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Lives CNU: convidados debatem saúde mental em todas as idades

Lives CNU: convidados debatem saúde mental em todas as idades

‘Inspire, Respire, Não pire’ foi tema de encontro com especialistas

Lives CNU: convidados debatem saúde mental em todas as idades

‘Inspire, Respire, Não pire’ foi tema de encontro com especialistas

25 Setembro 2020

A preocupação com a saúde mental de crianças, jovens, adultos e idosos, neste momento de pandemia, foi o foco central da live desta semana da série “Conectados pela Saúde”, promovido pela Central Nacional Unimed. O tema também foi escolhido como parte da mobilização do “Setembro Amarelo”, mês de prevenção ao suicídio.

O encontro, mediado pelo jornalista Fernando Rocha, teve a presença do médico de família Hélio Pereira, da Clínica Personal da CNU em São Paulo; da jornalista e psicóloga Camila Tuchlinski; e da psicanalista e educadora Elisama Santos, autora dos livros "Educação não Violenta" e "Por que gritamos".

“A ansiedade e o medo não são necessariamente ruins, mas é preciso ter controle sobre eles. Seu tenho só coragem, talvez eu não faça as melhores escolhas para manter minha integridade física e das outras pessoas. Mas é importante ter esse controle, para que esses sentimentos não me paralisem”, destacou Pereira.

Para o profissional de Saúde, os pequenos sofrem mais com a necessidade do distanciamento social, pois não têm capacidade de entender a situação como os adultos. Segundo ele, perder o convívio social com amigos, familiares, colegas de escola e professores, trará algumas perdas no desenvolvimento deles.

“Praticar atividades parentais que são positivas e ter empatia com as crianças é essencial. Nós mesmos, não conseguimos praticar tanto paciência, imagine elas. Dar oportunidade de comunicação para que os filhos se expressem. Estabelecer estratégias únicas para seu grupo familiar e nunca desistir de buscar melhores soluções”, enfatizou o médico.

Choro preso x Gritos

Palestrante com milhões de livros vendidos e idealizadora de cursos para auxiliar famílias a lidar com a criação dos filhos, Elisama lembrou que a forma como os adultos lidam com as crianças, revela o que se passa dentro deles mesmos. Ressaltou, ainda, que todos estão passando por algum tipo de luto, seja a perda de alguém próximo, ou do adiamento de sonhos, projetos, viagens e perspectivas.

“Crescemos escutando que não podemos ter sentimentos ruins e não somos ensinados a reconhecer tais sentimentos, que apontam para as nossas necessidades. Quantas coisas vimos se esvair pelos nossos dedos? Estamos com os sentimentos mais aflorados. Para prevenir o meu grito na relação com a criança, eu tenho que olhar para dentro de mim. Somos uma sociedade que sofre de choro preso. Aí não tem jeito, vai sair grito”, disse.

E os adolescentes?

Outro grupo muito afetado emocionalmente neste período de pandemia, segundo a autora, são os adolescentes. Afinal, é um período que os pais têm dificuldade de aproximar-se dos filhos, descobrindo seu lugar na sociedade junto aos amigos. Com o isolamento imposto pelos órgãos de saúde no enfrentamento ao novo coronavírus, presos em casa, eles precisam de atenção, mas sem “invasão”.

“É um momento muito difícil para ser adolescente. Muitas vezes, nos desconectamos dos nossos filhos adolescentes. Quando são crianças, sabemos todos os nomes e músicas dos personagens que gostam. Aí, eles crescem e não fazemos mais esse esforço e espera que o adolescente caminhe até você. Será que ficar trancado dentro do quarto é saudável? Não tenho o direito de invadir, mas de conversar”, afirmou Elisama Santos.

Conflito de gerações

Para Camila Tuchlinski, a forma como os adultos de hoje lidam com os relacionamentos revela uma “bagagem” trazida da própria infância. Dessa forma, perde-se o controle das emoções e têm dificuldade de lidar com tristeza, mágoa, ansiedade, depressão, entre outras questões. A psicóloga, inclusive, compartilhou um ponto crucial que diferencia a criação de diferentes gerações.

“A minha geração foi ensinada a não chorar. Falava-se muito: ‘Menino, engole esse choro!’. Esse menino, hoje adulto, não se permite chorar. Décadas depois, sofre as consequências desses sentimentos reprimidos. Quando choramos e gritamos na vida adulta é como se a nossa criança interior viesse à tona. Como o adulto vai acolher o próprio filho, se ele mesmo não consegue lidar com as próprias emoções?”, ponderou.

Empatia e escuta

Durante a transmissão, os convidados também falaram sobre a importância de ter um olhar especial no cuidado com os idosos; os transtornos que podem surgir como gatilho do confinamento; e a importância de não ignorar sinais de depressão/ansiedade que podem aumentar o risco de alguém cometer suicídio. “Nosso papel é acolher essa pessoa, ouvir mais e falar menos”, enfatizou Camila.

Em concordância com a psicóloga, Elisama Santos citou um trecho de uma famosa e impactante frase do educador, pianista e psicanalista Rubem Alves: “A gente ama não é a pessoa que fala bonito. É a pessoa que escuta bonito. A fala só é bonita quando ela nasce de uma longa e silenciosa escuta. É na escuta que o amor começa. E é na não escuta que ele termina”.

Live disponível

Perdeu a transmissão ao vivo de “Inspire, Respire, Não pire - Controle Emocional na Pandemia”, quer compartilhar, ou assistir novamente? Acesse a programação completa no site “Lives CNU” e todos os vídeos no canal da Central Nacional Unimed no YouTube.