Revista Conexão | Edição 13 - page 27

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Unimed Federação Minas
ARTIGO
E NO FUTURO
O Sistema Unimed hoje
Orestes Pullin*
O Brasil tem, hoje, uma economia re-
presentativa, a sétima do mundo. Quando
observamos os números de gastos estatais
comsaúde no exterior, porém, percebemos
que, emnosso país, a iniciativa privada vem
gastando mais do que o poder público, em
uma relação aproximada de 55% a 45%.
Isso nos leva a constatar que, ao longo dos
anos, o Estado tem perdido espaço para o
investimento privado no setor de Saúde.
A população brasileira está envelhe-
cendo. Quanto mais idosos existem em
uma sociedade, maior é o custo assistencial
dessas pessoas. Paralelamente, a evolução
tecnológica traz perspectivasmaravilhosas
no sentido de aumentar nossa sobrevida,
mas temumpreço alto e tambémencarece
os serviços. Diante deste cenário, é impor-
tante estarmos atentos às perspectivas da
saúde noBrasil nos próximos anos e nos or-
ganizarmos para umcrescimento sólido de
nosso Sistema Cooperativista.
AConstituição de 1988 diz que a saúde
é direito do povo e dever do Estado. En-
quanto isso, o governo fala em SUS, como
o próprio nome já diz, umSistema Único de
Saúde, financiado pelo Estado, que tem a
pretensão de atender 100% da população
brasileira. Sabemos que a realidade não é
essa e, cada vez mais, se faz necessária a
abertura do diálogo entre os setores pú-
blico e privado de saúde, para que juntos
possam buscar um modelo de operação
que suporte as características sociais, eco-
nômicas e demográficas de nosso país.
O Brasil não é uma nação rica. O nosso
gasto per capita, anual, em saúde, está na
faixa de US$1.200. Ao nos compararmos a
países que têm economias semelhantes à
nossa, como a Inglaterra, encontramos gas-
tos na faixa de US$3.600 per capita em
saúde. Mesmo se gastássemos com saúde
o mesmo percentual do Produto Interno
Bruto (PIB) inglês, teríamos um gasto per
capita ainda muito menor. Por que isso
acontece? É simples. O Brasil tem 200 mi-
lhões de habitantes, enquanto a Inglaterra,
63 milhões. Mesmo tendo uma economia
quase do mesmo porte que o país galês,
apresentamos uma demanda consideravel-
mente maior.
Diante dessa realidade, vemos o Es-
tado brasileiro querendo suprir sozinho as
necessidades da população, semcondições
de fazê-lo, enquanto o setor privado segue
em uma crescente, representando um su-
porte financeiro de mais de 50% para a
saúde. É necessário, portanto, que se escla-
reça o modelo que se pretende praticar no
país nos próximos anos e, por meio do diá-
logo e da colaboração, se rompa o embate
ideológico que tem travado uma discussão
séria sobre o assunto.
Analisando o cenário de medicina su-
plementar atual, percebemos a importância
que temoSistemaUnimed para os brasilei-
ros. Dos quase 50 milhões de beneficiários
de planos hospitalares, cerca de 20milhões
fazem parte da Unimed, ou seja, 40% do
mercado de saúde suplementar está sendo
atendidopelas cooperativas. Esse é ummo-
mento importante de elas entenderemme-
lhor o seupapel, seu tamanho e importância
para a população e também para os médi-
cos, cerca de 110mil cooperados.
Visando aperfeiçoar cada vez mais a
nossa atuação, a Unimed do Brasil vem
trabalhando em três grandes desafios. O
primeiro está focado na gestão das coo-
perativas. Ainda temos um longo cami-
nho para evoluir em questões como
governança e gerenciamento. O segundo
desafio está ligado ao que chamamos de
modelo assistencial
. A referência que
temos no país para o setor privado está
voltada para hospitais e centrada em es-
pecialidades médicas, fragmentada.
Na Europa, cerca de 40% dos médicos
trabalham na conhecida
atenção primá-
ria
, em um modelo que visa à qualidade
e acessibilidade, com tecnologia de
ponta. Estamos trabalhando para im-
plantar, dentro da cadeia assistencial do
Sistema Unimed, uma
atenção primária
nesse padrão. Esse é um grande desafio,
pois precisamos treinar profissionais e
qualificá-los para esse perfil, algo real-
mente em falta na atualidade.
O terceiro grande objetivo está ligado à
remodelagem do Sistema Unimed. Somos
360 cooperativas, sendo 312 operadoras e
planos de saúde. Cada uma delas se encon-
tra em um estágio de desenvolvimento
diferente, seja do ponto de vista administra-
tivo-financeiro, seja de gestão de saúde.
Cada uma repete os mesmos processos,
muitas vezes competindo entre si. É preciso
reorganizar este Sistema. Promover esta re-
modelagem
por bem
é um trabalho que
cabeanós, dirigentes.Mostrar a importância
disso nemsempre temsido tarefa fácil, mas
estamos convencidos de que as nossas
ações, voltadas a transformar Operadoras
em Prestadoras, incorporar carteiras e ope-
radoras e readequar a atuação de algumas
delas, são o caminho para que o Sistema
Unimed possa realmente se fortalecer.
* Médico, cirurgião-geral, formado pela
Universidade Federal de Londrina/PR.
É cooperado da Unimed Londrina,
exercendo diversos cargos diretivos
no Sistema Unimed. Atualmente, é
vice-presidente da Unimed do Brasil.
Divulgação Unimed do Brasil
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