O Brasil esperou 64 anos para jogar uma Copa do Mundo
em casa novamente. O início da caminhada brasileira em
busca do sexto título mundial será no dia 12 de junho, às
17 horas de uma quinta-feira, contra a Croácia, na Arena
Corinthians (Itaquerão), em São Paulo.
Ainda bem, o Rio de Janeiro e o Maracanã não trariam boas
recordações para os comandados de Luís Felipe Scolari.
Embora os integrantes desta seleção não fossem nascidos
em 1950, quando do inesquecível "Maracanazo", é bom que
o fantasma uruguaio e o peso da estreia não assombrem os
brasileiros.
Só o Brasil, entre as 32 seleções de agora, participou de
todas as edições da Copa, desde 1930, quando a primeira
foi disputada no Uruguai, tendo o país sede como
campeão.Começamos mal, por causa de uma briga entre
cariocas e paulistas, dissidência que nos privou de um
time melhor. Acabamos eliminados na primeira fase, com
derrotas para a Iugoslávia e Bolívia.
Em 1934, na Itália, de novo nossa seleção foi prejudicada
por brigas entre cartolas. Alguns jogadores do Palestra
Itália (hoje Palmeiras), chegaram a ser escondidos numa
fazenda em Matão (SP), para não serem convocados. A
fazenda foi cercada de guardas armados. Como o lugar
era tenebroso, assustando até os próprios jogadores,
um diretor do clube os levou para sua casa de praia. O
resultado foi a eliminação para a Espanha na primeira
partida.
A Copa de 38 mostrou, na França, uma seleção brasileira
diferente, melhor tecnicamente, capaz de enfrentar as
grandes seleções europeias. Alémde ficar emterceiro lugar
depois de derrotar a Suécia, o Brasil revelou Domingos da
Guia e Leônidas da Silva, o "Diamante Negro", artilheiro da
competição com sete gols.
A segunda guerra parou com a Copa doMundo, que voltou
a ser disputada em 1950, no Brasil, e produziu, talvez, o
maior fracasso de uma seleção brasileira que tinha Zizinho
e Nilton Santos. Não só por perder uma decisão em
casa, no Maracanã, construído especialmente para este
HAJA CORAÇÃO!
Mundial, mas também por conceder aos nossos grandes
rivais uruguaios, o maior feito na história do seu futebol.
O goleiro Barbosa, transformado em bode-expiatório
desse fracasso, morreu amargurado e estigmatizado por
essa derrota, graças ao segundo gol uruguaio marcado por
Gighia. O empate em 1 a 1 dava o título ao Brasil.
Em 54, na Suíça, o Brasil pela primeira vez usou a camisa
amarela e calção azul. O uniforme de 50, com camisa
branca, foi para o baú, de onde nunca mais saiu. Não
adiantou, pois o time foi eliminado pela Hungria de Puskas
e Kocsis.
Até que em 1958, na Suécia, finalmente o Brasil conseguiu
o primeiro título. Riam do gordo Vicente Feola, o técnico
que dormia no banco. Em compensação, no campo, o
garoto Pelé, na época com 17 anos, e as travessuras de
Garrincha, davam conta do recado e dos adversários. Claro,
sob a batuta do mestre Didi, revelando para o mundo do
futebol a sua "folha seca", chute que chegava ao goleiro
adversário com a bola sem direção certa. Nessa Copa o
zagueiro capitão Belini imortalizou o gesto de levantar
a taça acima da cabeça, imitada mais tarde por todos os
campeões.
A façanha se repetiu em 62, no Chile. Mas o bicampeonato
foi pontuado por acontecimentos fora dos padrões.
Primeiro, uma malandragem do Nilton Santos evitou um
pênalti contra o Brasil, quando a Espanha ganhava de 1 a 0.
Esperto, ele deu um pulinho para a frente depois de fazer
a falta, e o árbitro marcou fora da área. Segundo, a lesão de
Pelé no começo da Copa transferiu toda a responsabilidade
para Amarildo e Garrincha. Os dois garantiram o caneco
com atuações infernais e gols decisivos.
Na Inglaterra, em66, voltou a balbúrdia à seleção brasileira,
com a convocação de tantos jogadores que o time chegou
ao Mundial sem definição. O pior aconteceu com a "caça a
Pelé", especialmente no jogo contra Portugal que, além de
ter o craque Euzébio, contou com um eficiente grupo de
caçadores e uma arbitragem complacente. Tiraram Pelé
de campo e o Brasil da Copa.
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