Revista Digital Ampla #50

4 | AMPLA • JUL/AGO/SET 2018 CHOOSING WISELYBRASIL QUALOMELHOR CAMINHO? Conheça a iniciativa que discute a medicina baseada em evidências com objetivo de promover maior segurança aos pacientes BRUNA ROBASSA Comportamento assistencial mais segu- ro para os pacientes e menos oneroso para o sistema. Essa é a condição natural conquista- da a partir do exercício reflexivo das decisões clínicas proporcionadas pela Choosing Wisely Brasil (CWB), que na tradução livre é a busca por escolhas mais sábias. O movimento consiste em um grupo de profissionais de diversos segmen- tos da saúde que desempenha o papel de instigar sociedades de especialistas, profissionais assis- tenciais, escolas de saúde, instituições hospita- lares, clínicas, cooperativas e planos de saúde a debaterem o assunto e produzirem sugestões de listas de recomendações. De acordo com o médico Paulo Paim , coor- denador do Programa de Medicina Hospitalar e diretor clínico do Hospital da Cruz Vermelha Brasileira, coordenador dos Serviços de Cuidados Paliativos do hospital São Vicente e um dos co- ordenadores nacionais da Choosing Wisely Brasil, atualmente existem milhares de artigos científi- cos no mundo mostrando a mudança comporta- mental de profissionais assistenciais e pacientes que exercitam a reflexão Choosing Wisely . “Os resultados de tais intervenções mostram redução da solicitação de exames desnecessários e de intervenções fúteis, inclusive redução de dano quaternário a pacientes, e também consequen- temente uma maior equidade na distribuição dos recursos. Lembrando que não é objetivo da força-tarefa reduzir custos ou cercear a prática assistencial em saúde”, explica. Segundo lembra Paim, os problemas e desa- fios para a evolução da qualidade e da segurança na saúde suplementar do Brasil são muitos e complexos. Nesse sentido, a iniciativa CWB não se propõe a resolvê-los, já que são multifatoriais, no entanto “dedica-se a provocar o pensamento de quem oferece e de quem recebe serviços de saúde a entenderem o pensamento probabilístico e os benefícios reais e riscos inerentes presentes em cada teste e cada intervenção ordenada”, analisa. Dessa forma, profissionais e pacientes tendem a tomar decisões compartilhadas de forma mais sóbria, commenor chance de exacerbar os benefí- cios e reduzir os riscos no momento decisório. “Acredito que o tema tenha ganhado relevân- cia nos últimos anos por estarmos navegando sem direção rumo a um sistema insustentável e danoso, que gasta muito e causa muito dano desnecessário, simplesmente por fazermos as coisas medularmente, sem analisarmos, sem utilizarmos pausas reflexivas, sem calcularmos os riscos e benefícios de nossas ordenações de forma sistemática”, analisa. Na análise de Paim, os médicos estão pro- curando se familiarizar com a era moderna da medicina, em que os pacientes já entram nos consultórios ou no hospital com conhecimentos garimpados na internet ou mesmo com exaustivas pesquisas prévias na literatura médica, participan- do de forma proativa da decisão clínica conduzida pelos profissionais, considerando suas experiên- cias e expertise. Dentro desse contexto, decisão clínica compartilhada não consiste em deixar o paciente livremente escolher seus produtos, mas sim guiá-lo por um porto seguro, orientando-o sobre as consequências possíveis positivas e tam- bém negativas de determinadas escolhas. “Concluo que somente a informação ampla, ética e respeitosa entre profissional e paciente pode nos conduzir a uma saúde com menor risco de dano desnecessário e a um sistema mais sus- tentável”, finaliza Paim. | HORA MARCADA

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