Revista Unimed - N° 23 - page 43

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Jun/Jul | 2016 . N
o
23 . Ano6 . REVISTAUNIMEDBR
A
frequência com que
uma mulher deve fa-
zermamografia, exame
voltado à detecção precoce do
câncer demama - segundo tipo
de câncer mais comum entre
mulheresbrasileiras, responden-
do por 25% dos novos casos por
ano-, estádeixandomuitasmu-
lheres confusas. Desde ofimdo
ano passado, duas renomadas
entidades norte-americanas di-
vulgaram suas novas diretrizes
sobre o tema com a justificativa
de equilibrar os benefícios e os
riscos da mamografia. A ideia
é evitar o desencadeamento de
testes que acabam sendo con-
siderados desnecessários e a
detecção de pequenos tumo-
res que levam médicos a rea-
lizar cirurgias que, talvez, não
tenhambenefícios.
Desde outubro de 2015, a So-
ciedade Americana do Câncer
passou a indicar que as mulhe-
res devem fazer mamografia,
anualmente, apartirdos45anos.
As que têm mais de 54 preci-
sam realizaroexameacadadois
anos, enquanto forem saudáveis
e tiverem uma expectativa de
vida superior a dez anos. Em ja-
neirodeste ano, foi avezde aUS
Preventive Task Force divulgar
suas recomendações. E a orien-
taçãodaentidadeédequeama-
mografia de rotina comece a ser
realizadamais tarde, apartir dos
50 anos, e seja repetida a cada
dois anos, até os 74 anos. "As di-
ferentes diretrizes são baseadas
nos diversos estudos de rastrea-
mento mamográfico, suas con-
clusões, interpretações, riscos e
benefíciosdoexame, custo, local
de realizaçãoepopulaçãoenvol-
vida", comenta o mastologista
Gerson Jacob Delazeri, creden-
ciadodaUnimedNoroeste/RS.
Embora essas novas diretrizes
se apliquem apenas aos Estados
Unidos, elas exercem influên-
cia em outros países, incluindo o
Brasil. Porém, épreciso ter cuida-
do e não simplesmente seguir as
recomendaçõesapresentadaspor
entidades do exterior. "Aqui a in-
cidência de câncer em pacientes
na faixade40a50anos émaior,
eainda temosuma taxadedetec-
ção bemmenor dos carcinomas
ductais in situ (em estágio ini-
cial)", explicaomastologista.
As principais entidades bra-
sileiras
responsáveis
pelas
orientações sobre o rastrea-
mentomamográfico são o Inca
(Instituto Nacional do Câncer),
a Sociedade Brasileira deMas-
tologia e o Colégio Brasileiro
de Radiologia. No entanto há
divergências entre a orientação
do Inca, que recomenda a ma-
mografiade rotinaparamulhe-
res de 50 a 69 anos a cada dois
anos, e a da SociedadeBrasilei-
ra de Mastologia e do Colégio
Brasileiro de Radiologia, que
indicam o exame para mulhe-
res a partir dos 40 anos de ida-
de, anualmente.
"Quando falamos em rastrea-
mento, devemos lembrar que
estamos buscando doença em
uma população assintomática.
Amamografia, nomomento, é o
métodomaisefetivodediagnós-
ticoprecocedo câncer demama
e com eficácia comprovada na
diminuição da mortalidade. No
Brasil, temos uma porcentagem
elevada de pacientes com cân-
cer na faixa etária dos 40 aos
50 anos, que pode chegar a 25%.
Umametanálise, com oito estu-
dos randomizados, demonstrou
15% de redução da mortalidade
nessaspacientes", comenta.
Mas as entidades norte-ameri-
canas justificam ter aumentado
a idade de início do rastrea-
mento pelo fato de que a ma-
mografia pode, em determina-
das condições, detectar tumo-
res que seriam inofensivos, mas
cuja investigação envolve testes
mais invasivos que ocasionam
riscos, dor, ansiedade, entre ou-
tros malefícios. Segundo a So-
ciedade Americana do Câncer,
somente apartir dos 45 anos os
benefícios desse exame supe-
ram seus riscos.
"Os dados são limitados com re-
lação à frequência que apresen-
ta a melhor eficácia da mamo-
grafia. Os grupos que defendem
sua realização após os 40 anos
acreditam que os ganhos obti-
dos com o rastreamento precoce
superam as perdas decorrentes
de superdiagnósticos e exces-
so de procedimentos. O número
de procedimentos vai aumentar,
masapresentabenefícios, edeve-
mos discutir esses dados com as
pacientespara, assim, solicitar ou
nãooexame", ressaltaDelazeri.
Emmeio a tantas diretrizes, fi-
ca difícil saber a frequência
mais indicada para a realização
da mamografia. "O câncer de
mama geralmente apresentaum
crescimento lento em pacientes
com idades mais avançadas em
relação às mais jovens. Desta
forma, intervalos maiores, como
bianual, parecem adequados a
pacientes acimade50anose in-
tervalos anuaisdevem ser consi-
derados a pacientes jovens e de
alto risco", finalizaDelazeri.
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