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Doação de órgãos, doação de vida

 

 

Meu Nome é Charles Wurzel, sou médico clínico geral e nefrologista, responsável pela Unidade de Diálise do Hospital São João Batista de Nova Prata.

Em setembro temos o Mês da Sensibilização à Doação de Órgãos, sendo o dia 27/9 o Dia Nacional da Doação de Órgãos. O objetivo é sensibilizar e orientar a população brasileira quanto a doação de órgãos e tecidos, principalmente os familiares, que detêm a palavra final nesta atitude. Podemos doar vários órgãos e tecidos: coração, válvulas cardíacas, fígado, pulmão, ossos, medula óssea, rim, pâncreas, córneas e pele. Ou seja, muitas vidas podem ser salvas com esta atitude!

Para a doação de órgãos existe a necessidade da vontade do doador (que deve ser comunicada à família), ser maior de 18 anos e estar bem de saúde - sendo que determinadas situações impedem a doação como doenças infecciosas, HIV, hepatites B e C, Doenças de Chagas, entre outras. Hoje em dia, mesmo órgãos de pacientes com algumas doenças infecciosas podem ser transplantadas em pacientes com a mesma patologia, pacientes com doenças degenerativas crônicas (ou com tumores malignos) e pacientes que tenham sepse (ou insuficiência de múltiplos órgãos). O doador poderá ser uma pessoa falecida, desde que comprovada a morte encefálica como manda a lei. Também pode ser um doador vivo, sendo este avaliado antes por uma equipe médica para ver se reúne condições clínicas para tal doação, sendo fator primordial a compatibilidade sanguínea na imensa maioria dos casos bem como outros estudos imunológicos.

Infelizmente, ainda vivemos uma situação de baixa doação de órgãos em comparação com outros países, fator agravado nos dois últimos anos pela pandemia. Estudo da Unifesp identificou três fatores que pesam bastante na recusa pela doação de órgãos, não só no Brasil como no mundo: incompreensão da morte encefálica, falta de preparo da equipe para fazer a comunicação da morte e a religião.  A morte encefálica acontece quando há perda irreversível das funções que mantêm a vida, como a perda da consciência e da capacidade de respirar. É então realizado, no paciente elegível, um   exame que mostra a ausência de fluxo cerebral e atividade elétrica, sendo avaliado por médicos fora da equipe de transplante.

Temos o maior sistema público de transplantes do mundo, na qual 95% dos procedimentos e cirurgias são realizados com recursos públicos, com equipes e hospitais bem estruturados. Como falado anteriormente, tivemos uma importante queda no número de doações em 2021, de cerca de 26%, sendo os procedimentos mais afetados os de pulmão (62%), rim (34%), coração (34%) e fígado (28%). Voltamos ao patamar de 2017 quando tínhamos 15 doadores por milhão sendo a projeção esperada para 2020 de 20 doadores por milhão.

O importante, não somente neste mês, mas ao longo de todo o ano, é estarmos cientes que um pequeno gesto nosso e da família pode mudar sensivelmente a vida de várias pessoas que hoje estão condenadas a uma vida de sacrifícios - muitas vezes frequentando clínicas de diálise 3x por semana, por exemplo.

    Torne-se um doador e comunique sua família desta decisão!