Revista Inspira - Ed. 003
06 REVISTA UNIMED unhas cortadas, vacinas em dia? Próxima data da consulta no pediatra? Tem antitérmico em casa? Mudou a estação. As roupas estão servindo? Estão lavadas e prontas para o uso? Todas essas coisas podem ser repartidas. E um dia serão. Mas, hoje, é improvável que sejam com- partilhadas na maioria das casas. E o que isso tem a ver com aleitamento materno, uma incumbên- cia que não pode ser dividida? A tarefa já traz uma responsabilidade em si mesma, mas, além disso, há uma pressão social para que as mulheres con- sigam fazer tudo com excelência, um conjunto de assuntos para gabaritar. E há, também, uma entre- ga afetiva para esta criança. A mãe, geralmente, é o porto-seguro do bebê. Em algumas crises, só o seu colo acalma ou faz adormecer. Essa mãe pode estar cansada, doente e até febril, mas vai dar um jeito de tranquilizar seu filho. É o que explica Ana Maria Wilbert de Souza, enfermeira especialista na orientação puerperal e aleitamento materno da Unimed Vale do Sinos. “Mulheres têm que dar conta de tudo. Da profissão que escolheram, da casa e da maternidade. Se tu não consegue trabalhar e dar conta do teu filho, tu não quer trabalhar. Se tu trabalha e contrata uma babá, ou se o bebê vai para a escolinha, a mãe está repassando a educação do filho para terceiros. A mãe é muito cobrada. Então, a gente tem que dar conta de tudo e ainda se sentir bem o tempo todo”, pondera Ana. Amamentar é um desafio sério e crítico na jor- nada dos primeiros dias e semanas na vida da nova mãe. Principalmente para aquelas que se prepara- ram com informações sobre o benefício extraor- dinário e inquestionável do leite materno. Querer acertar em um assunto tão fundamental para o de- senvolvimento do bebê pode exercer uma grande pressão, que se amplia pela interpretação de que, além de alimento, o ato de dar leite materno para o seu filho é a expressão máxima do amor que a mãe pode ter pela criança. “O leite materno é o melhor alimento para o teu filho. Ele vai deixar teu filho mais inteligente, ele tem aminoácidos que vão me- lhorar as sinapses entre os neurônios. Amãe produz anticorpos criados especificamente para proteger o bebê contra vírus e bactérias do ambiente em que eles vivem e essa proteção é transmitida pelo leite. É tudo de bom. Mas, quando se fala em amamen- tação, não há regras, é preciso conhecer e respeitar a história de cada uma. É preciso empoderar essa mãe, ela precisa saber que o leite é a melhor coisa, mas é preciso tirar a culpa” explica Ana. TENTAR E DESISTIR No Brasil, 67,7% das crianças mamam na primei- ra hora de vida e a duração média do aleitamento
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