Revista Unimed- Fevereiro 2019 Nº 81

• Unimed-ES • Fevereiro de 2019 6 Crianças Sinais da depressão infantil Doença psiquiátrica pode se manifestar também nos pequenos A incidência de depressão em crianças é igual, maior ou menor do que em adultos? De acordo com dados da OMS (Organização Mun- dial da Saúde), no Brasil, 5,8% da população, o que sig- nifica em torno de 11,5 milhões de pessoas, sofre com a depressão. Deve-se ressaltar que nos últimos anos hou- ve um aumento considerável entre crianças e adoles- centes. Na minha vivência clínica, atendo mais adultos depressivos do que crianças. Quais são os sintomas de depressão nos pequenos? São parecidos com os experimentados pelos adul- tos (veja box Palavra da Especialista), mas podem ser demonstrados de formas diferentes. É importante res- saltar que não são episódios isolados de choro, irrita- bilidade, agressividade, tristeza, apatia e alteração no sono que caracterizam a depressão infantil. É normal uma criança ficar triste ou irritada frente a algumas frustrações, mas dependendo da intensidade, persis- tência e presença de mais sintomas é que se avalia um quadro depressivo. Como os pais podem avaliar? Na criança sãomuito comuns sintomas físicos, como dor de cabeça e de estômago, por exemplo. Os pais pre- cisam estar atentos à periodicidade em que ocorrem e se a criança parece triste, desesperançosa, com choro fácil, tom de voz monótono e frases como: “sou burro”, “ninguém me ama”, “sou uma criança ruim”. A partir de qual idade pode haver depressão em crianças? A depressão infantil é difícil de ser diagnosticada, pois alguns sintomas são mascarados e as crianças não sabemnomear ainda os sentimentos, desta forma, mui- tas não verbalizam o que estão sentindo por não sabe- rem descrever. É necessário levar em conta as fases normais do desenvolvimento infantil para avaliar um quadro depressivo, mas, emmédia, a partir de 6 anos de idade já é possível diagnosticar. Obviamente essa idade pode variar um pouco, dependendo da criança e o am- biente em que vive. Depressão é uma doença psiquiátrica que atinge adultos e também crianças. Há fatores de risco para o desenvolvimento de depressão entre os pequenos, como destaca Gabrielle Krupp Sander, psicóloga da Unimed Encosta da Serra, especialista em psicoterapia psicanalítica. Um bom caminho na tentativa de afas- tar a possibilidade deste cenário, explica a psicóloga, é proporcionar à criança um ambiente familiar saudável, que permita um desenvolvimento também saudável emocionalmente. Sobre este assunto, ela concedeu a entrevista a seguir. Como se dá o tratamento de de- pressão nos pequenos? A indicação é de psicoterapia in- fantil e, em casos graves, se comple- menta com tratamento medicamentoso. Destaco que não necessariamente o tratamen- to precisa iniciar-se após um diagnóstico: se os pais já percebem alguns sintomas podem buscar um acompa- nhamento psicoterápico para a criança, que irá englobar o auxílio à família em relação aos sentimentos e para que as necessidades dos filhos possam ser atendidas. Uma criança que teve depressão tem mais propen- são a ter também na vida adulta? Muito difícil fazer essa afirmação, afinal não existe um padrão, pois uma criança que recebe o tratamen- to adequado pode não apresentar depressão na vida adulta. Por outro lado, o adulto que foi uma criança de- pressiva pode reviver alguns conflitos e vir a apresen- tar os sintomas novamente. O que posso afirmar é que, mais importante do que a propensão, é que se busque para as crianças o tratamento adequado. Psicóloga Gabrielle Palavra da especialista: “Depressão é uma doença psiquiátrica que tem tipos diferentes e que pode ser leve, moderada ou grave. Os principais sintomas são: humor depressivo, pensamentos negativos constantes, irritabilidade, desânimo, diminuição do prazer e alteração no sono, presentes na maior parte do dia por um período longo de tempo. Destaca-se que a depressão é vivenciada de forma singular pelos indivíduos, estas são as características mais comuns, mas não únicas e não necessariamente a pessoa sentirá todos esses sintomas”, Gabrielle Krupp Sander, psicóloga da Unimed Encosta da Serram especialista em psicoterapia psicanalítica. • Não atender às necessidades básicas da criança (higiene, alimentação, proteção e acolhimento) • Hereditariedade (histórico depressivo na família) • Convivência com os pais depressivos • Ambientes estressores • Abuso sexual, psicológico e/ ou físico • Abandono • Enfrentamento de cirurgia ou doença grave e conflitos familiares Fatores de risco para depressão entre os pequenos:

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