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vemVIVER

setembro 2015

doutorresponde

A Universidade Johns Hopkins,

nos Estados Unidos, realizou um

estudo no qual relaciona o ronco

alto e o sono difícil a uma menor

expectativa de vida. Segundo a

pesquisa, pessoas que apresentam

dificuldade para respirar durante

o sono têm 50% mais chances

de morrer antes de alguém da

mesma idade que não enfrenta

o problema. Afinal, quais são as

causas do ronco? Ele realmente

diminui a expectativa de vida?

O excesso de compromissos do

dia a dia e o estresse podem

contribuir para o problema?

O ronco noturno

, caracterizado pelo ruído res-

piratório enquanto dormimos, representa um sinal de

resistência da via aérea superior e de apneia obstruti-

va do sono. Além de causar constrangimento social,

o maior inconveniente do ronco ocorre quando está

associado à sonolência excessiva diurna, o que repre-

senta um aumento de 90% no risco de doença crôni-

ca, evolutiva e com alto grau de mortalidade. A apneia

obstrutiva do sono se dá pelo colabamento da via aé-

rea por alguns períodos do sono, que ocorre por diver-

sos fatores, fazendo com que a pessoa pare de respirar

por um tempomaior do que dez segundos. O diagnós-

tico correto é feito por umexame de noite inteira, cha-

mado polissonografia.

Um estudo da Universidade Federal de São Paulo

(Unifesp) detectou, por meio da polissonografia, que

38% da população de São Paulo possui esse tipo de

distúrbio. Alguns fatores predispõem a doença, como

a obesidade central e o sexo masculino. Os homens

são de oito a dez vezes mais acometidos com o pro-

blema. No entanto, mulheres na menopausa apresen-

tamum riscomaior de desenvolvê-lo por conta da in-

fluência hormonal, que tambémprejudica a respiração

durante o sono.

As pessoas com apneia frequentemente desenvol-

vem sonolência diurna excessiva. Esse fato está dire-

tamente relacionado à fragmentação do sono e à per-

da dos estágios mais profundos do período não-REM.,

que ocupam cerca de 75% do processo do sono.

Outras sequelas que podem se tornar crônicas são a

depressão, as alterações de personalidade, o prejuízo

das funções cognitivas, a atenção e a memória. Os pa-

cientes com apneia obstrutiva, por exemplo, são sete

vezes mais sujeitos aos acidentes de trânsito do que a

população geral.

Alémdisso, a apneia do sono é considerada um gra-

ve problema de saúde pública devido ao aumento do

risco de hipertensão arterial, acidente vascular cere-

bral (AVC) e infarto do miocárdio. Por isso, é compro-

vado que o ronco pode diminuir a expectativa de vida.

Para reverter esse quadro, é necessário mudar o

estilo de vida. A perda de peso, por exemplo, é uma

das medidas mais adotadas, uma vez que o excesso

de gordura ao redor do pescoço contribui para o blo-

queio das vias respiratórias. Junto a ela estão a prática

de exercícios físicos e o abandono do tabagismo. Ape-

nas um especialista poderá analisar o caso, diagnos-

ticá-lo corretamente e orientar o melhor tratamento.

dra. caroline harumi itamoto,

otorrinolaringologista emédica auditora

da Central Nacional Unimed

FOTO: ARQUIVO PESSOAL