Qual é o melhor anticoncepcional?
30 Junho 2020
Não existe resposta simples e direta para essa pergunta. O melhor método é aquele escolhido em conjunto por médico e paciente. Entenda as diferenças básicas para se informar antes da consulta!
Como escolher o anticoncepcional correto?
Quais são os principais métodos anticoncepcionais?
E a pílula do dia seguinte?
Anticoncepcional causa trombose?
Anticoncepcional engorda?
Quais são os métodos contraceptivos masculinos?
Como escolher o anticoncepcional correto?
A escolha do melhor anticoncepcional deve ser feita entre a paciente e seu médico ginecologista. Além de uma análise de indicadores de estilo de vida e do histórico familiar de doenças, pode ser necessário
realizar alguns exames laboratoriais para entender melhor o funcionamento do corpo da mulher.
O que é bom para uma mulher pode não funcionar bem para outra. Com um check-up completo, o médico responsável poderá indicar um método que consiga alcançar o efeito desejado, impactando de forma menos agressiva no sistema hormonal feminino. A escolha do melhor anticoncepcional varia, portanto, com as necessidades e o momento da vida de cada uma.
Quais são os principais métodos anticoncepcionais?
São muitos os métodos (que podem ser classificados em dois grupos: os reversíveis e os definitivos) e variadas as aplicações.
Os considerados métodos definitivos são as cirurgias que tornam as pessoas inférteis:
- Esterilização feminina, por laqueadura tubária,
- Esterilização masculina, por vasectomia.
Os reversíveis podem ser classificados em outros três subtipos.
- Hormonais combinados;
- Contraceptivos hormonais só de progestogênio
- Métodos contraceptivos não hormonais (comportamentais e de barreira)
Vamos conhecer um pouco de cada um?
Os
contraceptivos hormonais combinados são as pílulas combinadas, o anel vaginal, o adesivo transdérmico ou a injeção mensal. Eles combinam diferentes hormônios para inibir a ovulação. Normalmente, são contraindicados para mulheres fumantes, com mais de 35 anos, pacientes com histórico de ataque cardíaco, derrame cerebral, trombose ou embolia pulmonar, entre outras restrições.
- Pílulas combinadas: normalmente combinam estrogênio e progestogênio e devem ser tomadas diariamente. Esses hormônios impedem a ovulação, modificam o muco cervical e dificultam a chegada dos espermatozoides até o útero. As pílulas combinadas podem ser de uso contínuo (sem pausa) ou cíclico (com pausa) e é importante que sejam tomadas sempre no mesmo horário. A pausa varia de acordo com o modelo e deve ser discutida com o médico
- Anticoncepcional injetável mensal: neste caso, a combinação dos hormônios estrogênio e progestogênio é inserida na circulação através de injeção intramuscular feita a cada 30 dias na farmácia. Existem diferenças nas fórmulas disponíveis e é preciso seguir a prescrição médica
- Anel vaginal: é um dispositivo transparente e maleável de silicone. Inserido na vagina, libera doses dos hormônios etonogestrel e etinilestradiol por um período de três semanas. Depois de uma pausa de sete dias, próxima à menstruação, um novo é recolocado. Não interfere na relação sexual
- Adesivos: os hormônios norelgestromina e etinilestradiol são absorvidos pela pele e liberados na circulação sanguínea. Estudos indicam que têm menor eficácia em mulheres que pesam acima de 90 quilos
Contraceptivos hormonais só de progestogênio: esse hormônio impede a ovulação e também promove o espessamento do muco cervical, dificultando a migração dos espermatozoides até o óvulo. Normalmente contraindicados para pessoas que tenham icterícia ou problemas graves de fígado. Aqui estão incluídos as pílulas de progestogênio, também conhecidas como minipílulas, o implante subdérmico, a injeção trimestral e o DIU hormonal.
- Minipílula: por não levar estrogênio, é indicada para mulheres lactantes ou com histórico de trombose. É de uso diário contínuo, sem pausa
- Implante subdérmico: um pequeno bastão de silicone libera hormônios em dose suficiente para impedir a liberação do óvulo e alterar o muco do colo do útero. Ele deve ser inserido pelo médico e tem duração de até três anos. Os efeitos sobre o fluxo menstrual variam de acordo com o indivíduo
- Injetável trimestral: a injeção de progestogênio tem duração de três meses e deve ser feita na farmácia com prescrição médica. O retorno da fertilidade é mais imprevisível, podendo demorar mais que nos demais métodos, quando interrompidos
- DIU hormonal: o dispositivo intrauterino libera o hormônio levonorgestrel dentro do útero, que produz uma redução do epitélio endometrial, inibe a ovulação e dificulta a migração espermática pela alteração do muco cervical. Costuma ser recomendado também em tratamentos de sangramento menstrual excessivo e durante reposição estrogênica pós-menopausa. O DIU é um contraceptivo que associa a facilidade de utilização ao bloqueio da fertilidade pelo tempo desejado, permitindo o retorno da fertilidade após a sua retirada. A inserção pode ser feita em consultório ou em ambiente hospitalar com anestesia, conforme decisão do médico e da paciente. É de suma importância que a paciente esteja suficientemente orientada pelo seu médico assistente sobre as vantagens e riscos relacionados ao método.
