Voltar Check-up e pandemia: a importância de manter os cuidados com a saúde

Check-up e pandemia: a importância de manter os cuidados com a saúde

        08 de novembro, 2021

Saúde não é apenas ausência de doença. A afirmação está relacionada ao conceito preconizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que afirma: “saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a mera ausência de doença ou enfermidade”. O conceito já parecia um tanto utópico antes da covid-19, mas e agora? É possível se manter saudável em tempos de pandemia?

Asdrubal César da Cunha Russo, médico especialista em Medicina de Família e cooperado da Unimed Chapecó

 

O medo do contágio pela covid-19 mudou drasticamente a rotina das pessoas. Nunca se falou tanto sobre os cuidados com a saúde física e mental ou imunidade. Por outro lado, na prática, o que se observa é uma outra realidade.  

Segundo dados das empresas associadas à Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), houve uma queda de 46,4% na quantidade de mamografias realizadas no Brasil, nos meses de março a agosto de 2020, comparado ao mesmo período do ano anterior – importante frisar que as associadas à Abramed representam 56% do total de exames realizados na saúde suplementar. O cenário do Sistema Único de Saúde (SUS) é igualmente preocupante. Na rede pública, a queda foi de 27% – entre janeiro e junho de 2019 foram realizados 180.093 exames na rede pública. No mesmo período de 2020, a quantidade de exames caiu para 131.617, segundo a Abramed.

Principal motivo? Medo de contrair covid-19. Esta foi a principal justificativa das entrevistadas em pesquisa recente realizada pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE), com 1.400 mulheres. E mais, 73% delas, presentes no grupo de risco, afirmaram que estão esperando a pandemia passar para retomar suas consultas e exames de rotina.

Um levantamento realizado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), mostrou que houve um aumento de 31,8% de óbitos em domicílio por doenças cardiovasculares, incluindo Acidente Vascular Cerebral (AVC), no período de março a junho de 2020, quando comparado ao mesmo período do ano anterior.

Os números representam apenas uma parte do impacto da pandemia na medicina diagnóstica do País. O setor previa a realização de mais de 480 milhões de exames no primeiro semestre de 2020 e foram realizados 353 milhões. Uma queda de mais de 36%, de acordo com a Abramed.

Neste cenário, é possível observar que o medo da covid-19 supera a preocupação com outros tipos de doenças. A maioria das pessoas opta por adiar ou cancelar consultas e exames de rotina, o que pode causar sérias complicações.

ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE E MEDICINA DA FAMÍLIA: O MOMENTO CERTO É AGORA

A Atenção Primária à Saúde (APS) é o primeiro nível de atenção em saúde. Ela é como o saneamento. Todo mundo gosta de ver a sua rua asfaltada, mas o que faz diferença na saúde das pessoas é o que está “embaixo do asfalto”. É o cano de água e de saneamento básico.

É mais ou menos a mesma relação com a Medicina da Família e a Atenção à Saúde Primária. Não aparece tanto, mas faz uma diferença enorme em toda a sociedade, pois atua na prevenção, promoção e cura.

O adiamento ou cancelamento de check-ups e exames de rotina pode ter consequências irreversíveis. Diagnósticos tardios em doenças como o câncer, por exemplo, podem ser fatais, enquanto um diagnóstico precoce aumenta as chances de cura em até 95%.

Doenças crônicas como câncer, hipertensão, diabetes, colesterol, osteoporose e outras, precisam de diagnóstico e tratamento constante. Elas não param de avançar em meio a pandemia.

O que se observa no Brasil é um aumento nos casos de doenças crônicas em virtude do envelhecimento da população. E o atendimento primário a saúde é um fator que pode melhorar estes indicadores, pois sua atuação não está somente no tratamento, mas sim na prevenção.

O médico da família não observa somente o indivíduo, mas também onde está inserido. Ele tem uma visão da responsabilidade sanitária sobre uma população e observa se há determinantes de saúde e doença, que podem afetar aquela comunidade.

Atuar na prevenção de doenças é tão importante quanto atuar na cura. Por isso, procure um médico para acompanhá-lo e faça seus exames de rotina. Se não for possível fazer tudo de forma presencial, use a tecnologia a seu favor.

COMO A TELEMEDICINA PODE AJUDAR?

Embora hospitais, clínicas e laboratórios tenham adotado uma série de medidas de segurança para conter a contaminação pela covid-19, é compreensível que algumas pessoas ainda não se sintam confortáveis em frequentar estes ambientes.

Uma boa alternativa, é procurar ajuda por meio da telemedicina. Em abril de 2020, foi sancionada a lei nº 13.989/20, que permite o uso de telemedicina no Brasil, pelo menos durante a pandemia. Ela tem se mostrado eficaz para que as pessoas mantenham suas rotinas de consultas e exames.

Com ajuda da tecnologia e dos cuidados necessários, é possível sim manter sua saúde em dia, mesmo em tempos de pandemia. Por meio de uma consulta on-line e horário agendado em laboratórios e clínicas de diagnóstico por imagem, você pode fazer um check-up de qualidade, visitando apenas um ou dois lugares e sem aglomeração.

Não espere a pandemia passar para cuidar da sua saúde.