Voltar Palestras do 16º Seminário Femipa conta com representantes da Unimed Paraná

Palestras do 16º Seminário Femipa conta com representantes da Unimed Paraná

Texto: Assessoria de Imprensa - Unimed Paraná
        02 de abril, 2024

“Filantrópicos fortalecidos, população bem assistida”. Sob esse tema, a Femipa (Federação das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Beneficentes do Estado do Paraná) realizou seu 16º Seminário, entre os dias 19 e 21 de março, na Associação Médica do Paraná (AMP). Com correalização da Unimed Paraná, o evento abordou temas relacionados à gestão hospitalar, ataques cibernéticos, relacionamento com prestadores, entrega de valor, entre outros.


A abertura oficial do evento reuniu, na manhã do dia 20, autoridades e representantes de entidades de saúde nacionais e estaduais. O presidente da Femipa, Charles London, agradeceu a presença de todos os participantes, e reforçou que o Seminário Femipa é um evento feito por todos e para todos.

Na ocasião, o diretor de Saúde da Unimed Paraná, Faustino Garcia Alferez, ressaltou a importância do evento para a saúde suplementar, aprofundando o debate acerca de temas pertinentes ao setor. “Entregar o melhor resultado clínico ao menor custo possível implica, antes de qualquer coisa, uma assistência focada em excelência. O que envolve sinergia entre prestadores/profissionais de saúde em um esforço conjunto voltado ao objetivo comum na área: o paciente. Sua saúde, seus resultados, sua satisfação”, afirmou.

A mesa de abertura contou, ainda, com a presença do presidente da CMB (Confederação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos), Mirocles Véras; do presidente da AMP (Associação Médica do Paraná), José Macedo; da deputada estadual do Paraná Marcia Huçulak; do diretor-geral da SESA (Secretaria de Estado da Saúde), César Neves; Fabio, da secretaria municipal de Saúde de Curitiba, Beatriz Battistella Nadas; e André Luis Campitelli, vice-presidente do COSEMS-PR (Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Paraná).

Case de Remuneração Baseada em Valor

Com a evolução da Medicina, ocorreram mudanças significativas no campo da saúde. A forma de enxergar o que, de fato, era importante para a saúde do paciente, bem como para a sustentabilidade das instituições foi também sofrendo intercorrências após esses avanços, além de impactar também a maneira como os médicos são remunerados.

No segundo dia de seminário, dia 20 de março, o diretor de Saúde da Unimed Paraná, Faustino Garcia Alferez, palestrou durante o 16º Seminário Femipa, em Curitiba. Com o tema “Entrega de Valor: o relacionamento Hospital, Operadora e Paciente”, o diretor da Federação dividiu o painel com o presidente do grupo IAG Saúde e cofundador do DRG Brasil, Renato Couto, que falou sobre como os avanços na medicina a tornaram cada vez mais complexa, enquanto o modelo de compras e de remuneração não acompanhou essa evolução. Ele também levantou dados que abordam a metodologia DRG (Grupo de Diagnósticos do inglês – Diagnosis Related Groups), que quando utilizada pode melhorar atendimentos, gestão de saúde, assim como o modelo de remuneração dos profissionais da área médica.


Reforçando a metodologia, o diretor da Unimed Paraná apresentou o case da Unimed Federação do Paraná em parceria com a Unimed Vale do Iguaçu. Na Singular, tem sido aplicado o pagamento baseado em valor em um projeto implantado em conjunto com a prestadora APMI (Associação de Proteção a Maternidade e a Infância), na experiencia da Linha do Parto.


Durante sua explicação, Alferez apresentou de que maneira o Sistema Unimed tem colocado o paciente no centro do cuidado, mudando o foco do valor em saúde “visando a melhor experiência assistencial do paciente, o desfecho clínico de alta qualidade, o custo adequado em todo cuidado, com o foco na sustentabilidade do ecossistema de saúde, identificando a melhor remuneração por desfecho”, explica.


Na APMI, a linha de cuidado escolhida foi a do parto, que abrange desde o pré-natal, parto e pós parto. Os indicadores definidos entre o prestador e os cooperados foram diversos, como a proporção de partos cesáreos, a taxa de consultas realizadas com obstetra, a taxa de mortalidade materna e infantil, a taxa de reinternação, entre outros.


O projeto iniciou em três fases: na implantação e mensuração de indicadores, na bonificação da equipe médica, e no compartilhamento da economia com o prestador. De acordo com o diretor, já foram mensurados 10 indicadores, sendo 5 atingidos. “Foram percebidos ganhos imediatos ao prestador, como a sensibilização da equipe médica, a redução do desperdício de mão-de-obra e de recursos não reembolsáveis, aumento da capacidade de produção, consultoria gratuita para implantação de novos modelos de remuneração, adesão dos cooperados, além de marketing para a busca de novos pacientes”, afirma.


