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Recado às atuais e
às futuras gestantes
omomento é delicado para
gestantes e paramulheres que pre-
tendem engravidar. Elas estão muito assustadas – e têm razão para tal
preocupação - com o aumento dos casos de infecção pelo Zika vírus,
transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, também responsável pela
dengue, pela febre Chikungunya e pela Síndrome Guillain-Barré.
O maior medo é a microcefalia, doença em que a cabeça e o cére-
bro do bebê são menores do que o normal, com prejuízo para o seu
desenvolvimento. A Guillain-Barré também é grave, pois provoca de
fraqueza dos membros à paralisia das pernas.
O ideal seria deter a proliferação do mosquito, com saneamento
básico e com eliminação de seus criadouros naturais (pneus, latas,
tanques, vasos e outros locais com água parada). Mas esse combate
não tem sido eficaz e não há vacina para essas doenças, logo, temos
que evitar a picada do Aedes aegypti. Todas as pessoas, mas, prin-
cipalmente, as gestantes, têm que usar repelentes e cobrir a maior
parte do corpo, mesmo com altas temperaturas.
Grávidas devem verificar nas embalagens desses produtos informa-
ções sobre o uso na gravidez. Repelentes naturais não são indicados
por não haver comprovação científica do seu efeito.
Um problema adicional é que há muita semelhança entre os sinto-
mas da dengue, da Chikungunya e da Zika: febre, dores de cabeça e nas
articulações, náuseas e manchas avermelhadas. A pessoa deve ir ime-
diatamente ao médico ou ao pronto-socorro se tiver esses sintomas.
Não há tratamento específico para essas moléstias, somente o
combate a algumas de suas consequências, com antitérmicos contra
febre e muita água para hidratação.
Recentemente, o Centro de Controle de Doenças dos Estados
Unidos recomendou o uso de camisinha nas relações sexuais, pois
há suspeitas de que o contágio também pode ocorrer dessa forma.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos
recomendou que as mulheres que vivam em, ou que visitem, re-
giões expostas ao vírus tenham acesso a métodos contraceptivos.
Também defendeu a descriminalização do aborto quando houver
suspeita de microcefalia.
No Brasil, a interrupção da gravidez só é legal diante de risco de vida
para a mulher, se a gravidez decorrer de estupro e em casos de anen-
cefalia (feto sem cérebro).
Sugiro às mulheres que planejem engravidar uma boa conversa
com seus obstetras para entender melhor essas doenças e seus riscos
tanto para elas quanto para os futuros filhos. Às gestantes, aconselho,
além da prevenção, que não se desesperem com antecedência, pois
isso também será prejudicial ao bebê. A informação é o principal
aliado para enfrentar o mosquito e as doenças associadas a ele.
Francisco Pilla
, diretor
administrativo e financeiro
da Central Nacional Unimed,
ginecologista e obstetra
março 2016
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