposição -, é um tratamento disponível no SUS, contra o vírus HIV, sífilis, gonorreia, hepatite B, tricomoníase ou clamídia.
É um tratamento curto, que deve ser utilizado por pessoas em situação de risco, como casos de sexo sem camisinha (ou se a camisinha estourou), compartilhamento de agulhas, entre outros.
Importante reforçar: caso você esteja exposto ao risco de uma infecção ou gravidez indesejada, procure um médico. Ele irá solicitar os exames adequados, solicitar vacinas preventivas e administrar o protocolo de emergência.
Como evitar que a camisinha estoure
Alguns cuidados na hora de colocar a camisinha podem evitar que ela acabe estourando durante a relação sexual
As camisinhas são testadas de forma bastante agressiva, para garantir seu funcionamento como preservação contra infecções sexualmente transmissíveis ou uma gestação indesejada.Por isso, você pode confiar em sua eficácia, inclusive nos preservativos oferecidos gratuitamente pelos postos de saúde. O cuidado deve estar, portanto, no prazo de validade, manipulação e armazenamento.
Geralmente os problemas com preservativos acontecem por erros na hora de utilizá-los. Portanto, tome algumas precauções, como:
- Não abra a camisinha com os dentes
- Ao colocar, lembre-se de segurar a ponta do preservativo com os dedos, para evitar que fique ar dentro
- Coloque o preservativo com a parte enrolada para fora, e vá desenrolando até o final. É importante que, para isso, o pênis esteja ereto
- Cuidado na hora de desenrolar a camisinha. Não use as unhas e preste atenção para que nada se prenda ao preservativo, como anéis e pulseiras, danificando-o
- Utilize lubrificante íntimo, pois a falta de lubrificação pode fazer a camisinha estourar
- Retire a camisinha logo após a relação sexual
Outros métodos contraceptivos
A pílula do dia seguinte é um método contraceptivo de emergência, mas não deve ser utilizada com frequência. A camisinha, no entanto, é um dos métodos mais eficazes. Mas existem, ainda, outros métodos para proteger a mulher de uma gestação indesejada.
Os homens só contam com duas maneiras de prevenir uma gravidez: camisinha e vasectomia. A vasectomia, porém, é irreversível. A boa notícia é que a pílula contraceptiva masculina já está em testes.
Já as mulheres contam com muitas alternativas para contracepção, que abordaremos a seguir. No entanto, é fundamental compreender que apenas os preservativos (masculinos ou femininos) protegem contra infecções sexualmente transmissíveis.
Por isso, ainda que a mulher utilize outro método contraceptivo, o uso da camisinha não deve ser descartado.
Conheça alguns métodos contraceptivos
- Camisinha feminina: a camisinha feminina é como uma bolsa, que protege o colo do útero, a vulva e as paredes vaginais. Não deve ser utilizada com a camisinha masculina, pois o atrito dos materiais pode acabar rasgando ambos os preservativos
- Anticoncepcional em pílula ou injetável: o método mais comum, as pílulas inibem a ovulação, impedindo a gravidez. Os hormônios também podem ser injetáveis, para mulheres que preferem não ter o compromisso da medicação diária. Pode ser contraindicado para algumas mulheres. Por isso, sempre consulte seu ginecologista antes de iniciar o uso. Somente ele poderá indicar o tipo de pílula mais adequada ou sugerir outro método
- Anel vaginal: é um anel de silicone que tem seus hormônios absorvidos pela mucosa vaginal, durante as três semanas que permanece introduzido na vagina
- Implante subcutâneo ou adesivo: os implantes são tubos de 3 cm com hormônio que ficam inseridos na pele, na região do braço. Pode permanecer no corpo por até três anos. Já o adesivo também tem os hormônios absorvidos pela pele, mas precisam ser trocados com mais frequência
- DIU: o dispositivo intrauterino tem formato da letra T. Colocado pelo ginecologista no interior do útero, libera hormônios que dificultam a chegada dos espermatozoides para fecundação
- Diafragma: é uma espécie de anel que deve ser colocado antes da relação sexual e retirado até seis horas após. Dentre todos os métodos, é o que apresenta menor eficácia
Além destes métodos, existem, também, as formas de esterilização permanentes, como é o caso da laqueadura tubária. Converse com seu ginecologista sobre a melhor opção para você.
Métodos para prevenção de infecções sexualmente transmissíveis
Como já mencionamos, existem somente duas formas de prevenir as infecções sexualmente transmissíveis durante o ato sexual: a camisinha masculina e a camisinha feminina. Elas não devem, porém, ser utilizadas ao mesmo tempo.
Existem, ainda, vacinas destinadas a algumas doenças específicas, como a hepatite B e o HPV. Manter a vacinação em dia é fundamental, inclusive para gestantes, pois protegem também contra a contaminação do bebê.
O acompanhamento, com a realização de de exames, é outra forma de você prevenir e diagnosticar rapidamente em caso de infecção. Cada IST tem uma periodicidade recomendada para os exames. A orientação pode mudar dependendo da sua frequência sexual e variedade de parceiros. Quanto maior o risco, menor a periodicidade entre os exames. Conheça:
- Sífilis, clamídia e gonorreia: exame anual tanto para homens quanto para mulheres
- Sífilis e hepatite B: exame para gestantes
- SIDA: exame anual ou com mais frequência, dependendo do número de parceiros sexuais ou no caso de dependência de drogas ilícitas
Todos os adultos sexualmente ativos devem fazer o teste para SIDA pelo menos uma vez na vida.
Outra forma de você prevenir infecções é, claro, limitando seus parceiros sexuais. Ao reduzir os parceiros e criar um vínculo transparente com ele, você reduz as chances de contrair o vírus HIV. Converse com seu parceiro, façam os exames e falem sobre seus resultados. Mantenham uma rotina de acompanhamento para garantir a segurança e a saúde de ambos.
Conclusão
Se a camisinha estourar, procure um médico imediatamente
Como vimos, a camisinha, apesar de ser um método eficaz para prevenção de infecções e de uma gravidez indesejada, pode não cumprir sua função caso sofra algum rompimento.
Existem inúmeros motivos que podem fazer a camisinha estourar, mas quase sempre eles estão relacionados a problemas no manuseio, como colocação errada ou mesmo a falta de atenção à data de validade.
As camisinhas são testadas pelo INMETRO, inclusive aquelas distribuídas pela rede de saúde pública. Tomar alguns cuidados na hora de sua utilização pode evitar que ela fure ou rasgue.
Mas, se a camisinha estourar, existem alguns métodos emergenciais para evitar tanto uma gestação quanto uma infecção por algum vírus sexualmente transmissível. Converse com o seu médico ou procure um hospital logo após ter se envolvido em uma relação sexual sem proteção.
Quanto mais cedo você procurar ajuda, maiores as chances de eficácia dos medicamentos profiláticos contra as IST.
Para conhecer mais sobre métodos contraceptivos e de prevenção de IST, confira os artigos sugeridos, abaixo:
- A importância da vacinação
- Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST)
- AIDS: ainda é preciso prevenir
- Métodos contraceptivos
- 6 dicas para a saúde da mulher
Em caso de dúvidas, deixe-nos um comentário!
Fonte: Departamento de IST, Aids e Hepatites Virais - Ministério da Saúde
Conteúdo aprovado pelo responsável técnico-científico do Portal Unimed.