Entre os resultados obtidos entre 2022 (ano em que foi implantado o projeto-piloto) e 2023, estão a redução de 146% no excesso de diárias, 69% no excesso de diárias e diminuição de 75% nas condições adquiridas na linha de cuidado.


Outro ponto apresentado pelo diretor de Saúde da Unimed Paraná foi o investimento que a instituição tem feito em novas tecnologias para a integração dos setores e para a melhora no fluxo de informações e processos, como é o caso do projeto Integra e a aplicação da metodologia DRG.


Além dos resultados conquistados no prestador e na cooperativa, em 2023, o projeto de remuneração baseada em valor da Unimed Paraná foi selecionado pelo 2º edital de participação no Projeto de Modelos de Remuneração Baseados em Valor da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

 

Regulação e reformas estruturais

Já no terceiro dia, a gerente de Intercâmbio e Rede Prestadora da Federação, Amanda Diniz, participou do painel “Os setores hospitalar e suplementar precisam de reformas estruturais e de regulação — acesso ao paciente, remuneração e entrega de valor”, em que explicitou os esforços das Unimeds paranaenses em direção à maior qualidade assistencial e sustentabilidade da saúde suplementar.

O painel foi moderado por André Luiz da Silva Teixeira, 2º vice-presidente da Femipa, e contou com as falas de Marcos Paulo Novais Silva, superintendente executivo da Abramge (Associação Brasileira de Planos de Saúde), e Lucas Miglioli, sócio-fundador do escritório M3BS Advogados.


Na ocasião, os palestrantes ressaltaram o tamanho do desafio enfrentado pelo setor de saúde suplementar. Silva destacou que, entre as mais de 600 operadoras de saúde em atividade no país, 90% são de pequeno porte e 379 faturam menos de R$ 7 milhões mensais — valor insuficiente para cobrir uma única aplicação do medicamento mais caro incorporado à cobertura dos planos. Outros obstáculos à sustentabilidade do sistema foram citados por Miglioli, incluindo o alto custo de medicamentos e terapias avançadas, o aumento constante das demandas judiciais e as altas taxas de desperdícios e fraudes, que contribuem para prejuízos operacionais do setor — que, por sua vez, afetam outros atores do mercado de saúde, como os hospitais conveniados.


Entre os esforços do Sistema Unimed Paranaense para aumentar a eficiência operacional e a qualidade do atendimento, Amanda citou o Programa Segurança em Alta, implementado há mais de 10 anos no estado, com o objetivo de disseminar boas práticas assistenciais e garantir a segurança do paciente. “Percebemos que, quando um hospital está mais alinhado às melhores práticas assistenciais, isso reduz o custo dos procedimentos, visto que há uma conscientização no sentido do que é mais efetivo no tratamento de determinado beneficiário”, relata.


O investimento em Recursos Próprios também foi apresentado como iniciativa do Sistema. Entre 2015 e 2022, houve um salto de 14 para 60 unidades próprias no estado. Entre elas, 9 hospitais, que entregam mais de 450 leitos a beneficiários do sistema. A rede própria também permite uma gestão mais eficaz dos investimentos, contribuindo para a saúde financeira e aumentando a transparência entre os parceiros.


Amanda cita, ainda, o investimento em novos modelos de remuneração como uma das principais apostas para a sustentabilidade do sistema. Hoje, o formato dominante é o de remuneração por serviço, que recompensa a quantidade — e não qualidade — do atendimento. O modelo visado pelo Sistema Unimed Paranaense é o da remuneração por performance ou desempenho, conforme os princípios da saúde baseada em valor.


Entre seus benefícios, o modelo de remuneração baseado em valor reduz o risco de eventos adversos, permite a mensuração dos custos de diferentes desfechos assistenciais, cria centros de referência e remunera investimentos em qualidade, educação e acompanhamento ao paciente. Também permite a mensuração dos custos de diferentes desfechos assistenciais e a redução do desperdício, com a economia compartilhada entre prestador e fonte pagadora ajudando na sustentabilidade de todo o sistema.

São iniciativas relevantes, que precisarão de ainda mais investimento nos próximos anos. “As mudanças que tivemos nos últimos 5 anos não aconteceram nos 40 anos de saúde suplementar, mas não podemos ficar parados. Precisamos pensar qual vai ser o comportamento das nossas instituições frente a essa mudança que não tem volta”, diz Amanda, que finaliza: “Vamos sofrer na crise ou aproveitar nossas oportunidades?”