Procuro abordar assuntos universais, como ma-
ternidade, amor, saudade e morte, que é um
tema pouco explorado.
V.V.:
Fora do blog, como é a sua relação com o
Francisco? Você fala com ele sobre o pai?
C.G.:
Ele é meu grande companheiro. No começo
foi difícil cuidar de um bebê. Com três anos ele
via os pais dos colegas da escola e me pergun-
tou sobre o pai. Falei a verdade e lembro que ele
respondeu: "estou muito bravo pelo meu pai ter
morrido". Apoiei e disse que tinha todo o direito
de se sentir assim, mas fiz com que frequentasse
uma terapia. Agora ele tem sete anos e nossa re-
lação é muito bacana. Temos alguns problemas
de disciplina, mas é a idade.
V.V.:
Que conselhos você dá para quem está
vivendo uma situação parecida com a que
você passou?
C.G.:
O primeiro passo é respeitar o luto. A pes-
soa precisa de um tempo para ela, mas é im-
portante que esse momento tenha prazo para
terminar. Ninguém pode sofrer para sempre. A
próxima etapa é compreender que a dor passa.
Por fim, entender que é possível viver com hu-
mor. Fazer piada de si mesmo e da situação é
um ótimo exercício. O Francisco me ajudou mui-
to. Digo que nos últimos dois meses de gravidez
o coraçãozinho dele bateu por nós dois.
V.V.:
Você sempre se diz agradecida pela vida
e revela que tem muita vontade de viver. Como
você consegue encarar esse lado positivo da
vida mesmo depois de passar por tantas situ-
ações difíceis?
C.G.:
O humor é ótimo, mas não é só ele. Temos
que entender que todo mundo sofre e que esta-
mos todos no mesmo barco. Quando criança li
um livro chamado "Pollyana", em que a menina
tinha uma vida muito sofrida, mas procurava en-
contrar algo de bom e positivo em cada ocasião.
V.V.:
Além do blog "Para Francisco", você tam-
bém criou o primeiro blog de looks diários do
Brasil, o "Hoje vou assim". Como surgiu a ideia
de postar e falar sobre moda?
C.G.:
Sempre gostei de me vestir, digo que é
uma manifestação artística e ajuda a construir
a autoestima. Não tive roupas de marcas na in-
fância, pois éramos cinco irmãos. Quando cresci,
me tornei uma compradora compulsiva. A cria-
ção do blog foi por impulso e serviu para com-
plementar o "Para Francisco". Um era mais tris-
te, enquanto o outro era mais alegre e divertido.
V.V.:
Você acha que esse exercício de postar o
look do dia pode contribuir com a autoestima?
Quais são os outros benefícios e vantagens
que esse hábito pode trazer?
C.G.:
É um exercício que faz com que a pessoa
se conheça melhor, aceite o próprio corpo e en-
contre um estilo. Eu, por exemplo, gosto muito
de repetir roupas. Isso me ajudou a lidar com
o problema de consumismo e pode influenciar
outras leitoras.
"Apessoaprecisade
umtempopara ela,
mas é importanteque
essemomento tenha
prazopara terminar.
Ninguémpode sofrer
para sempre"
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FOTO: ARQUIVO PESSOAL