Revista Conexão | Edição 13 - page 12

12
Revista Conexão - Abril / Maio / Junho de 2014 - Edição 13
O crescente aperfeiçoamento tecno-
lógico da medicina, nos últimos anos,
trouxe avanços importantes para o trata-
mento, reparação e até substituição de
partes do organismo por meio de mate-
riais de alta qualidade. Segundo estudo
realizado pela Orizon, líder em soluções
em saúde, o mercado de OPMEs (Órteses,
Próteses eMateriais Especiais) representa
um espaço importante na área médica. O
setor de saúde, hoje, corresponde a 9% do
Produto Interno Bruto (PIB) nacional -
cerca de R$ 330 bilhões - e a OPMEs con-
somem cerca de R$ 8 bilhões deste valor.
O aumento da demanda por esses
materiais, porém, veio acompanhado de
aspectos que impactam diretamente a
comercialização dos produtos. Falta de
transparência, distorções de preços e
qualidade duvidosa são algumas das
consequências da assimetria de infor-
mações que existe, atualmente, entre
instituições de saúde, públicas ou priva-
das, e fornecedores desses insumos
médicos. Como comparativo, um ele-
trodo de ablação, utilizado para con-
trole de arritmias cardíacas, pode custar
entre R$ 450 e R$ 18 mil.
"Trata-se de uma situação com-
plexa. Um conjunto de problemas que
levam a esse cenário", explica Bruno
Sobral, que até o fechamento desta
reportagem era o diretor de fiscalização
da Agência Nacional de Saúde Suple-
mentar (ANS). "A existência de patentes,
que resguardam a remuneração ade-
quada para os investidores, é a primeira
causa dos altos preços. Entretanto, isso
explica apenas parte do problema, pois
reclamações apontam para discre-
pâncias de valores entre produtos equi-
valentes, inconsistências entre quanti-
dades e marcas para quadros clínicos
similares e até mesmo suspeitas de
favorecimento por parte de alguns pro-
fissionais pelo uso de determinado
material", acrescenta.
Visando combater esse cenário,
desde 2009, o Comitê Técnico Nacional
de Produtos Médicos (CTNPM), criado
pelo Sistema Unimed e coordenado pelo
presidente da Unimed Juiz de Fora, Hugo
Borges, vem atuando exitosamente no
diálogo com representantes do setor de
saúde. Em negociações diretas com a in-
dústria farmacêutica, o grupo gerou uma
economia de quase R$ 33 milhões para
todo o Sistema Unimed em 2013 e, em
quatro anos de atuação, já evitou despe-
sas da ordem de R$ 400 milhões.
O detalhamento das negociações
aponta a linha de neurocirurgia em pri-
meiro lugar na economia, com mais de
R$ 11 milhões de redução nos valores
praticados (62%), seguida pela ortopedia
(R$ 7milhões - 27%) e pela endovascular
(R$ 2 milhões - 25%).
Segundo Hugo Borges, o sucesso
da atuação junto à indústria ocorre,
principalmente, devido ao alto poder de
negociação do Sistema Unimed. "Nossa
projeção de compra, de materiais de
alto custo, é para cerca de 20 milhões
de clientes. Trata-se de uma oportuni-
dade que a indústria tem de vender em
larga escala. Então, é possível negociar-
mos preços muito mais acessíveis do
que as negociações individuais com
cada operadora", detalha. Ele também
destaca que a preocupação com a quali-
dade dos materiais é mantida. "Estamos
negociando os mesmos produtos, dos
mesmos fabricantes, de marcas multi-
nacionais consagradas."
ECONOMIA
MILIONÁRIA
SUPLEMENTO SAÚDE
1...,2,3,4,5,6,7,8,9,10,11 13,14,15,16,17,18,19,20,21,22,...32
Powered by FlippingBook