Revista Vem Viver | Edição 03 - page 18

PERFIL
VEM VIVER:
Você teve várias perdas ao longo
da vida. Acredita que isso tenha deixado você
mais forte e preparada para driblar as adversi-
dades da vida?
CRIS GUERRA:
Acredito, mas falar pode parecer
que eu estou preparada para aguentar mais e
não é bem assim. As pessoas sempre falam que
a gente cresce com as crises e eu digo que já es-
tou batendo a cabeça no teto (risos). De fato, a
perda e os problemas reais ajudam muito a con-
quistar a maturidade. E quem não passou por
isso ainda, vai passar.
V.V.:
Além de se preparar para a chegada do
seu filho, como você procurou superar inicial-
mente a morte do seu marido?
C.G.:
A minha descoberta foi que a felicidade e
a tristeza podem vir ao mesmo tempo. A vida
sempre segue, oferecendo momentos felizes
e momentos tristes. Eu tinha a alegria de gerar
um bebê e escrever foi a única solução que eu
encontrei para superar as dificuldades.
V.V.:
Você passou por algum tipo de terapia?
Teve apoio psicológico? Procurou fazer algu-
ma atividade para distrair a cabeça?
C.G.:
A irmã de um amigo meu é psicóloga e ele
me deu dois meses de terapia de presente. É
algo que nunca vou me esquecer. A terapia não
era convencional e me ajudou muito naquele
momento tão difícil.
V.V.:
Como nasceu a ideia de criar o blog "Para
Francisco"? Você já tinha tido outro blog an-
tes? Qual é a sua relação com a escrita?
C.G.:
Primeiro criei para mim mesma, como um
diário. Escrevia para o Gui, mas os textos sem-
pre eram tristes. Uma amiga que tinha desen-
volvido um blog chamado "Mothern" (que mais
tarde se tornou livro e série televisiva) me dis-
se para fazer algo com a temática materna. Aos
seis meses da morte do meu marido resolvi fa-
zer uma carta para os amigos e impulsivamente
criei o "Para Francisco", em que escrevo cartas
para o meu filho misturando o passado com o
presente. Todo mundo leu, menos ele.
V.V.:
O blog recebe, todo dia, novos visitantes e
comentários com mensagens de apoio. Por que
você acha que ele faz tanto sucesso?
C.G.:
Talvez por ser uma perda específica e por
existirem muitas mulheres grávidas viúvas.
"Aminha descoberta
foi que a felicidade e a
tristeza podemvir ao
mesmo tempo. Avida
continua e oferece
momentos bons e
difíceis. Escrever foi a
única soluçãoque eu
encontrei parasuperar
as dificuldades"
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