RCC da Unimed Cascavel treina equipes para dar notícias difíceis a pacientes e familiares

        13 de maio, 2019

A morte de um paciente ou mesmo a confirmação de um diagnóstico grave são situações que fazem parte da área complicada da rotina médica. Nessa hora, como encontrar o equilíbrio entre o profissionalismo e a humanização do atendimento? “Comunicação Difícil em Saúde” foi o tema do segundo módulo do curso que forma profissionais para atuar na Rede de Cuidados Continuados da Unimed Cascavel. Nos dias 10 e 11 de maio, cerca de 40 profissionais de várias áreas da saúde estiveram na Univel para conhecerem técnicas de empatia para dar notícias difíceis a pacientes e familiares.

A hematologista Meide Urnau trabalha com pacientes com câncer, mas acredita que as técnicas de comunicação difícil devem se estender para todas as áreas da Medicina. “Eu trabalho em uma área em que diariamente temos que dar notícias difíceis. Este curso me ajuda a tornar menos complicados tais momentos. Eu faço terapia para ter estrutura para lidar com isso, mas percebo que ainda é delicado mergulhar na parte mais profunda do nosso inconsciente para lidar com esse assunto e ficar bem comigo mesma, já que, para cuidar bem de alguém, você tem que estar bem também”, revela.

Desde dezembro de 2018 a Unimed busca uma transformação em seus atendimentos. Desde então, uma série de etapas foram colocadas em prática para sensibilizar e treinar as equipes de saúde que vão lidar com quem foi diagnosticado com alguma doença incurável. Trata-se da humanização para o cuidado total desses pacientes. Todo esse processo vem sendo conduzido pelo geriatra Douglas Crispim, do Hospital das Clínicas da USP. Ele tem vindo a Cascavel para ministrar os módulos. “Eu tenho me surpreendido com o envolvimento acima da média dessa turma da Unimed Cascavel. Neste módulo, tocamos no emocional. A gente quer ajudar as pessoas a lidarem melhor com as próprias questões para facilitar quando elas precisam trabalhar com as questões das outras. Existe uma questão que é pouco discutida, que é o estresse do cuidador profissional formal. Nós estamos formando pessoas para trabalhar em ambientes e situações de super-hostilidade, ou seja, somente situações difíceis, de morte, de pessoas com sintomas graves, de familiares que estão passando por um sofrimento muito forte. Por isso é importante a gente trabalhar o autocuidado do profissional para que ele tenha as ferramentas e reúna as condições necessárias para cuidar do outro”, explicou Crispim.

A importância sobre os cuidados paliativos abre um novo leque para a Medicina, independentemente da idade dos pacientes. Carmem Fiori é oncopediatra da Unimed Cascavel e se surpreendeu com a maneira humana dedicada às pessoas com quadros crônicos de saúde. “O cuidado paliativo pode ajudar muito esses pacientes. Aqui neste curso a gente percebe como essas equipes bem treinadas estarão prontas para tratar os pacientes por meio desse suporte não só profissional, mas também espiritual”, elogiou.

O segundo módulo do curso da RCC teve ainda a presença do psicólogo que atua na Rede de Cuidados Continuados que já está em prática na Unimed de Presidente Prudente, no interior de São Paulo. “Eu trabalho com o luto da família, com o estresse do cuidador e, agora, a gente também está começando a fazer um trabalho piloto para acolhimento e orientação voltado às famílias de pacientes com demência. A gente tem percebido que esse trabalho está mudando até mesmo a cultura dentro do hospital em relação à aceitação da presença do profissional da Psicologia e da importância do cuidado paliativo. Temos tido experiências muito boas e de muito vínculo com as famílias dos pacientes,” resume Elson R. Medeiros Junior.

A previsão é de que a RCC da Unimed Cascavel seja colocada em prática no início de 2020.

Cuidado em toda a linha da vida. Esse é o plano.