Aumento de 11,8% nos casos reforça necessidade de falar sobre suicídio e saúde mental - Unimed Cerrado

Aumento de 11,8% nos casos reforça necessidade de falar sobre suicídio e saúde mental

Brasil é considerado o país com maior número de casos de transtorno de ansiedade patológicos no mundo
        28 de setembro, 2023



A população brasileira está adoecida, mas os sinais disso podem não ser tão visíveis quanto o esperado. Isso porque se trata de um adoecimento mental. De 2021 para 2022, o número de suicídios no Brasil aumentou 11,8% segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Além disso, a Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta que o País tem a população com maior prevalência de transtornos de ansiedade no mundo, com 9,3% das pessoas sofrendo de forma patológica.

Para a psicóloga Suzane Aryel, a difusão de informação sobre transtornos mentais e suicídio em geral são fundamentais para conter esse quadro trágico. “É importante falarmos sobre o tema para as pessoas se conscientizarem e para serem empáticas. Quando aprendemos a manifestar essa empatia em nossa fala podemos ajudar alguém que sofre com esses problemas”, pontua.

 

É necessário falar sobre o assunto


A psicóloga conta que a campanha de Setembro Amarelo, por exemplo, foi inspirada na morte do jovem Mike Emme, que tirou a própria vida aos 17 anos de idade. Ocorrido nos Estados Unidos em 1994, o caso abalou familiares e amigos especialmente pela ausência de sinais. Considerado um jovem cheio de vida, Mike havia se dedicado à restauração de um Mustang, que pintou de amarelo. A cor foi usada em fitas com mensagens motivacionais e de encorajamento para buscar ajuda de psicólogos e psiquiatras. Elas foram distribuídas no sepultamento do jovem e o amarelo se tornou símbolo de conscientização.

Embora o caso de Mike seja emblemático, a psicóloga Suzane Aryel explica que a maioria das pessoas que têm pensamentos suicidas ou chegam a atentar contra a própria vida apresentam sinais prévios. “Apenas 3% das pessoas sem nenhum transtorno mental cometem suicídio. Entre os principais motivos hoje, chegando a 36% dos casos, estão os transtornos de humor como a depressão, por exemplo. E ela é só um dos fatores”, afirma.

Sendo assim, a especialista reforça a importância de acabar com o tabu que ainda cerca o debate sobre saúde mental para facilitar o acesso à informação e promover a conscientização. Para ela, saber sobre o assunto e desenvolver o senso de empatia é fundamental. “O ato de tirar a própria vida não escolhe cor de pele, posição social, gênero ou idade. Por isso é importante falarmos sobre o tema para as pessoas se conscientizarem e também para serem empáticas”, argumenta.

 

Sinais importantes


Tendo em vista que a maioria das pessoas com risco de cometer suicídio dão algum tipo de indício, é importante que amigos e familiares estejam sempre atentos. De acordo com a psicóloga, mudanças de comportamento como o afastamento de pessoas próximas e o embotamento afetivo são sinais de alerta.

Contudo, a forma como oferecemos ajuda também deve ser cuidadosa. Como ela esclarece, o indivíduo que tem pensamentos suicidas não vai tocar no assunto, então cabe à família e amigos iniciarem a conversa com empatia. Ela reforça ainda que evitar o tema por acreditar que ele pode servir de encorajamento é um erro.

“Se a pessoa já tem pensamentos suicidas, a falta de falar sobre o assunto não vai desfazer essa tendência. Outro ponto importante é que elas precisam de falas de estímulo otimistas. Falas como “você não pode pensar desse jeito” ou “você é muito novo(a) pra pensar desse jeito” não vão ajudar. Ela precisa de um ouvido empático que diga algo como “eu imagino o que você está passando”, “acredito que deve estar sendo muito difícil” e, principalmente, “eu estou aqui”. Essa é a parte mais importante, reforçar que existem pessoas que se importam com ela”, completa.

Por fim, esse suporte deve servir para encorajar a pessoa a buscar informação e, acima de tudo, ajuda de psicólogos ou psiquiatras para lidar com a raiz do problema de forma gradativa.

 

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