Revista Digital Ampla #50
19 AMPLA • JUL/AGO/SET 2018 | Manter um sistema de saúde, seja público ou privado, funcionando não é tarefa fácil em nenhum lugar do mundo. Sempre há novas tecnologias para serem incorporadas, novos tratamentos e medica- mentos de alto custo sendo lançados, frente a um or- çamento limitado. Para es- pecialistas, a palavra- -chave é bom senso. RESUMO isso faz com que os gastos do sistema de saúde só aumentem com o passar dos anos. “Não há sistema que vá conseguir dar tudo para todo mundo. Em geral, na saúde, sempre tem muita coisa para fazer. Acho que todo gestor gostaria de poder pagar melhor seus profissionais, gostaria de contratar mais, melhorar a infraestrutura, mas você tem que fazer escolhas em algum momento”, ressalta. EQUILÍBRIO De acordo com ele, para o sistema de saúde se manter equilibrado, é preciso estabelecer regras muito claras sobre o funcionamento do atendimento, sobre como são aplicados os recursos e quais os critérios utilizados ao conceder ou negar tratamentos, assim o usuário sabe quem pode receber o quê, além disso, a transparência evita privilégios e discriminações. O desembargador do TRF-4 destaca que, para manter o sistema funcionando, é preciso gestões competentes, o estabelecimento de regras de autocontrole de seus agentes, além da atuação ética na aquisição e repasse de insumos. “Limites podem ser necessários, obviamente, desde que atendidos os interesses do sistema e dos pacientes. É sabido que, por vezes, há excessivas solicitações de exames, há dispositivos médicos que podem ser substituídos por outros menos onerosos, há medicamentos de igual eficácia que impactaria em menor medida a conta da operadora de plano de saúde”, pondera. Wang compartilha da mesma opinião. Segundo ele, no sistema de saúde, são tomadas decisões muito difíceis, porém é preciso encontrar a proporção certa entre o desejo de ajudar e a viabilidade do próprio sistema, alocando os recursos da forma correta para atender o máximo de pessoas, da melhor maneira possível. Dados da ANS mostram que os médicos de planos de saúde brasileiros estão entre os que mais pedem exames no mundo. Só em 2016, foram realizados quase 800 milhões de exames complementares, segundo a Agência. Excesso que também é condenado pelo professor. “Será que existe a necessidade de tanto exame? Precisa mesmo ir em tanto especialista? Um clínico geral não resolveria o problema? Parece-me que existe um incentivo errado dentro do sistema suplementar. É preciso racionalizar”, questiona. Não há sistema que vá conseguir dar tudo para todo mundo. Em geral, na saúde, sempre tem muita coisa para fazer. Acho que todo gestor gostaria de poder pagar melhor seus profissionais, gostaria de contratar mais, melhorar a infraestrutura, mas você tem que fazer escolhas em algum momento Daniel Wang Procedimentos complexos envolvemalta tecnologia e alto custo, por isso é preciso usar o sistema de forma racional para viabilizar ummaior número de tratamentos Se engana quempensa que os serviços oferecidos pelos SUS, como vacinas, são de graça, afinal o Sistema é financiado por impostos pagos por todos os cidadãos brasileiros Divulgação/HospitalAlbertEinstein RodrigoNunes /MinistériodaSaúde DanielWang, professor de Direito na QueenMary, University of London
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