REVISTA VIVA
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RevistaViva:
Esse tipode terapia então ajuda opa-
ciente a ter umpensamentomais positivo, a lidar
melhor comadoença, de formamais esperançosa?
Caroline Secatto:
Com a terapia-alvo, temos me-
dicações mais efetivas, com maior facilidade de
serem administradas pelos doentes e com me-
nos efeitos colaterais. São remédios orais e que
podem ser tomados em casa. Estamos conse-
guindo associar na administração do tratamento
facilidades que buscamos em qualquer terapia.
Avançamos em vários pontos e temos muitas
possibilidades de tratamento.
Revista Viva:
O envolvimento com a medicina
alternativa pode contribuir para a melhora do
paciente ou aumentar as chances de cura?
Caroline Secatto:
Esse tipo de medicina influencia
positivamente, sobretudodeuma formapsicológi-
ca. Opaciente se sentemelhor.Muitos tratamentos
alternativos gerambem-estar. Do ponto negativo,
muitas vezes essas terapias não são conduzidas
junto coma quimioterapia. Existemalgumas plan-
tas que interferemna quimioterapia. Há uma infi-
nidadedemedicamentos alternativos que sãodes-
conhecidos e que podem interferir negativamente
no tratamento. Sãodadosquenão temos.Masuma
coisa não exclui a outra. Podemos associar os dois
tipos de tratamento e isso trará benefícios.
Revista Viva:
Como funciona hoje a oncologia
integrada, se assim podemos chamar?
Caroline Secatto:
É o que chamamos de trata-
mento multidisciplinar. O paciente não vem aqui
só receber uma prescrição de quimioterapia. Vai
ter o psicólogo pra apoiar, vai ter nutricionista e
nutrólogo. Temos a dermatologia que vai fazer a
parte dos efeitos sobre a pele. Temos o cirurgião
plástico que vai atuar junto. Não consigo trabalhar
sozinha. Trabalho comuma gama de profissionais
que vão interferir em todo o tratamento.
RevistaViva:
Como é que fica a questão do pacien-
te que está sendo submetido à terapia-alvo, com
a integração a várias áreas damedicina, emesmo
assim ele não acredita na cura?
Caroline Secatto:
Todo paciente precisa saber
lidar com suas limitações. O tratamento que vai
ser feito será para diminuir os sintomas, mas
ele precisa trabalhar sua mente positivamente.
Manter o tratamento. Ele não precisa paralisar
sua vida em função da chance de a doença voltar
ou não. Temque viver uma vida normal. Não fazer
projeções ruins, mas positivas. Sempre procura-
mos trabalhar a questão da inversão de valores.
Muitas vezes o paciente quer comprar um apar-
tamento para daqui a dez anos. Não vamos fazer
projeções de felicidade. Vamos trabalhar o que
é importante. Se é ficar do lado do filho, realizar
uma viagem ou dar uma festa para a família. É
um projeto curto. Mas é preciso entender que se
ele não conseguiu realizar nemmontar umproje-
to de longo prazo isso não significa que ele não foi
feliz. Basta trazer o benefício da felicidade para o
presente e não tentar depositar toda a felicidade
para daqui a dez anos. Isso lhe trará bem-estar e
qualidade de vida, fazendo comque aceitemelhor
o tratamento da doença.
Para Caroline Secatto, o
paciente precisa ser feliz no
presente ao invés de fazer
projeções de felicidade.