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Você busca uma segunda opinião no diagnóstico médico?

Você busca uma segunda opinião no diagnóstico médico?

Prática de ouvir um segundo parecer cresce entre os pacientes brasileiros e tem sido estimulada pelos médicos

Você busca uma segunda opinião no diagnóstico médico?

10 Outubro 2012
Você já procurou um segundo médico para se tranquilizar sobre um diagnóstico? Ou buscou uma segunda opinião porque não confiou nas palavras do profissional da saúde? Ouvir um segundo parecer é uma prática crescente entre os brasileiros.

Nos últimos 5 anos, quatro em cada 10 pacientes recorreram a uma segunda opinião, aponta uma pesquisa pioneira no Brasil desenvolvida pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Entre os médicos, a atitude também é adotada: 79% dos médicos estimulam os pacientes a buscarem uma segunda opinião. No fim dos anos 1990, os índices não chegavam a 20%.

A falta de confiança no primeiro médico é o principal motivo que leva os brasileiros a visitarem outros consultórios em busca de novos pareceres. A confirmação do diagnóstico e a persistência dos sintomas são os outros motivos que motivam as consultas adicionais, indica a pesquisa do professor da UFJF José Antonio Chehuen.

O médico, que é cirurgião de cabeça e pescoço, afirma que quando o paciente não se sente seguro com um especialista, há uma tendência de comprometer o tratamento. “Ao ouvir uma segunda opinião, adquire-se mais segurança no profissional, o que beneficia positivamente o comportamento do paciente. Se há um parecer contraditório, deve-se buscar um terceiro médico e assim sucessivamente...”, recomenda Chehuen.

Mais transparência na relação médico-paciente

Indicada nos casos de alta e média complexidade (quando há risco de vida para o paciente ou possibilidade de sequelas) e feita de modo consensual, Chehuen diz que a segunda opinião representa mais transparência na relação entre o médico e o paciente. Mas muitos pacientes ainda não sentem à vontade para contar ao médico o real motivo da consulta. Entre colegas de profissão, a prática pedir uma segunda opinião a outro especialista é feita com mais naturalidade do que há poucos anos, mas ainda gera constrangimentoconta Chehuen. Alguns médicos, têm dificuldade para reconhecer que a opinião de outro colega poderia aperfeiçoar o diagnóstico.

A prática de ouvir um segundo parecer remonta ao século XVII. No tratamento dos nobres europeus, com medo de serem punidos por uma conduta inadequada, os médicos não tomavam uma decisão sem antes consultar seus colegas. Recentemente, a partir dos anos 1980, os Estados Unidos institucionalizaram a importância da segunda opinião. No Brasil, não há consenso entre a classe médica sobre a necessidade. “Ainda não se pensou politicamente sobre a importância. Mas estamos amadurecendo. Prova disso é que a maior parte dos profissionais incentiva a segunda opinião. Se o parecer confirmar ou complementar o parecer, o diagnóstico fica mais preciso”, salienta Cheuen.

Alguns hospitais brasileiros, como o Sírio Libanês, em São Paulo, já recorrerem ao serviço. A presidenta Dilma Rousseff, em 2009, e o ator Reynaldo Gianecchini, em 2011, foram diagnosticados com linfoma não Hodgkin e tiveram seus exames revistos por uma equipe de médicos norte-americanos do MD Anderson. O primeiro centro brasileiro destinado a emitir segundas opiniões nos moldes americanos foi inaugurado neste ano. O grupo de especialistas do Hospital São José, na capital paulista, é coordenado por renomados oncologistas do país, que analisam a distância exames enviados por outros médicos, sem a presença do doente.

A pesquisa

_ José Antonio Chehuen entrevistou médicos e pacientes de Juiz de Fora, Minas Gerais. Os 554 pacientes responderam a sete perguntas e 150 médicos da cidade participaram de um levantamento sobre a prática da segunda opinião.

_ (43%) dos entrevistados solicitaram uma segunda opinião médica nos últimos cinco anos, sendo que 60,1% desses buscaram-na mais de uma vez
_ quem considera a saúde razoável, ruim ou péssima tende a buscar mais o procedimento do que aqueles que dizem ter a saúde boa ou muito boa
_ Pessoas com nível superior buscam mais informações complementares sobre seu estado de saúde do que os de menor escolaridade

Motivos alegados pelos pacientes para buscar a segunda opinião médica
*permitiu-se marcar mais de uma opção

Falta de confiança no 1° médico 50,0%
Confirmação de diagnóstico 42,4%
Persistência dos sintomas 30,3%
Atendimento médico inadequado 18,9%
Pressão de familiares e amigos 11,8%
O 1° médico demonstrou desinteresse 10,9%
Cirurgia 9,7%
Diagnóstico de doença grave 22 9,2%
Falta de pedido de exames 12 5,0% 
 

Repórter: Francine Athaide Cadore

Fonte: Universidade Federal de Juiz de Fora e Revista Veja, de 7 de março de 2012

Conteúdo aprovado pelo responsável técnico-científico do Portal Unimed.


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