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Saúde no seu dia a dia
forma direta. As emoções influem
diretamente na nossa saúde física.
No entanto, poucas vezes paramos
para analisar as emoções que traze-
mos na alma e nos perguntamos se
essas são saudáveis ou nocivas. Da
mesma forma como cuidamos dos
excessos de gordura, sal e açúcar
do corpo, precisamos verificar se
estamos sobrecarregados de raiva,
ressentimentos e mágoas. Todas as
vezes que percebemos que nossa
alimentação está inadequada, an-
tes de adoecermos, a modificamos.
Cortamos o excesso de gordura ou
açúcar e diminuímos o sal. Com as
emoções devemos agir da mesma
forma.Toda vez que nos deparamos
com sentimentos que nos fazem
mal e nos prejudicam, precisamos
erradicá-los. Se alimentamos mágoa,
por alguém, porque não exercitar
a compreensão, tentando colocar-
-se no lugar de quem nos magoou,
buscando entender as razões desta
pessoa? Se o nosso problema está
no ressentimento ou na vingança,
o antídoto melhor é o perdão, que
nos faz desvincular da emoção ne-
gativa, entendendo o problema de
uma maneira mais fácil. Se deseja-
mos a felicidade plena, não pode-
mos esquecer que os mesmos in-
vestimentos feitos para a saúde do
corpo e do intelecto devem ser fei-
tos para a saúde emocional.
RU: As pessoas levam consigo
alguns problemas do passado
para o resto da vida. É impor-
tante esquecê-los para que se
possa ter uma vida melhor?
Dra. Maria de Lourdes:
Com ab-
soluta certeza, sim. De nada adianta
remoer dores antigas, pois tal fato só
maltrata nosso corpo físico e acaba
trazendo ou agravando doenças. O
exercício do perdão é talvez o mais
difícil, porém o mais gratificante e o
que mais recompensas traz ao ser
humano. Quem se permite acumular
mágoas torna-se infeliz. Sempre há
algo de ruim a ser recordado: uma
palavra infeliz, uma indelicadeza ou
falta de atenção. No entanto, a mes-
ma pessoa que cometeu alguma falta
para conosco, quem sabe, muitas ve-
zes já nos auxiliou em situações di-
versas. E nós mesmos, quantas vezes,
sem perceber, magoamos, ferimos
ou agredimos nossos semelhantes?
Não vale a pena! A capacidade de
perdoar nos liberta do passado e
nos candidata a experiências novas
e mais felizes e ainda nos poupa o
organismo de sofrimentos decor-
rentes de situações mal resolvidas.
RU: As mulheres cuidam da
casa, dos filhos e ainda traba-
lham fora. Muitas vezes, elas
acabam não tendo tempo para
si. Qual o conselho para que es-
sas mulheres tenham qualidade
de vida?
Dra. Maria de Lourdes:
Que bus-
quem dentro das suas atividades ro-
tineiras a realização pessoal, a satis-
fação do dever cumprido como ser
humano. Em primeiro lugar, como
mulheres, mães, esposas, filhas, ami-
gas, enfim, que não encarem como
sacrifício as atividades que, de al-
guma forma, escolheram para sua
vivência diária e que encarem esse
momento de vida como único.
RU: Durante o tempo em que
exerce a atividade de Ginecolo-
gista, o que pode perceber no
consultório a respeito da quali-
dade de vida das mulheres?
Dra. Maria de Lourdes:
Durante
os anos em que atuo como gine-
cologista, venho acompanhando o
crescimento da mulher na socieda-
de e a participação ativa na evolução
do mundo. Esse processo tem acon-
tecido em uma velocidade espanto-
sa, como, aliás, em todos os sentidos
desde o final do século passado até
os dias atuais. A mulher abandonou
uma situação quase passiva, salvo ra-
ras exceções, e saiu para o mercado
de trabalho. Mas manteve as obriga-
ções no âmbito do lar, acumulando
funções dentro e fora do ambiente
doméstico, inúmeras vezes, sem o
auxílio do parceiro. Isso acarretou
uma sobrecarga e uma aparente
diminuição da qualidade de vida, se
considerarmos a redução do tem-
po dedicado ao lazer. Na realidade,
não é o que parece ter acontecido,
a independência financeira, a realiza-
ção profissional, o crescente reco-
nhecimento da própria sociedade
da capacidade de ‘sobrevivência’ das
mulheres no mundo competitivo,
antes reservado aos homens, parece
ter proporcionado às mulheres uma
melhora significativa na qualidade de
vida, o que reforça a assertiva inicial
dessa entrevista de que a qualidade
de vida é o resultado de uma força
de equilíbrio de vários fatores.
“A capacidade
de perdoar nos
liberta do passado
e nos candidata a
experiências novas
e mais felizes”
Com a ginecologista Maria de Lourdes da Fonseca