Revista Conexão - Edição 19 - page 13

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UnimedFederaçãoMinas
*HugoBorges
,médicoepresidente
daUnimed JuizdeFora
Aequivocada relaçãodiretaentreuma
possívelfaltademédicosea ineficiênciada
assistênciaàsaúde,noBrasil, temnorteado,
recentemente,
ações governamentais,
comoa importaçãodeprofissionaiseaam-
pliação da oferta de novos cursos emais
vagasnasescolasmédicasexistentes.
O caótico quadro da saúde sempre
impactou negativamente as avaliações
dosgovernose foi apontadacomooprin-
cipal problema do país por 49%, 45% e
52%dosbrasileirosnosgovernosdeFer-
nando Henrique Cardoso, Lula e Dilma,
respectivamente. Nunca, na história do
Brasil, tivemos respostas satisfatórias
por partedopoder público às demandas
do setor. Simplificar a complexidade da
questão, reduzindoosproblemasdasaú-
de à "falta demédicos", é ignorar a falta
de infraestrutura física, a baixíssima re-
muneraçãodosprofissionais,osub-finan-
ciamento e a inexistência de investimen-
tos.Eessatemsidoatônicadosdiscursos
oficiais, queatribuemexclusivamenteaos
médicos uma responsabilidade que é de
todos, sociedadeeEstado.
É de conhecimento público a desi-
gualdade de acesso, fruto da concentra-
çãodemédicos nas regiõesmais desen-
volvidas e dodesestímulodos profissio-
nais pelo ingresso na rede pública, em
virtudedapéssima remuneraçãoepreca-
ríssimas condições de trabalho. Na con-
tramão do argumento oficial da falta de
médicos, o Brasil passa por um cresci-
mento exponencial do número desses
profissionais, que supera - e muito - o
crescimentodapopulaçãoemgeral.Exis-
temhoje,nopaís,409.047médicos, sendo
41% jovens, com idademédiade46anos
e emplena atividade profissional. Com a
aberturadenovasescolasdemedicinaea
ampliação de vagas nos cursos em fun-
cionamento,estima-sequecercade17mil
novos profissionais ingressem no mer-
cadode trabalhoacadaano. Émuito!
Ocorre que, apesar de esse número
ser suficiente para atender à demanda
nacional, osmédicosestãomal distribuí-
dos. E há nítidos sinais de preferência
delespelosetorprivado.Parase ter ideia,
apopulaçãocobertaporplanosdesaúde,
cerca de 50 milhões de beneficiários,
possui, emmédia, quatrovezesmaismé-
dicosàdisposiçãodoqueoscidadãosde-
pendentes do SUS. O Brasil é o quinto
país domundo em número absoluto de
médicos. Temos 1,95médico para cada
mil habitantes, número acima da relação
mundial de 1,4médicopara cadamil ha-
bitantes. Mas não é essa a expressão
maior da qualidade assistencial e dos
indicadores de saúde. Além de médi-
cos, precisamos demais financiamento,
maisgestãoemaisprestaçãodeserviços
para mais resultados. Na contramão,
temos aqui apenas 44% de participação
dosetorpúbliconosgastoscomasaúde,
contraos55%dasaúdeprivada.
Não é preciso dizer que países onde
oEstado investemaisemsaúdetendema
termelhordesempenhono ÍndicedeDe-
senvolvimento Humano (IDH), refletido
na redução das taxas de mortalidade e
maior expectativa de vida. Sabemos que
asdesigualdadesdedistribuiçãoamplifi-
cammuitoamáqualidadedaassistência
prestadaàpopulaçãobrasileira.Contudo,
nossas ambições generosas com orça-
mento reduzidoexigiriamumgraudeefi-
ciência invejável, que não se vê na
realidade nacional. Nós, médicos, somos
partedesse todo. Também responsáveis,
masnãoosúnicos!
FALTAM
MÉDICOS
OUSOBRAM
PROMESSAS?
AscomUnimed JuizdeFora
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