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CULTURA
Atualmente existem 41 fábricas de vinil espalhadas por
15 países. Quinze dessas empresas estão nos Estados
Unidos. Os outros dois países com mais indústrias de
vinil são a Alemanha e a Inglaterra, com cinco fábricas
cada. No Brasil, a indústria fonográfica voltou a investir
no vinil através da Polysom, que depois de altos e baixos
se firmou no mercado no final de 2009. Com sede no Rio
de Janeiro, a fábrica tem capacidade para produzir 28 mil
LPs e 14 mil compactos por mês. É a única do gênero em
toda a América Latina.
De acordo com João Augusto, consultor da Polysom,
muitos títulos já estão sendo reeditados graças às
parcerias com gravadoras como Warner, Universal e
Sony Music, que licenciam grandes títulos para a série
Clássicos em Vinil. "São discos do Ultraje a Rigor, Titãs,
Jorge Ben, Tom Zé, entre outros. Ainda espero ter a
felicidade de lançar Milton Nascimento, Tom Jobim,
Raul Seixas, Mutantes, Tim Maia, entre tantos mais.
Mas confesso que vou me emocionar muito no dia
No Brasil, o que torna o vinil tão caro é uma das mais
selvagens malhas de impostos do mundo: 66% de
impostos, causado por uma cadeia tributária que
começa na aquisição das matérias primas. Os impostos
incidentes pelo caminho são Pis-Cofins, ICMS
(substituição tributária inclusive) e IPI. "Mesmo assim
conseguimos vender mais barato do que o importado,
UMA SÓ FÁBRICA NA
AMÉRICA LATINA
IMPOSTOS AUMENTAM
A CONTA
em que a Polysom produzir os discos do rei Roberto
Carlos". Sobre o público alvo, João Augusto revela-se
surpreso pelo interesse da parte de quem não esperava
a menor atenção. "Achamos que uma bolha vai estourar
no momento em que houver ofertas de toca-discos e
mais títulos com alta qualidade. Não se trata apenas
de curiosidade. Quando as pessoas entram em contato
com o som caloroso do vinil, imediatamente sentem
o quanto a música digital roubou deles em termos de
qualidade".
Quando fala sobre o vinil, João Augusto deixa transparecer
toda a paixão por este formato. "É fundamentalmente
uma experiência tátil, visual e auditiva. Manusear as quase
200 gramas do LP, colocá-lo no toca-discos, observar
magníficas artes estampadas na capa (em tamanho
31cmx31cm), ler o encarte e a contracapa, trocar de lado
e ainda ouvir um som que tem vantagens cientificamente
comprovadas sobre qualquer som digital, tudo isso faz
com que o vinil seja um objeto de desejo".
mas ainda bem mais caro do que gostaríamos. O preço
para o consumidor final é prerrogativa do produtor
fonográfico e dos pontos de venda, mas estamos
trabalhando arduamente para baixar o custo de
fabricação e assim criar uma corrente de preços mais
em conta", afirma João Augusto, consultor da Polysom.