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Congresso Norte Americano apresenta novas alternativas para o tratamento do Câncer de Mama

Dra. Heloísa Resende

Aconteceu em San Antônio - Texas no período de 5 a 9 de dezembro deste ano o 40º congresso internacional sobre câncer de mama, o San Antonio Breast Cancer Symposium - SABCS. O evento teve a participação de especialistas do mundo todo, incluindo oncologistas, geneticistas, mastologistas e radioterapeutas. Foram discuidos vários aspectos do câncer de mama, desde prevenção primária, diagnóstico precoce, técnicas de aprimoramento da cirurgia, testes genéticos para conhecer melhor cada subtipo do câncer e assim buscar tratamentos mais específicos e também muitas novas opções de medicamentos. Um relevante estudo na área de detecção precoce do câncer, foi apresentado pelo grupo de pesquisadores da universidade de Melbourne. Os pesquisadores demonstraram que a descoberta por rastreamento em pacientes assintomáticos levará à descoberta de tumores em fases tão mais precoces que permitirá o uso de tratamentos menos invasivos com maiores chances de cura. Este resultado embora pareça óbvio precisa ser comprovado por estudos para justificar o financiamento pelo governo e outras fontes pagadoras de exames de rastreamento em mulheres jovens e assintomáticas como mamografia e ultra-sonografia das mamas. Além disso, estudos como estes servem sempre como motivação para a população que não deve deixar de fazer tais exames. O efeito do peso também foi tema de um estudo americano, que reuniu dados de 93.000 mulheres portadoras de câncer de mama. Foi demonstrado que o grupo que conseguiu perder peso após o tratamento do câncer, apresentou menor chance de recidiva da doença em comparação ao grupo que ganhou peso. Outra importante discussão foi sobre a relevância das mutações genéticas em cada tipo de tumor. Acredita-se atualmente que tais mutações são em parte responsáveis pela diferente resposta ao tratamento para o mesmo tipo de câncer, no mesmo estágio de desenvolvimento. Segundo o estudo, a diferença entre um grupo apresentar cura e outro desenvolver metástase pode estar nas mutações genéticas apresentadas em cada um destes tumores. Nesta linha de pensamento está a mutação dos genes BRCA, que ocorre em uma pequena parcela da população. Aprendendo sobre a importância desta mutação, a oncologia e a genética hoje se unem para tentar identificar melhor quais seriam as pacientes portadoras de câncer de mama candidatas a fazer o teste para esta mutação. Pois, sendo a taxa desta mutação muito baixa e o custo do teste elevado, não seria proveitoso fazer para todas as pacientes. Uma vez identificada , a paciente com tal mutação deverá receber um tratamento cirúrgico diferente daquela que não apresenta a mutação. Baseado no conhecimento destas mutações, surgem novas classes de medicamentos diferentes da quimioterapia convencional porque agem especificamente em um ponto do funcionamento da célula. Pelo que vimos, há um cenário muito promissor para o enfrentamento do câncer de mama, com novas estratégias de rastreamento, diagnóstico e tratamento, nos fazendo acreditar que cada vez mais nos aproximamos de melhores resultados.

Consumo de álcool e o risco de câncer: existe um consumo seguro?

Dra. Heloísa Resende

Ingerir bebidas alcoólicas é um hábito presente na humanidade desde as primeiras civilizações. Antigos também são os relatos que dão conta sobre os efeitos do álcool, tanto positivos como negativos. Mas recentemente, a medicina vem determinando em bases científicas a consequência do álcool no organismo. Este artigo, de autoria da Dra. Heloisa Resende, traz as últimas novidades do Congresso da ASCO - Sociedade Americana de Oncologia Clínica, realizado na cidade de Chicago, no mês de junho. A ingestão excessiva de bebida alcoólica vem sendo recentemente estabelecida como fator de risco para câncer. Estatísticas americanas apontam que cerca de 15 % dos adultos em todo o mundo apresentam alguma desordem em relação ao consumo de álcool. Muitos estudos epidemiológicos demonstram inequivocamente a relação entre ingestão excessiva de bebida alcoólica e certos tipos de câncer como o de boca e faringe, esôfago, laringe, fígado, colon e reto e ainda câncer de mama para as mulheres. A questão desafiadora é definir o que seria consumo excessivo, pois a quantidade de etanol varia consideravelmente de acordo com o tipo de bebida e da quantidade consumida. Durante muito tempo não havia consenso sobre esta definição, permanecendo a dúvida sobre qual a quantidade de bebida alcoólica seria prejudicial. A Sociedade Americana de Oncologia Clínica apresentou em seu congresso anual uma definição dos níveis seguros de ingestão de álcool e os limites, que se ultrapassados podem contribuir para um aumento das chances de desenvolver os tipos de câncer citados. A primeira coisa a se definir seria uma unidade de medida, convencionada a 14g de etanol, que é o álcool contido nas bebidas. Essa porção corresponde a 45ml de bebida destilada, 150ml de vinho ou 355ml de cerveja. O consumo considerado moderado seria o que se limita a duas porções por semana para mulheres e quatro para homens. Nessa quantidade os riscos são extremamente baixos. Já os bebedores moderados se enquadrariam em 4 unidades para mulheres e 8 para homens. Seus riscos passam a maiores mas ainda não são consideráveis. Já os bebedores pesados são classificados quando atingem 8 porções para mulheres e 15 para homens semanalmente. Outra questão importante é a quantidade consumida de uma só vez. Mesmo que se beba relativamente pouco por semana, se for realizad de uma única vez constitui fator de risco. Assim a “bebedeira” é considerada quando corresponde a ingestão de 4 ou mais porções de bebida alcoólica para mulheres e e 5 ou mais porções para o homem em uma única ocasião. Então finalmente podemos ter uma orientação objetiva sobre a quantidade excessiva e tentar nos manter muito abaixo dela, ou melhor ainda seria não fazer a ingestão de bebidas alcoólicas, para uma prevenção ainda mais eficaz. Vale ressaltar que essas recomendações são relacionadas à ocorrência de câncer. Mas o álcool representa um fator de risco para muitas outras doenças. Na hora de beber, vale o bom senso de não abusar.

1 Porção de Álcool (14g) equivale em média a:
1 dose de bebida destilada (50ml)
1 taça de vinho (150ml)
1 lata de cerveja (355ml)