Em linhas gerais, o que é medo?
Medo é um estado básico automático que senti-
mos perante um objeto, situação ou circunstância es-
pecífica, desencadeado pela percepção ou conclusão
de perigo real ou potencial. Pensamentos de ameaça
e perigo iminente à nossa segurança e proteção são as
principais características do medo.
E o que é fobia?
Fobia é ummedo irracional de intensidade despro-
porcional direcionado a um objeto ou situação, ocasio-
nando prejuízos significativos que se manifestam sob
a forma de condutas inadequadas ou disfuncionais e/
ou intenso sofrimento subjetivo. As fobias podem ser
divididas em Fobias Específicas e Fobia Social. Exem-
plo de Fobias Específicas: Tipo Animal (aranhas, ratos,
insetos), Tipo Ambiente Natural (tempestades, água,
altura), Tipo Sangue (injeção, ferimentos) e Tipo Situa-
cional (elevador, pontes, avião). A Fobia Social envolve
situações sociais como falar em público, escrever sen-
do observado, pedir informação a estranhos etc.
Quais são os sintomas físicos de fobia?
Os sintomas físicos de medo e ansiedade variam
entre as pessoas na quantidade e intensidade, mas,
geralmente, são: aumento da frequência cardíaca (pal-
pitações), falta de ar (ou respiração rápida), dor ou
pressão no peito, tremores (estremecimento), sudore-
se (calores ou calafrios), boca seca, fraqueza (ou sen-
sação de desequilíbrio, sensação de desmaio), náuse-
as, vertigens (tonturas), tensão muscular (rigidez) e
formigamentos (dormência nos braços e pernas).
Seria possível traçar pontos que diferenciem a fo-
bia do medo?
O medo ou ansiedade normal provocado pela ne-
cessidade de ir a uma entrevista de emprego ou apre-
sentar um trabalho a um grande grupo tornam as pes-
soas mais alertas e preparadas, sendo maior a chance
de obter êxito. O medo e a ansiedade são bons neste
caso porque nos favorecem. No entanto, nas fobias o
medo tende a ser mais exagerado, amplamente irre-
alista (irracional), intenso, persistente, generalizado e
interferente na rotina do indivíduo, ocasionando pre-
juízos ao seu bem-estar e desempenho. A pessoa sabe
que seu medo não condiz com a realidade numa fobia.
É comum que a pessoa com alguma fobia possa
sentir algum preconceito?
Pode acontecer e inclusive a própria pessoa porta-
dora da fobia pode se sentir inadequada, embaraçada
ou constrangida por saber que os temores apresenta-
dos não possuem racionalidade.
Como nasce uma fobia?
Existem diferentes embasamentos para o surgi-
mento das fobias, variando conforme o ramo de pes-
quisa. Dentro do modelo Cognitivo Comportamental,
alguns fatores podem predispor o início das Fobias
Específicas, como eventos traumáticos (ser atacado
por um cão, ficar preso numa sala, ficar exposto a um
temporal muito forte), observação de outras pessoas
que estejam demonstrando pavor ou sofrendo trau-
mas, transmissão de informações referentes a perigo
de animais/situações/objetos e ainda
ataques de pânico inespera-
dos na situação fu-
turamente te-
mida. Já a
etiolo-
g i a
da Fobia Social
pode ser atribuída
à
vulnerabilidade
biológica, associa-
da à vulnerabilidade
psicológica e ocor-
rências de eventos
estressores (experi-
ências humilhantes,
constrangedoras,
de avaliações so-
ciais negativas).
É preciso tratar
fobias?
Sim e não. Quan-
do a pessoa deixa
de realizar suas tarefas rotineiras em função deste
medo, ocorrendo um prejuízo significativo ou intenso
sofrimento em alguma área importante de sua vida,
deve tratar esta fobia. No entanto, se a pessoa não é
exposta com frequência a estes objetos ou situações
fóbicas, não havendo alteração em seu funcionamen-
to social/ocupacional e nem sofrimento significativo,
ela pode conviver com esta fobia sem um tratamento.
A pessoa que tem fobia de avião, mas que raramente
viaja para distâncias maiores, pode ter uma vida relati-
vamente normal, fazendo estas viagens de carro, ôni-
bus ou outro meio de transporte.
Caso seja preciso tratamento, como ele ocorre?
Depende da abordagem terapêutica. Na psicologia
existem diferentes modelos de tratamento e cada um
empregará suas estratégias e técnicas (quando hou-
ver) para tratar a fobia. A evolução do paciente, bem
como o tempo em que ele ficará em tratamento, tam-
bém dependerão da linha de tratamento a ser adotada.
É comum entre as pessoas leigas o senso de que
para "vencer ummedo" é preciso "enfrentá-lo", o que
caberia para fobias. Por esse pensamento, uma pes-
soa com fobia de altura deve se expor à alturas para
"curar" esse transtorno. Isso faz sentido?
Isso faz muito sentido para algumas abordagens
terapêuticas. Na terapia Cognitivo Comportamental,
que é um dos tratamentos preconizados para as fo-
bias, a exposição ao medo é uma etapa extrema-
mente importante. Da perspectiva deste modelo,
o enfrentamento é relevante para corrigir pen-
samentos disfuncionais e gerar respostas mais
realistas em relação a estes medos, reduzindo a
ansiedade num médio longo prazo.
Você poderia relacionar algumas fobias co-
muns?
Em adultos algumas fobias comuns são de ele-
vador e de dirigir.
13 | Unimed-ES | Novembro de 2014
Psicologia
Seu medo é real?
Com intensidade desproporcional, a fobia é um medo irracional,
diferente de um sentimento de perigo real
Anderson, psicólogo da Unimed ES
Psicólogo da Unimed Encosta da Serra, Ander-
son da Silva Greff explica nesta entrevista as dife-
renças entre medo e fobia e esclarece quando é a
hora de buscar ajuda.