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VEMVIVER
SETEMBRO 2014
DOUTORRESPONDE
Como se configura o
Transtorno Afetivo Bipolar?
Quais são os sintomas mais
comuns? É verdade que
o fator hereditário pode
influenciar no aparecimento
da doença? Por que houve um
crescimento no diagnóstico
do problema em crianças e em
adolescentes? Qual a melhor
forma de tratamento?
COMO O PRÓPRIO
nome indica, o Trans-
torno Afetivo Bipolar (TAB), antigamente
denominado Psicose Maníaco-Depressiva,
é uma doença na qual o paciente apresenta
oscilações no seu estado de humor. Contu-
do, não se trata de mudanças de humor co-
muns da vida diária. É normal uma pessoa
acordar mais disposta e sentir desânimo no
fim do dia. Ou ainda ocorrer o contrário.
Para fazer o diagnóstico de TAB, o pa-
ciente precisa apresentar determinados
sintomas por um período mínimo espe-
cífico. É fundamental que a pessoa passe
pela fase conhecida como mania (ou hi-
pomania nos casos mais leves). Essa eta-
pa é caracterizada pelo exagero de algu-
mas sensações, como alegria, energia e
disposição, e pela diminuição da neces-
sidade de sono. Nos casos mais graves,
o indivíduo pode apresentar compor-
tamento desinibido e tendência a fazer
compras descontroladamente.
A genética realmente influencia no de-
senvolvimento do quadro, mas é importan-
te lembrar que outros fatores podem levar
ao aparecimento da doença, como mudan-
ças na vida (morte de um parente ou nasci-
mento de um bebê), uso de antidepressivos
e esteroides e estresse crônico.
O TAB afeta homens e mulheres igual-
mente e normalmente se manifesta pró-
ximo dos 30 anos de idade. Em alguns ca-
sos, pode aparecer ainda na infância ou até
em idade avançada. O número de crianças
e jovens diagnosticados com o transtorno
aumentou porque a doença não era tão di-
vulgada e os pais demoravam a procurar
ajuda. Por isso, é importante ficar atento
ao comportamento do filho e consultar um
médico sempre que notar algo diferente.
Apesar de não ter cura, o distúrbio pode
ser muito bem controlado. O primeiro pas-
so é avaliar a condição do paciente e reali-
zar uma série de exames para investigar a
causa da doença e descartar outras patolo-
gias. O tratamento é feito com medicamen-
tos próprios (estabilizadores de humor) e
psicoterapia. Também é importante ter há-
bitos saudáveis de alimentação e sono para
reduzir os níveis de estresse. É recomenda-
do ainda evitar substâncias psicoativas, en-
tre elas a cafeína, o álcool e as drogas.
EDUARDOHENRIQUETEIXEIRA,
médicopsiquiatra eprofessor
na faculdadedemedicina
daPUC-Campinas
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