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Revista Conexão - Abril / Maio / Junho de 2016 - Edição 21

Confesso que não, mas sempre

procurei fazer o meu melhor, com

muito treino, dedicação e perseve-

rança. Meu sonho de representar o

Brasil em competições mundiais

nunca me deixou desistir. Toda re-

compensa veio em 2006, quando

fui convocado para o meu primeiro

Mundial de Natação, em Durban,

na África do Sul, e, então, percebi

que estava entre os principais atle-

tas do país.

Qual o papel dos treinos nessa

caminhada?

Sempre treinei muito e hoje não

é diferente. Treino em dois períodos

do dia e, às vezes, intercalo a piscina

com sessões de musculação, pilates

e fisioterapia, que duram, em média,

uma hora.

Qual a importância dos cuida-

dos médicos em sua preparação?

Como esses profissionais o auxiliam?

A sua carreira, na natação, come-

çou aos 16 anos, quando descobriu o

esporte paralímpico. De que forma

surgiu essa paixão?

Em 2004, assisti às Paralimpíadas

de Atenas e vi Clodoaldo Silva, tam-

bém nadador, ganhando medalhas

para o Brasil. Foi nesse momento que

descobri que existiam esportes para

pessoas iguais a mim. No entanto, não

imaginava qual modalidade poderia

praticar. Eu e meu pai tentamos en-

contrar algum local onde eu pudesse

começar a treinar, mas a pouca divul-

gação do esporte paralímpico dificul-

tou as coisas. No ano seguinte, meu

pai estava assistindo a uma palestra,

em que apresentaram vídeos de pes-

soas com deficiência física praticando

esportes. O palestrante era o então

presidente da Associação Desportiva

para Deficientes. Ele nos convidou

para visitar a entidade, em São Paulo,

e lá identificou que eu tinha perfil

para nadador. Em oito aulas, aprendi

quatro estilos da natação. Depois dis-

so, não parei mais.

Medalhista olímpico, recordis-

ta e campeão mundial. Quais foram

os desafios para se tornar um atleta

reconhecido?

Os desafios são muitos. Desde a

falta de patrocínio ao lugar para trei-

nar. Quando comecei a praticar, não

tinha piscina na minha cidade, emCa-

manducaia. Então, eu viajava três

vezes por semana, de ônibus, para

Bragança, em São Paulo, e, aos sába-

dos, ia para a capital. Hoje, para os

atletas paralímpicos, em geral, acre-

dito que a maior dificuldade ainda

seja a falta de patrocínios, a inexistên-

cia de estrutura adequada para a prá-

tica de esporte e a carência de profes-

sores preparados.

Quando começou a nadar ima-

ginava conquistar essa ascensão

tão rápida?

CAPA

Márcio Rodrigues - MPIX - CPB

Hoje, para os atletas

paralímpicos, em geral,

acredito que as maiores

dificuldades ainda sejam

a falta de patrocínios, a

inexistência de estrutura

adequada para a prática

de esporte e a carência de

professores preparados.