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Setembro amarelo: precisamos falar sobre saúde mental

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 10% da população mundial sofre com transtornos mentais, o que corresponderia, aproximadamente, a 720 milhões de pessoas. O Brasil é o país que lidera o ranking de ansiedade e depressão na América Latina, com quase 19 milhões de pessoas com essas condições.
Texto: Comunicação e Marketing - Unimed Paranaguá
        22 de setembro, 2023
Quais são os sinais mais comuns de que alguém está enfrentando problemas de saúde mental e como podemos identificá-los?

Os sinais podem ser dos mais diferentes tipos, essa alta variação ocorre pois somos o produto de milhares de experi
ências que vamos passando por nossa vida. Com isso a forma mais simples de perceber se alguém está com algum sofrimento psíquico é a mudança do seu comportamento típico, um exemplo muito comum é o do isolamento social, onde uma pessoa que sempre foi de conversar e sair para socializar começa a cada vez mais se isolar.

Esse tipo de sinal
é o que tende a mais chamar a nossa atenção, mas como dito antes, além do isolamento, pode ser manifestado tristeza, choro imotivado, raiva, dificuldade para dormir ou se alimentar, sensações físicas, entre outros. Mas uma coisa que basicamente se repete em todos é a mudança de comportamento, algo de diferente começa a se manifestar na pessoa ou algum traço que a pessoa já tinha se torna muito prevalente.

Esses tipos de mudan
ça ocorrem em praticamente todos os transtornos mentais e por isso é a parte mais importante que alguém pode observar. Agora, se essa mudança de comportamento que está acontecendo é por um transtorno mental ou por alguma outra coisa, é necessária uma avaliação mais detalhada de cada caso.


Quais são as principais causas de estresse e ansiedade na sociedade atual e quais estratégias você recomenda para lidar com esses desafios?

A ansiedade é o transtorno mental mais comum não só no Brasil como no mundo todo, atualmente se espera que de cada 3 pessoas, 1 tem ansiedade ao ponto de ter sofrimento ou limitação por causa dela. Para alguém ter ansiedade é necessário ter uma predisposição” a qual vem da nossa genética, há sortudos que nunca apresentarão quadros de ansiedade mesmo que passem por situações muito estressantes, assim como quando várias pessoas passam por um mesmo evento estressor alguns irão desenvolver ansiedade e outros não. Nesses dois exemplos é a genética da pessoa que justifica essa proteção contra a ansiedade.

Agora, para boa parte de n
ós, a genética tende a ser mais neutra, ou seja ela não nos protege da ansiedade mas também não é por si só suficiente para causar o transtorno ansioso e é que os eventos estressores da vida que irão fazer a diferença, quanto mais eventos estressores ocorrerem maior a chance de desenvolver-mos ansiedade. E quais seriam esses eventos estressores? Isso vai depender de cada um, é mais uma questão que varia muito de pessoa a pessoa, pois cada um tem a sua própria percepção de valores e importância de fatos da vida e quando algo que essa pessoa considera valioso ou importante é desgastado, isso será um evento estressor.

Baseado na minha experi
ência de consultório, o trabalho, as relações amorosas e os problemas familiares são as principais causas de ansiedade nas pessoas. Um erro que eu vejo em praticamente todos os ansiosos é o fato de não ter uma vida equilibrada e é a partir daí que os eventos que nos causam ansiedade ficam maiores do que são de fato. Conseguir equilibrar o trabalho, a família, o lazer, a fé, a saúde e o sono é a melhor forma de auxiliar no controle da ansiedade no dia a dia.


Quais são os principais fatores sociais e ambientais que podem afetar a saúde mental das pessoas em nossa comunidade, e como podemos trabalhar para mitigar esses impactos?

São diversos os fatores que podem afetar a nossa saude mental, há capítulos de livros dedicados a esse assunto, que comumente chamamos de fatores de risco ou de fatores preceptantes. Assim como eu comentei antes, um estímulo pode ter significado diferente para pessoas diferentes, mas há alguns que tendem a impactar todas as pessoas, mesmo que em níveis diferentes. Mas os fatores mais comuns que afetam a nossa saude mental englobam a alimentação incorreta, principalmente quando ela é rica em gordura e fritura, noites mal dormidas, excesso de tela no período noturno, que faz com que o sono fique pior, sedentarismo, a poluição também vem se mostrando um fator que acaba atrapalhando a nossa capacidade de lidar com o estresse. Todos esses fatores aumentam o nosso cortisol, que é o hormônio do estresse, e quando ele fica elevado por longos períodos o nosso corpo começa a ter dificuldade em lidar com o estresse, por isso atividades e comportamentos que ajudem a controlar o cortisol ajudam o corpo e o cérebro e se protegerem da ação do estresse que pode levar a ansiedade.

Qual é a importância da autoestima e da autoaceitação para a saúde mental e quais passos práticos as pessoas podem tomar para fortalecer sua autoestima?

A autoestima é essencial e ela deve sempre ser um pilar muito bem fundamentado em nossa vida, muitas pessoas confundem a autoestima com a vaidade ou soberba e com isso veem como algo inadequado ter uma boa autoestima. A autoestima é a nossa capacidade de nos aceitarmos como somos, reconhecer que somos bons em certas coisas, que nos valorizamos como indivíduos e que mesmo que ocorram estímulos externos, estamos seguros o suficiente para não deixar isso nos abalar, pois sabemos do que somos capazes e que as nossas virtudes e nossos defeitos são o que nos tornam especiais. A melhor forma de estimular a nossa autoestima é exatamente praticar a auto aceitação, não ter vergonha em reconhecer no que você é bom, no que o torna especial, bem como entender que ninguém é perfeito, assim como você vai ter virtudes, também terá defeitos e é assim que vamos construindo a nossa autoestima, não tendo medo de se amar, mesmo com as imperfeições.

Contar com uma rede de apoio é muito importante.
Muitas pessoas ainda enfrentam estigma e discriminação relacionados à saúde mental. Como podemos trabalhar para reduzir o estigma e promover uma cultura de compreensão e apoio em relação à saúde mental?

Falar, falar, falar, falar, falar sempre que possível sobre os transtornos mentais, falar tanto sobre isso a ponto deste assunto se tornar algo rotineiro das nossas vidas. Lentamente as pessoas vêm perdendo essa discriminação com as doenças mentais, mas ainda assim é muito lento. Muitas pessoas quando vão a um psicólogo ou psiquiatra sentem-se como se fossem fracos por não ter conseguido evitar a necessidade de tratamento, mas isso raramente ocorre quando uma pessoa que tem diabetes, por exemplo, procura um nutricionista e um endocrinologista, mas no passado o diabetes e principalmente o uso da insulina eram extremamente estigmatizantes. O que mudou? Se abordou o diabetes e se falou dele de forma consciente e frequente e cada vez mais as pessoas tem menos preconceitos com essa doença. É isso que tem que ocorrer com os transtornos mentais.