Revista Conexão | Edição 13 - page 15

Comoo senhor se interessoupela área
de medicina esportiva e pelo futebol?
Como todo bom brasileiro, jogando
um pouquinho de bola, a gente sempre
sonha em tentar a vida no futebol. Mas eu
não tinha potencial técnico para ser joga-
dor, apesar de participar de seleções de
escola, clube e faculdade. Em 1973, me
submeti a uma cirurgia de joelho, devido à
ruptura do menisco. Ali, vi uma oportuni-
dade de estar junto daquilo que tinha em
mente, trabalhar com o futebol. Gostei do
ambientemédico, do centro cirúrgico e re-
solvi prestar vestibular para medicina. E,
em 1974, ingressei na Faculdade deMedi-
cina de Valença, no Rio de Janeiro.
O senhor tem importantes passagens
pelos clubes do Rio de Janeiro. Como se
tornou o médico da Seleção Brasileira?
Após ingressar na Faculdade de Va-
lença, prestei concurso e consegui me
transferir para a Faculdade de Medicina
de Petrópolis. Já nessa época, queria tra-
balhar com ortopedia. Minha primeira ex-
periência foi em 1977, no Campo Grande,
time da primeira divisão do Rio de Janeiro
na época (hoje, o clube disputa a terceira
divisão estadual). Um ano depois, conse-
gui estágio no Vasco. Dedicava-me às ca-
tegorias de base do clube e, em agosto de
1981, me convidaram para chefiar o de-
partamento médico do futebol de base
do Flamengo. Essa foi minha primeira
passagem pela Gávea. Entre 1983 e 1984,
trabalhei no futebol profissional do Bota-
fogo, depois voltei para o Flamengo e fui
para a Seleção Brasileira sub-20, quando
fomos campeões do mundo, em compe-
tição disputada na Rússia. Estive fora do
país por dois anos, atuando na Seleção do
Iraque. Quando retornei para o Brasil, em
1988, assumi o DepartamentoMédico do
time principal do Flamengo. Fiquei lá por
10 anos, quando, após a Copa do Mundo
de 1998, fui convocado a assumir a chefia
do Departamento Médico da Seleção
Brasileira e iniciei minha trajetória com o
time principal.
Como é ser o responsável pela quali-
dade física de grandes ídolos brasileiros?
Primeiro, é preciso ter um relaciona-
mento de confiança entre os atletas, que
nada mais são do que pacientes comuns
de consultório, e o médico. Isso é funda-
mental para que se obtenham resultados.
A segunda coisa é a sinceridade naquilo
que você se propõe a fazer. A sinceridade
do seu trabalho e suas condutas, isto é,
estar confortável na posição de dizer não
para um atleta, por exemplo. É preciso
estar muito bem para isso (tecnicamente),
para que o atleta entenda a sua posição. O
tempo contribui e vai amadurecendo os
relacionamentos. Hoje, tenho 16 anos cor-
ridos na Seleção Brasileira principal. É
claro que, após todo esse tempo, o relacio-
namento torna-se um pouco mais fácil.
Mas, se você tiver a cabeça equilibrada e
fizer o seu trabalho com transparência e
consciência, dá para levar bem.
Como é a rotina com a Seleção Brasi-
leira? Há um planejamento por competi-
ção ou acompanhamento contínuo dos
atletas?
A direção da Confederação Brasileira
de Futebol (CBF) nos permite ter uma es-
trutura, na Granja Comari, em Teresópolis
(RJ), de primeiríssimo mundo. Certamente,
os atletas que chegarão para a Copa do
Mundo não vão sentir diferença nenhuma
do que eles veem em seus clubes da In-
glaterra, França ou Alemanha, ou onde
quer que estejam. Isso é resultado de um
esforço do Departamento Médico em
conjunto com a CBF, que entendeu o que
colocávamos como fundamental, não só
para o Mundial de 2014, mas para todas
as competições e categorias daqui pra
frente. Nós temos uma estrutura médica
montada, com uma sala de fisiologia,
musculação e aparelhos isocinéticos, além
de profissionais que cuidam para que isso
se mantenha.
E qual a estrutura da equipe que
acompanha o senhor?
Durante as competições, conto com o
suporte do SerafimBorges, médico clínico
e cardiologista, companheiro desde 2001,
e do jovem Rodrigo Lasmar, colega de
Minas Gerais e chefe do Departamento
Médico do Atlético Mineiro. Somos três
profissionais na linha de frente, traba-
lhando no dia a dia. Contamos também
com o Edílson Thiele, que já foi médico do
Atlético Paranaense e que nos dá suporte
Chefe da equipe médica da
Seleção Brasileira desde 1998,
José Luiz Runco se prepara para
sua quarta Copa do Mundo
Unimed Federação Minas
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