Jornal Unimed Erechim | n° 45 | maio a agosto de 2014 - page 9

DEPENDÊNCIA QUÍMICA:
UM SINTOMA SOCIAL
Para especialistas, todo o usuário de drogas sofre de algum tipo de vulnerabilidade, seja ela social,
familiar ou pessoal. Não é regra, mas no plano coletivo a dependência química também é reflexo
de uma sociedade injusta e com algum grau de alienação coletiva, que podem ser uma porta de
entrada para o vício
DEBATE
NA
TV
de idade, pois muitos indivíduos em
entrevistas aleatórias não vão res-
ponder que já experimentaram ou
fazem uso eventual". Barbieri afirma
que uma parcela grande de depen-
dentes ficam fora das estatísticas,
permanecem no anonimato, vivendo
como se a droga não fosse um pro-
blema.
Por isso, a família deve sempre
conversar abertamente sobre o as-
sunto. Nas famílias em que as rela-
ções estão bem estruturadas, quan-
do os pais participam ativamente da
vida dos filhos, há maior proteção
pela verdade, pelo respeito e pelos
valores morais. É muito comum en-
contrar dependentes nas famílias
em que a mentira e a ilicitude já es-
tejam presentes. Distorção de regras
e convenções morais no ambiente
familiar, costumam aumentar o risco
para o uso de drogas. Outros fatores
que as pessoas próximas devem es-
tar atentas são a mudança de com-
portamento repentina e a perda de
interesses habituais. "Todo depen-
dente, inicialmente, nega o proble-
ma e quanto mais jovem, mais essa
negação torna-se crônica.
A droga entra na vida das pes-
soas enquanto elas ainda são jovens
ou imaturas e dificilmente é possível
superar essa negação antes dos 20 a
24 anos. Isso se deve a sensação de
poder e autonomia que a droga pro-
porciona, justamente na adolescên-
cia, fase que naturalmente ocorrem
as dúvidas e incertezas".
O dia 26 de julho foi a data es-
colhida internacionalmente para
simbolizar a luta contra o uso e o
tráfico de drogas pela Organização
das Nações Unidas (ONU). O objeti-
vo é informar e conscientizar sobre
os perigos e as consequências do uso
de drogas. Segundo o médico psi-
quiatra e cooperado da Unimed Ere-
chim Rodrigo Barbieri, a realidade
do município em relação ao uso de
drogas ilícitas é semelhante ao resto
do país, em torno de 2% da popula-
ção. "Na minha experiência, temos
esse índice de dois jovens para cada
100 habitantes, como consumidores,
ou seja, certamente temos dois mil
usuários para cada cem mil habitan-
tes. Acredito numa taxa maior que
2% na faixa etária entre 14 e 40 anos
Os psiquiatras Rodrigo Barbieri e
Letícia Rossetti participaram de uma
conversa sobre o tema no Progra-
ma 20 é Saúde, do Canal 20 da NET.
Para ambos, o problema das drogas
é apenas remediado pelas políticas
públicas depois que já está instala-
do. "O uso de drogas é também um
sintoma social, já que as condições
de vulnerabilidade (social, física ou
psíquica) são uma porta de entrada
para o vício. O indivíduo encontra
na droga uma sensação de alívio e
poder", esclarece Barbieri. Para fi-
nalizar a abordagem, a psiquiatra
Letícia Rossetti ressaltou que não
existe cura, apenas uma recupera-
ção quando o dependente retorna a
uma vida saudável. "O processo de
tratamento do paciente dependente
químico é abrangente. Se faz uma
primeira avaliação para saber quan-
do começou o consumo das drogas,
qual é o padrão de consumo desse
dependente, como se estabeleceu a
dependência e qual é a droga de pre-
ferência". A motivação pessoal para
deixar o vício, bem como o suporte
família são fundamentais no proces-
so de tratamento.
Divulgação Canal 20 - TV Erechim
RESPONSABILIDADE SOCIAL
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