Revista Conexão | Edição 13 - page 6

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Revista Conexão - Abril / Maio / Junho de 2014 - Edição 13
UNIVERSO UNIMED
A partir da segunda metade do sé-
culo 20, com o fim da Segunda Guerra
Mundial (1939 a 1945), o padrão demo-
gráfico da população brasileira iniciou
um processo de reestruturação, quando
houve um declínio rápido dos níveis de
mortalidade, ao mesmo tempo em que
as taxas de fecundidade também caíram.
Situação que se intensificou ao longo
das últimas décadas.
Como consequência, o país viveu, em
40 anos, um bônus demográfico. "Isso
ocorre quando a população em idade
ativa (acima de 15 anos e abaixo de 65
anos) é maior que a população em ida-
des dependentes (abaixo de 15 anos e
acima de 65 anos)", explica o demógrafo
Fernando Kelles.
Segundo ele, que concluiu douto-
rado sobre a sustentabilidade do setor
de saúde na Universidade Federal de
Minas Gerais, em 2013, a literatura mos-
tra uma relação direta entre gastos indi-
viduais com saúde e idade a partir da
adolescência. "Portanto, quando se tem
uma população jovem, os custos com
saúde são contidos naturalmente",
acrescenta.
Porém, hoje, mais de 50 anos de-
pois, observa-se que o país está às vés-
peras de uma nova mudança demográ-
fica. Dados do Censo 2010, realizado
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), mostram que, em
1991, os brasileiros com mais de 65
anos eram 4,8% da população. Em 2000,
essa faixa etária passou a representar
5,9% e, em 2010, já era 7,4%. "É preocu-
pante o fato de a população brasileira
estar em acelerado processo de enve-
lhecimento. Por isso, tanto o governo
quanto a iniciativa privada devem enge-
nhar formas de enfrentar os crescentes
gastos com saúde que se aproximam",
alerta Fernando Kelles.
Esse novo cenário é um desafio não
só para a saúde pública ou suplementar,
mas também para toda a sociedade. "As
pessoas não terão como pagar essa
conta. A população está ficando mais
velha e o período de envelhecimento
será maior. Graças aos avanços da medi-
cina, é cada vez menor a mortalidade por
doenças infecciosas ou por hipertensão.
Ao contrário, hoje, essas enfermidades
são controladas, e o paciente convive
com elas. Precisamos nos reorganizar
para ter um sistema de saúde possível de
ser mantido", argumenta Luiz Otávio, as-
sessor da Unimed Federação Minas.
Nos Estados Unidos e em países da
Europa, onde as pessoas com mais de 65
anos já são maioria em relação às com
menos de 15 anos, há muitas décadas, o
modelo de atenção primária à saúde tem
se mostrado o caminho ideal para se al-
cançar a sustentabilidade do setor. "Em
nossas experiências nos EUA, diminuímos
o custo global do sistema emmais de 15%,
a taxa de utilização do hospital emmais de
36%, e a taxa de utilização do pronto-so-
corro em mais de 30%", relata Robert Ja-
nett, professor de Medicina em Harvard e
diretor daMount AubumCambridge Inde-
pendent Parctice Association (Macipa). No
Brasil, os principais gastos assistenciais na
saúde suplementar são com internações
(50%), consultas (17%) e exames (20%).
O caminho da sustentabilidade
A Organização Mundial da Saúde
(OMS) define a atenção primária ou bá-
sica como "o primeiro nível de contato
dos indivíduos, da família e da comuni-
dade com o sistema nacional de saúde,
levando assistência o mais próximo pos-
sível do local onde as pessoas vivem e
trabalham, constituindo um importante
elemento de um processo de atenção
continuada à saúde".
CUIDA
O futuro
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