Compreender a diferença entre amamentação e aleitamento nunca foi tão fácil. Leia agora mesmo esta entrevista esclarecedora e abra as portas para uma experiência de amamentação gratificante e cheia de conhecimento, guiada pelo experiente Dr. Adilson Brennsen.

Prepare-se para se tornar uma mãe informada e empoderada. Sua jornada de amamentação começa aqui.

Dr. Adilson Brennsen, poderia nos explicar de forma mais detalhada as fases do aleitamento materno?

Dr. Adilson Brennsen: Certamente. O aleitamento materno ocorre em três fases distintas. A primeira fase é o colostro, produzido nos primeiros dias de vida do bebê. Esse leite inicial, de aparência transparente ou amarelada, é rico em proteínas e fatores imunológicos, fundamentais para o sistema imunológico do recém-nascido. A segunda fase é o leite de transição, surgindo entre o terceiro e o décimo quarto dia. Esse leite é mais denso, contendo maiores teores de gorduras e carboidratos. Por fim, temos o leite maduro, que começa a ser produzido por volta do 25º dia. Ele é composto por proteínas, gorduras, carboidratos e outros nutrientes essenciais.
 

E qual a diferença entre amamentação e aleitamento?

Dr. Adilson Brennsen: Boa pergunta. A amamentação refere-se à alimentação direta do bebê através do peito da mãe. Já o aleitamento materno envolve fornecer o leite materno de diferentes maneiras, como por copinho, colher ou mamadeira. Ambos os métodos são essenciais para garantir o suprimento de nutrientes e benefícios do leite materno.
 

E quais são os principais benefícios tanto para o bebê quanto para a mãe que a amamentação proporciona?

Dr. Adilson Brennsen: A amamentação exclusiva nos primeiros seis meses traz inúmeros benefícios. O leite materno é um alimento completo, dispensando a necessidade de complementos como água ou chá. É rico em anticorpos que protegem o bebê de doenças como diarreias e infecções respiratórias. Além disso, contribui para o desenvolvimento cognitivo e emocional. Para a mãe, amamentar ajuda na perda de peso após o parto, reduz riscos de câncer e previne doenças como hipertensão e obesidade.
 

Quais seriam as principais recomendações para as mães em relação ao aleitamento materno?

Dr. Adilson Brennsen: Estimular o contato pele a pele com o bebê é fundamental, e a primeira mamada deve ocorrer na sala de parto ou recuperação, favorecendo a descida do leite e o vínculo emocional. Alojamento conjunto e livre demanda também são importantes, permitindo amamentação sem horários fixos. Posicionar o bebê corretamente durante a amamentação, garantindo uma pega adequada, é crucial para evitar problemas. E evitar práticas desnecessárias, como pomadas durante o pré-natal, é indicado.
 

Muitas mulheres têm dúvidas sobre amamentar após cirurgias plásticas. O que o senhor pode esclarecer sobre esse assunto?

Dr. Adilson Brennsen: Cirurgias plásticas podem impactar a amamentação, mas não a impedem. Cirurgias redutoras ou com próteses mamárias podem ter influência, dependendo da técnica. No entanto, a maioria das pacientes consegue amamentar normalmente após esses procedimentos, ainda que exija acompanhamento para prevenir complicações.
 

E quanto ao ambiente de trabalho, as mães têm direito de amamentar?

Dr. Adilson Brennsen: Com certeza. A legislação brasileira (CLT) garante às mães o direito a intervalos especiais de meia hora durante a jornada de trabalho para amamentar seus filhos até seis meses de idade. Essa proteção também abrange casos de adoção, e pode ser estendida se a saúde do bebê exigir, conforme determinação competente.
 

Por fim, muitas mães se preocupam se o bebê está mamando demais. Há algum risco nisso?

Dr. Adilson Brennsen: Não, pelo contrário. A recomendação da Organização Mundial da Saúde é a amamentação exclusiva até seis meses, com livre demanda, e continuada até o segundo ano ou mais. O leite materno supera qualquer fórmula em termos nutricionais, imunológicos e psicológicos, assegurando um crescimento e desenvolvimento ótimos para a criança. É importante ressaltar que nenhuma fórmula artificial, por mais sofisticada e enriquecida que seja, se compara ao leite materno nos aspectos nutricionais, imunológicos e psicológicos, garantindo, assim, o melhor crescimento e desenvolvimento mais adequado para a criança. Para o sucesso da amamentação é fundamental uma rede de apoio para a mãe, que precisa do acolhimento, auxílio e incentivo da família, estar em um ambiente tranquilo, ter uma alimentação saudável e balanceada.  Além de alimento, o leite materno oferece todos os nutrientes para um desenvolvimento ideal e saudável do bebê e ainda fortalece mais o vínculo com a mamãe. Amamentar e´ muito mais do que nutrir a crianc¸a, o processo de amamentação envolve amor, confiança, dedicação, apoio e muita informação.

Fonte: Organização Mundial da Saúde, Ministério da Saúde, Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia-FEBRASGO.