Os
contraceptivos não hormonais incluem os métodos comportamentais e de barreira. Aqui estão incluídos o DIU de cobre, o diafragma e os preservativos masculino e feminino.
Métodos comportamentais
- O
coito interrompido consiste na retirada do pênis antes da ejaculação durante o ato sexual. Tem baixa eficácia, pois as secreções do pênis ainda durante a excitação podem conter espermatozoides.
- A
tabelinha é outro método antigo. Consiste em evitar relações sexuais ou usar métodos de barreira durante o período fértil, que dura cerca de uma semana e acontece na metade do ciclo. Sua eficácia depende muito do autoconhecimento e a capacidade da mulher identificar seu período fértil. A espessura do muco cervical e a alteração da temperatura são sinais que devem ser observados na identificação do período fértil.
Métodos de barreira
- Preservativos masculinos e femininos, também conhecidos como camisinha, são de látex e poliuretano e contam com a vantagem de proteger contra infecções sexualmente transmissíveis. Existem versões com material antialérgico para pessoas que tenham alergia ao látex
- Diafragma: é um anel flexível coberto por uma borracha fina que impede a passagem dos espermatozoides. Deve ser inserido 15 ou 30 minutos antes da relação e retirado 12 horas depois. O ginecologista deve ser consultado para indicar o tamanho adequado para cada vagina. Para aumentar um pouco a eficácia (cerca de 80%), normalmente é usado junto com o espermicida
- Espermicida: substância em gel, spray, creme ou comprimido colocado na vagina antes do ato sexual imobiliza os espermatozoides. Com baixa eficácia usado sozinho, normalmente tem o uso recomendado como auxiliar outros métodos de barreira
- DIU de cobre: dispositivo intrauterino em forma de T feito de polietileno recoberto com cobre na haste vertical e horizontal. Em vez de hormônios, são os íons de cobre que promovem alterações bioquímicas e morfológicas no endométrio e muco cervical, impedindo a ascensão dos espermatozoides no útero. A inserção pode ser feita em consultório ou ambiente hospitalar com anestesia, conforme decisão de médico e paciente. Seu efeito pode durar até dez anos e a fertilidade retorna ao normal assim que ele é retirado.
Reunimos algumas perguntas mais comuns, mas já adiantamos: nada substitui uma boa conversa com o médico ginecologista da sua confiança.
E a pílula do dia seguinte?
A
anticoncepção de emergência, conhecida como
pílula do dia seguinte, não deve ser considerada um método regular. O medicamento, cuja base é a progesterona, age dificultando o encontro do espermatozoide com o óvulo. Seu uso deve ser ministrado logo após o coito desprotegido, uma vez que a eficácia diminui conforme o tempo passa. Se a fecundação do espermatozoide no óvulo já aconteceu, a pílula perde qualquer efeito. Por isso, não é considerada abortiva.
Devido à alta dose hormonal administrada e a sua menor eficácia comparada aos anticoncepcionais comuns, a pílula do dia seguinte deve ser reservada para exceções emergenciais, não podendo ser tomada com frequência.
Pílula anticoncepcional causa trombose?
Métodos que usam estrogênio podem interferir na coagulação e aumentar o risco de trombose nas mulheres suscetíveis. Porém, o risco é bastante baixo (quatro em cada mil usuárias de pílula, comparado com uma em cada mil entre as não usuárias). O risco aumenta em casos que tenham histórico familiar de trombose e após a gravidez. Por isso, é tão importante conversar com o médico antes de decidir o melhor método.
Anticoncepcional engorda?
Embora não haja relação entre os hormônios e a produção de gordura, em alguns casos, pode haver retenção de líquido e sensação de inchaço. Outros efeitos colaterais frequentes, que podem variar conforme o método, são acne, dor nas mamas, dor de cabeça e menstruação irregular. Apesar de serem comuns, precisam ser comunicados ao médico para que, juntos, paciente e especialista cheguem a uma alternativa segura e que reduza esses incômodos.
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Métodos contraceptivos masculinos?
Quando falamos de anticoncepcionais, a imagem feminina vem automaticamente à mente. Atualmente, os métodos contraceptivos masculinos existentes são a vasectomia e o preservativo (camisinha).
Enquanto o preservativo é um método de barreira válido para cada relação, a vasectomia é um método cirúrgico que pode ser definitivo (irreversível). Existe a possibilidade de uma segunda cirurgia de reversão, com maior sucesso para vasectomias feitas há menos de cinco anos. Outros métodos anticoncepcionais ainda estão sendo estudados.
Da mesma forma que a gravidez é uma responsabilidade do casal, é ideal que os métodos de contracepção também sejam discutidos pelas partes envolvidas e, sobretudo, com orientação médica.
Texto: Agência Babushka | Edição e Revisão: Unimed do Brasil
Fonte: Febrasgo, Cad. Saúde Pública
Revisão técnica: equipe médica da Unimed do Brasil