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Entrevista: Saúde Óssea

Entrevista: Saúde Óssea

Dra. Cristiane Pissolati traz principais informações sobre o assunto

Entrevista: Saúde Óssea

Dra. Cristiane Pissolati traz principais informações sobre o assunto

21 Dezembro 2018

É fato que a expectativa de vida tem aumentado em diversos países. Essa notícia é muito boa mas também leva a algumas consequências, como o aumento da ocorrência de fraturas causadas pela osteoporose. Estima-se que esse tipo de fratura ocorra a cada três segundos no mundo. Outro dado que merece atenção é que após os 50 anos de idade 1 em cada 3 mulheres e 1 em cada 5 homens podem sofrer pelo menos uma fratura nos anos seguintes de vida.

Em uma entrevista super-especial a médica ortopedista da Unimed, Dr. Cristiane Pissolati, tirou dúvidas, esclareceu mitos e alertou sobre as melhores formas para cuidar da saúde dos ossos. Confira a entrevista:

Unimed: O que é a Osteoporose?

Dra. Cristiane:  É uma doença que deixa os ossos frascos e porosos, o que aumenta o risco de fraturas.

Unimed: Existem sintomas específicos da osteoporose?

Dra. Cristiane: Não. É uma doença silenciosa, não apresenta sintomas e o diagnóstico é feito, na maioria das vezes, após a ocorrência da primeira fratura.

Unimed: Como já foi abordado anteriormente, dados da Organização Mundial de Saúde apontam que 50% das mulheres e 20% dos homens com idade igual ou superior a 50 anos podem ter fraturas devido à osteoporose ao longo da sua vida. Explique um pouco para o leitor sobre o que é essa fratura e como ela pode acontecer.

Dra. Cristiane: A estrutura do nosso esqueleto vive em constante renovação. A cada três meses, 10% do nosso esqueleto é substituído. Nós temos dois tipos de células no osso: os osteoclastos e os osteoblastos. Os osteoclastos promovem a absorção dos minerais, eliminando as áreas de tecido ósseo e criando cavidades. Os osteoblastos, por sua vez, são encarregados de preencher essas cavidades produzindo um osso novo. Quando ocorre um desequilíbrio entre a célula de absorção e a célula de regeneração o osso fica frágil e é quando podem ocorrer as fraturas.

Unimed: Existem fatores de risco para o aparecimento da osteoporose?

Dra. Cristiane: Sim. As pessoas devem ficar atentas a algumas situações que chamamos fatores de risco, predisposição genética. Pai ou mãe com fratura de quadril, a raça branca, as pessoas mais baixas e muito magras. Além de:

O envelhecimento: mulheres acima de 50 anos e homens acima de 70 anos, quando ocorre a baixa dos hormônios sexuais que protegem os ossos.
Dieta pobre em cálcio: o cálcio é imprescindível para a renovação óssea. O ideal é 1.000 miligramas por dia, o equivalente a quatro porções lácteas. Embora outros alimentos também tenham um alto teor de cálcio, como o brócolis e folhas verdes escuras, o nutriente é mais abundante no leite e nos derivados.
O sedentarismo: O exercício causa um atrito entre o músculo e o osso, que transmite ao esqueleto a mensagem de que ele precisa aumentar a própria massa para resistir ao impacto. Além disso, o exercício ajuda na absorção do cálcio pelo organismo. E a prática da atividade física é uma das medidas mais eficazes na prevenção da osteoporose. Os exercícios de impacto estimulam a formação óssea até os 20 anos de idade. Então, na verdade, a prevenção é feita até os 20 anos de idade e mantém a massa óssea até essa idade. Esses exercícios são imprescindíveis para a saúde óssea, além de aumentar a massa muscular, que aumenta a força e diminui as quedas.
O abuso do álcool: O excesso do álcool interfere no balanceamento do cálcio e na produção da vitamina D, altera os níveis hormonais sexuais, sendo aqueles que protegem os ossos e alteram o equilíbrio, causando maiores riscos de queda.
O tabagismo: Quem fuma altera a microcirculação óssea de maneira definitiva. Observa-se que fumantes bebem mais, se exercitam menos e têm dietas alimentares pobres. Mulheres que fumam também tendem a entrar na menopausa mais cedo.
A menopausa: Porque ela é importante? O estrogênio é um hormônio importante para o osso, pois ele é um dos principais responsáveis pela formação do osso novo e pela fixação do cálcio nos ossos. Por essa razão, no início da menopausa os ossos ficam mais frágeis.
Uso crônico de alguns medicamentos: Como os corticoides, anticonvulsivantes, anticoagulantes e os inibidores de bomba de prótons, por exemplo.  
Doenças sistêmicas: Como o diabetes, as disfunções da tireoide e as cirurgias bariátricas.

