10
|
REVISTA VIVA
cientes que têm hábitos, como o tabagismo ou
uso de drogas, às vezes aumentam esses vícios.
Alguns entram em depressão. Não querem sair
de casa e não conversam com ninguém. Esses
são doentes que não terão uma evolução muito
boa no tratamento. Os obstáculos vão surgir, mas
estamos aqui para apoiar e dar suporte à família
de um doente.
Revista Viva:
Qual a maior evidência de que um
paciente respondeu melhor ao tratamento de
uma doença?
Caroline Secatto:
O cenário mudou. Mas ainda
há muito para mudar. Tínhamos poucas opções
terapêuticas. O paciente nem podia ouvir a pa-
lavra câncer que já pensava estar condenado à
morte. Hoje, temos um cenário muito melhor.
Há pacientes que vivemmuito. Trabalhamos para
tirá-lo de uma evolução aguda para uma sobrevi-
da maior. Muitos não sentem mais tanto medo
quando acometidos por um câncer, mas é óbvio
que ele terá toda uma ansiedade. No entanto, o
paciente contará com todo apoio de médicos e
um tratamento integrado com muitos especia-
listas. Mas ainda precisamos evoluir mais. Há
alguns tipos de tumores cuja sobrevidamédia era
de seis meses. Com as novas medicações e todo
arsenal que temos na medicina, essa sobrevida é
muito ampliada, graças às pesquisas e aos novos
medicamentos na oncologia. Umexemplo impor-
tante dessa evolução é a terapia-alvo.
Revista Viva:
Pode explicar um pouco sobre esse
tipo de terapia?
Caroline Secatto:
São terapias direcionadas a um
alvo do tumor. Atuamos diretamente no alvo do
tumor para diminuir os efeitos colaterais e para
que possamos ser mais efetivos no tratamento.
Com isso, opaciente vai tolerarmelhor o tratamen-
to, que sem dúvida nenhuma será mais assertivo.
os cânceres de mama, sarcomas, entre outros.
É difícil falar que o doente está curado, mas isso
é possível. É uma chance menor de o tumor rea-
parecer em um paciente, mas não é impossível.
Acredito que de dez anos para frente, se o câncer
não recorre, pode-se dizer que o paciente está
curado. Desta forma, já podemos considerar que
desse tumor ele está livre.
Revista Viva:
Qual a participação do paciente na
recorrência de uma doença?Quando a pessoa tem
uma postura afirmativa diante da vida, com fé e
pensamento positivo, há uma chance menor de
determinadas doenças retornarem?
Caroline Secatto:
Tempaciente que reage bastan-
te positivamente. Ele diz a si mesmo que está com
uma doença e que vai lutar pela cura. A partir daí
é que entra o papel das terapias para ajudá-lo a
ter uma sobrevida maior. Mas tem aqueles que
entendem que o surgimento ou ressurgimento
de uma doença é o fim. O que observamos na
prática clínica, é que os doentes que reagem po-
sitivamente a um obstáculo que apareceu no ca-
minho conseguemter respostasmelhores duran-
te o tratamento. Assim, terão uma vida melhor
também. Já aqueles que reagem negativamente
quando surge umobstáculo, não respondembem
ao tratamento. Muitos decliname enfrentam in-
tercorrências. O fator psicológico e o movimento
da pessoa como problema influenciambastante
na resposta ao tratamento.
Revista Viva:
Como se dá na prática essa resposta
negativa, isto é, a descrença de cura?
Caroline Secatto:
Não aceitar o tratamento ou a
doença é muito ruim. O paciente passa mal só de
pensar em ter que ir à clínica para realizar uma
consultamédica. Ele não come direito, não atende
às recomendações feitas pelo médico, não toma
os cuidados devidos com sua saúde. Muitos pa-
"
Ao fim do tratamento é possível entender que cada dia vivido
será um dia sem o câncer... É preciso viver e buscar a felicidade (...)
realizando projetos e dando continuidade à vida".
[
Dra. Caroline Secatto]