Mulheres sem filhos
19 Junho 2013
O que parecia impensável no tempo dos nossos avós, – quando famílias se constituíam de até uma dezena de filhos – hoje começa a fazer parte da realidade do país: cada vez mais brasileiras dizem não à maternidade. É o que indica o último censo demográfico do IBGE, de 2010, que revela que, nas últimas décadas, houve um crescimento de 20% de mulheres que chegam aos 50 anos sem engravidar. Observa-se também que o número de famílias brasileiras sem filhos cresce três vezes mais do que aquelas com filhos, segundo análise do Censo pela empresa Cognatis Geomarketing.
Mesmo depois das inúmeras conquistas da mulher na sociedade, – como o direito de voto, direito à pílula anticoncepcional, presença relevante nas universidades e no mercado de trabalho – ser mãe se manteve, ao longo da história, como um dever que poucas mulheres chegaram a questionar. De acordo com a matéria Filhos, não obrigada, da edição de maio de 2013 da Revista Veja, a descoberta do papel do hormônio oxitocina no prazer sentido pela mãe ao amamentar e afagar o bebê, em 1900, fomentou as primeiras discussões na filosofia sobre o papel da mulher no mundo e contribuiu para separar a maternidade da essência feminina. A partir da descoberta, ser mãe deixou de ser uma “obrigação” para ser o resultado de inúmeros fatores culturais, sociais e químicos.
O reflexo das discussões parece finalmente alterar o curso tradicional das famílias no mundo. O fenômeno já é observado nos países europeus desenvolvidos e foi claramente apontado por especialistas como tendência. Apesar dessa evidente revolução de comportamento, negar a maternidade não é uma decisão fácil para as mulheres. Casais que optam por uma família sem filhos ainda podem sofrer preconceito da sociedade e cobrança por parte dos familiares, diz a psicóloga Maria Rios Lima, em entrevista à Revista Veja. Ela diz já ter atendido casos em que amigos não permitem que seus filhos cheguem perto do casal sem filhos, por acreditarem que estes não gostam de crianças. De qualquer forma, a sociedade brasileira terá que se adaptar a esse novo conceito de família.
Fonte: Veja, IBGE, Cognatis Geomarketing
Conteúdo aprovado pelo responsável técnico-científico do Portal Unimed.