 

Unimed: Quais são os hábitos que podemos adotar para prevenir a osteoporose e também outras doenças ligadas aos nossos ossos?

Dra. Cristiane: Atividade física, ingerir quatro porções lácteas por dia, em horários diferentes, como por exemplo quatro copos de leite, um copo de leite, uma fatia de queijo, um requeijão, mas sempre em horários diferentes. Porque quando comemos um alimento com cálcio, nós absorvemos um tanto e o resto é eliminado. Então devemos fazer isso em horários diferentes para que tenhamos uma boa absorção do cálcio. E tomar sol.

Unimed: Vamos conversar sobre tratamento e cura da osteoporose. O que já existe disponível no mercado?

Dr. Cristiane Pissolati: A osteoporose é uma doença crônica e não tem cura. O objetivo do tratamento é retardar ou interromper a perda óssea e prevenir as fraturas. A escolha do tratamento medicamentoso irá depender da causa da osteoporose, é um tratamento individualizado. Existem medicamentos semanais, mensais, anuais, sendo necessário uma avaliação para saber qual é o melhor para cada pessoa.

Unimed: Agora um jogo sobre mito ou verdade.

1. Tomar leite deixa os ossos mais fortes?

Dra. Cristiane: Sim, muito. É a principal fonte de cálcio.

2.  O leite tem que ser desnatado, semidesnatado, integral ou existe uma preferência?

Dra. Cristiane: Não importa. O leite sempre vai ter a mesma quantidade de cálcio.

3.  Consumir casca de ovo ajuda na saúde óssea?

Dra. Cristiane: Também é uma fonte de cálcio barata, mas o cálcio que é melhor absorvido pelo organismo é o ligado à proteína animal, o leite de vaca.

4.  O sol, com moderação, é realmente um aliado para a saúde óssea?

Dra. Cristiane: Com certeza. 15 minutos de exposição solar nos braços e nas pernas, por dia, nos horários de 10h e 15h, são os melhores horários para a produção da vitamina D. Sempre com o filtro solar no rosto e no corpo.

5.  É verdade que quem tem osteoporose não pode praticar atividade física?

Dra. Cristiane: Mito. Quem tem deve praticar atividades físicas que causem tensão muscular, como as de musculação ou as de impacto como andar, correr, dançar. 

Unimed: Nós aprendemos hoje novas formas de cuidar da saúde óssea e vamos encerrar com um espaço para as suas considerações finais. Lembrando aos leitores que qualquer dúvida, qualquer necessidade, procure um médico.

Dra. Cristiane:  O que eu acho mais importante e temos que ficar atentos é que a prevenção da osteoporose é feita até os 20 anos de idade. Então quem tem criança em casa, tem que incentivar que ela pratique esportes de impacto até os 20 anos de idade, tenha uma alimentação rica em cálcio e tome sol.

O Unimed: Muito obrigada pela conversa; com certeza aprendemos muitas formas para se viver melhor.

Dra. Cristiane: Eu que agradeço pelo convite.

 

 

 

 

 

 

 

Dra. Cristiane Pissolati


Unimed Barbacena