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REVISTA VIVA

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REVISTA VIVA: Como podemos desenvolver essa ha-

bilidade quando crianças e também quando adultos?

Lúcia Borjaille:

A criança é sempre criativa, mas ela pre-

cisa de estímulo de várias fontes. Atualmente as mídias

sociais ajudam, pois muitas vezes os pais ficam pouco

tempo em casa, mas a criança tem um tempo em que

pode ser criativa. Os pais saem de manhã, mas à noite

eles devem estimular a criatividade dela, perguntan-

do, por exemplo, “como foi o seu dia hoje?”. A criança

pode responder “na escola, hoje, eu fui a líder da turma”.

“E como você se sentiu?”. “Nossa, mamãe, eu falei com

todo mundo. Foi demais”. Aí a mãe incentiva essas situ-

ações e ela se sente segura para exercer a criatividade.

Rosiane Cazeli:

A criatividade é como uma bagagem, uma

história e uma função cerebral extremamente evoluída

e fina. Quanto mais você desenvolve suas funções cog-

nitivas, maiores são as chances de você ser criativo. Que

funções cognitivas são essas? Eu te conto uma piada de

duplo sentido e se você tem uma função cerebral que foi

desenvolvida durante a vida, você vai entender subjeti-

vamente as mensagens, você vai rir da piada. Mas se você

não desenvolveu isso, você não vai entender e talvez não

ache graça. É muito difícil você trabalhar a criatividade

quando se chega à terceira idade sem ter estimulado a

mente criativa no decorrer da vida. Por isso, o idoso deve

manter aquela atividade que teve durante a vida, como

sua aptidão ou seu talento e continuar a fazer o maior

tempo possível. Isso faz muito bem para a saúde mental

deles. Mas eles têmque trazer isso, temque ter a bagagem.

REVISTA VIVA: É possível desenvolver uma atividade

nova em um idoso, por exemplo, ensinar a pessoa que

nunca tocou um instrumento musical?

Rosiane Cazeli:

É possível, pois estamos falando de

aprender. A capacidade de aprendizado não termina na

velhice. Se você tem uma doença, como depressão, ansie-

dade, distúrbio cognitivo, Parkinson, pode ter prejuízos

sim e uma capacidade de aprendizado diminuída. Mas

não é impossível. Claro que é mais fácil eu aprender a

dirigir com 18 do que com 60 anos. Mas não é impossível

aprender aos 60. Porém eu vou precisar de uma pessoa

que tenha paciência, uma técnica diferente de ensino,

um tempo maior. Ela é capaz e, consequentemente, pode

desenvolver também a capacidade criativa.

REVISTAVIVA: E por que alguns idosos acham que per-

deram essa capacidade?

Rosiane Cazeli:

Primeiro, porque eles achamque faz parte

do envelhecimento normal e não faz. Se você perdeu essa

capacidade, envelheceu de forma anormal ou não ideal. A

mente é como o corpo, por exemplo, se ao longo da vida,

o idoso teve uma osteoartrose no joelho e não consegue

ficar sentado por muito tempo, ele vai ter uma limitação,

porque teve um envelhecimento anormal. Então muitos

idosos acham que isso faz parte porque já é velho e ou-

tros usam a expressão “isso já não me é permitido”. Essas

pessoas cortam sua própria criatividade e isso não é bom.

Mas temos que quebrar muitos tabus tanto dos idosos,

quanto das pessoas que estão em volta.