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12 -

Pensar Unimed

| Outubro de 2016

CAPA

“O atual momento político vivido pelo

Brasil reforça a discussão sobre o

papel da ética no cotidiano. Esta é a

oportunidade de exercitar essa postura

tão cobrada de governos e empresas”

As abordagens centra-

ram-se na constatação de

que a crise ética que assola

o País e afeta nosso dia-a-

-dia reflete-se em todos os

setores, mas não deve ser

tratada como um bicho de

sete cabeças. Karnal cati-

vou a plateia com correla-

ções hilárias e pertinentes

e lembrou que não há mo-

tivo para alarmismo. “Se

hoje nos apavoramos com

a inflação de 11% ao ano,

convém lembrar que sobre-

vivemos a uma inflação de

83% ao mês durante o go-

verno Sarney”, destacou.

“O atual momento políti-

co vivido pelo Brasil refor-

ça a discussão sobre o pa-

pel da ética no cotidiano.

Esta é a oportunidade de

exercitar essa postura tão

cobrada de governos e em-

presas, estimulada princi-

palmente pelas revelações

com as investigações da

Operação Lava Jato”, ava-

liou Karnal.

DemétrioMagnoli centrou

sua análise no que ele chama

de “riqueza”, trazida à tona

pelas delações da Operação

Lava Jato. “As leituras das de-

lações é muito esclarecedora

sobre o momento que vive-

mos”, instigou.

“Os conceitos de certo e er-

rado não são absolutos. Não

são atemporais. Os escânda-

los desvendados pela Lava

Jato equivocadamente são

vistos como problema de fal-

ta de ética; isso é um equívo-

co porque esses escândalos

revelam a predominância, o

triunfo de uma determina-

da ética, aquela majoritária

e hegemônica, que funciona

no meio político brasileiro já

de longa data”.

Magnoli ressaltou ainda

que existe, sim, uma éti-

ca própria entre a maioria

dos políticos, independen-

temente de seus partidos.

Essa ética diz que o Estado

é uma propriedade privada

e valoriza um conjunto de

objetivos privados de cer-

to grupo, para o enriqueci-

mento desse mesmo grupo.

“Essa ética venceu. Para

A metralhadora Magnoli

Esquerda precisa reconhecer suas falhas

“A esquerda brasileira precisa se reinventar se pre-

tende voltar a um status de protagonismo. Mas só o fará

se reconhecer suas falhas, como, por exemplo, deixar de

tratar o processo de impeachment como ‘golpe’. É preciso

que a esquerda como um todo, e aqui incluo a esquerda

latino-americana, faça uma autorreflexão. É preciso que

ela faça a crítica de si mesma”.

Encruzilhada

“Estamos diante de uma encruzilhada nacional que

não diz respeito à esquerda ou direita. Trata-se de ade-

quar o tamanho do estado à matemática, sem seguirmos

gastando mais do que arrecadamos, e trata-se, também,

de acabarmos com a privatização do público. Sem isso,

não vamos sair do buraco”.

Organização criminosa

“O presidencialismo de coalizão foi organizado

para roubar a sociedade. Este sistema não funciona

e precisa mudar. E só mudará com a pressão da so-

ciedade”.