REVISTA VIVA
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Aposentadas, Suely Miranda (página à esquerda) e Elza Santos (ao lado) resolveram
se dedicar ao trabalho voluntário motivadas pela esperança das pessoas que
passam por dificuldades.
atividades como capoeira, informática, dança de rua, educa-
ção musical, reforço escolar e também muitas brincadeiras",
detalhou. A Obra Social Gabriel Delanne atende crianças de
quatro meses até 16 anos. Até os cinco anos, as crianças ficam
em tempo integral na creche. Depois dessa idade, ficam no
contraturno, no período em que não estão na escola.
"
Oprojeto é importante para o bairro porque essas crianças,
no mínimo, estariam na rua durante o dia, pois muitas usam
esse espaço como lazer ou até moradia. Aqui tem que ter assi-
duidade na escola e bom comportamento. Todo dia eles têm
aula de valores humanos, responsabilidade e disciplina. Depois
que saem do projeto, muitos viram menores aprendizes ou
estão trabalhando, com responsabilidade", ressaltou.
Elza não queria ficar parada após a aposentadoria e aprovei-
tou para transformar em seu objetivo de vida uma das coisas
quemais gostava de fazer: ajudar as pessoas. "Emtodo trabalho
que você faz paraalguém, oprimeirobeneficiadoé vocêmesmo,
pois trabalha sua autoestima. O esforço para ajudar alguém
nunca será em vão."
PINTURA
Também foi após a aposentadoria que Suely Miranda Có, 66,
que é cliente Unimed Vitória, buscou o serviço voluntário, para
aproveitar seu tempo ajudando e dando esperança para outras
pessoas. Suely, que era professora de Artes, conta que ficou
apenas ummês de "férias" e logo depois começou a atuar na
área de isolamento do Hospital Infantil, dando aula de pintura
commolde vazado para as crianças, em 1998. Hoje ela atua na
Associação Capixaba Contra o Câncer Infantil (Acacci).
"
Quase não tinha voluntário noHospital Infantil na época e
umtempo depois o pessoal da Acacci conheceumeu trabalho e
me convidarampara atuar. Já fui até presidente da instituição.
Atualmente, dou aula de pintura em molde vazado para as
mães dos pacientes e para adolescentes. Tudo o que é feito é
vendido no bazar da Acacci."
Para Suely, participar de trabalhos voluntários e ter ativida-
des após a aposentadoria é importante por causa do contato
com outras pessoas, muitas delas com algum tipo de dificul-
dade, e também para ter metas e objetivos de vida. "Vejo que
não tenho problema nenhum. Mesmo aos 66 anos, eume sinto
produtiva e graças a eles eu tenho o que fazer."
Oquemaismotiva Suely a continuar atuando é a força e es-
perança que vê nas crianças e adolescentes. "Os pacientes têm
uma força tão grande que parece que ninguém está doente.
Temuma adolescente de 17 anos que por causa da doença - um
tumor no cérebro - já perdeu a visão de um olho e só tem 5%
da outra. Ela tem tanta determinação e esperança que pinta
muito bem e não suja o pano de tinta. Vejo que o trabalho
manual dá esperança para ela", finalizou Suely.
Na época do ano quemais evoca o espírito de solidariedade
e de boas ações, que é o Natal, os exemplos demonstram que
participar de trabalhos voluntários e ajudar outras pessoas é
importante para o idoso ter um objetivo de vida e para man-
ter contato social com interesses comuns. Isso porque a vida
produtiva não acaba coma aposentadoria, apenas é o início de
uma nova fase, repleta de atividades que tambémcontribuem
para manter a mente ativa.
"
Em todo trabalho que você faz para alguém, o
primeiro beneficiado é você mesmo... O esforço
para ajudar alguémnunca será em vão."
Elza da Silva Santos.