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Sentimento que
“mexe com a cabeça”
O professor de Saúde Mental do Curso de Medicina
da Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul,
Ercy Soar, psiquiatra e psicoterapeuta, afirma que
estudos de neurobiologia ajudam a entender
alguns dos aspectos biológicos do amor, em
suas diversas manifestações. Vários hormônios
e neurotransmissores estão envolvidos, entre os
quais a dopamina (associada às sensações de
prazer), a adrenal ina (associada à excitação), as
endorfinas (também l igadas a sensações de bem-
estar), e a testosterona (hormônio importante para
o desejo sexual). A relação entre essas substâncias e
o comportamento amoroso e sexual é complexa. A
serotonina, por exemplo, é importante na regulação
da ansiedade e na manutenção do humor saudável,
mas é também o neurotransmissor responsável pela
saciedade e pela diminuição da necessidade sexual.
“A neurociência ajuda a entender que o estado de
apaixonamento envolve alterações neuroquímicas
Qualquer maneira de amor
vale a pena
Não importa a especialidade médica ou da psicologia, a
sentença é única: ninguém vive sem amor. Segundo Ercy
Soar, as pessoas precisam reconhecer a si mesmas e serem
reconhecidas como parte de uma família ou comunidade,
e o ser humano só se constitui como pessoa através dos
laços afetivos. “Pode-se viver sem o amor romântico, mas
não sem afeto. Todos precisam se sentir participantes de
um grupo, ser importantes para alguém”. 
Embora todas as formas de amor sejam válidas, é a
capacidade de apego e de vinculação que é mais
importante para a saúde da pessoa. Já existem muitas
que afetam a capacidade de decisão e de julgamento.
Tais efeitos, entretanto, em maior ou menor medida,
são passageiros, como sabem todos aqueles que já
viveram uma paixão”. 
O professor recorda que na ant iguidade os gregos já
falavam em três diferentes t ipos de amor:
• Eros corresponde ao impulso sexual e ao erot ismo.
Esta forma de amor, do ponto de vista evolut ivo, é
fundamental para a reprodução da espécie.
• Ágape é o amor românt ico, altruísta, fundamental
para a escolha e manutenção de um parceiro
sexual e dos cuidados da prole.
• Fi l ia (phi los) é o equivalente ao apego, à amizade
entre iguais, entre pais e fi lhos, animais e coisas,
e ao amor assexuado. Este sent imento está l igado
aos efeitos da oxitocina, o hormônio da l igação
entre as pessoas, l iberado por um abraço afetuoso,
por exemplo, produzindo uma sensação agradável,
de bem-estar. 
evidências, tanto experimentais como clínicas, de que
a amizade é um importante fator de manutenção e
recuperação da saúde. “O ser humano não é um animal
que se guia apenas pelo instinto da procriação. Ele é
o resultado das forças da natureza e da cultura, e sua
enorme capacidade de adaptação foi importante para
sua sobrevivência como espécie. As culturas humanas
abrigam muitas e diferentes formas de amor e de apego.
O importante é que cada um encontre aquela, ou aquelas,
que lhe traga maior possibilidade de prazer e maior
sensação de pertencimento”.
AMOR