Saúde na Vitrine | Unimed Encosta da Serra | Novembro/2014 n° 62 - page 5

Participação da família
De acordo com a psicopedagoga, a criança cuja
família participa de forma mais direta no cotidia-
no escolar apresenta um desempenho superior em
relação àquela cujos pais estão ausentes do seu
processo educacional. "É fundamental que os pais
demonstrem interesse, para que o filho perceba
que aprender é algo prazeroso e importante para a
sua vida", avalia. Cássia sustenta que a presença da
família deve ocorrer de maneira constante e cons-
ciente, com participação ativa nas atividades esco-
lares.
Rotina de estudos
Conforme esclarece a psicopedagoga, ter uma
rotina de estudos pré-estabelecida ajuda a dividir
melhor o tempo da criança e também a desenvolver
seu senso de organização. No entanto, é necessá-
rio tomar alguns cuidados para não fazer cobranças
desnecessárias nem sobrecarregar o estudante com
excesso de tarefas. "Atividades extras como dança,
inglês ou música devem ser motivadoras para a
criança, e não uma carga imposta", defende Cássia.
A rotina é um dos aspectos principais para o de-
senvolvimento da autonomia da criança, já que os
torna mais seguros de si e propicia um espaço sau-
dável para o crescimento de uma sólida autoestima.
Ela alerta que, quanto menos idade a criança tiver,
mais importantes são os rituais rotineiros.
Fatores ambientais também são extremamen-
te importantes na formação da rotina. Sempre que
possível, deve-se incentivar a convivência familiar
durante as refeições, as atividades escolares e até
ao assistir à TV. Ficar fisicamente próximo à criança
durante seus momentos de estudo em casa tam-
bém contribui para que o horário de estudos seja
agradável e não solitário.
Comparações com irmãos estão proibidas
Os pais são responsáveis pela sustentação emo-
cional dos filhos. No entanto, na tentativa de incen-
tivá-los a fazer algo que não gostam, acabam fazen-
do comparações com irmãos. Esse tipo de atitude,
porém, pode gerar diversos problemas, como a riva-
lidade entre irmãos. Ao invés de estimular a compe-
tição, é aconselhável valorizar os pontos fortes de
cada criança.
Conforme Cássia, pode ser mais interessante
comparar a criança com ela mesma, dizendo coisas
como: "Filho, lembra quando você estudou pra pro-
va de Português. Você aprendeu bastante coisa e se
saiu superbem". A psicopedagoga lembra que cada
criança tem uma personalidade, com características
diferentes do irmão. É importante que sejam valori-
zadas as qualidades dessa criança, pois, o que para
o irmão é fácil, para essa criança pode ser que não
seja.
Atenção é fundamental
Embora muitos pais acreditem que educar seja
um papel escolar, a psicopedagoga Cássia Petry ex-
plica que os valores devem ser repassados pelos
pais através do diálogo, das atitudes, das reações.
"É o que temos de mais importante para ensinar,
pois assim que conseguimos fazê-los entender es-
ses valores, a segurança é dada", sustenta.
A escola tem a função de informar, de passar o
conteúdo das matérias, as técnicas de aprendizado,
de desenvolver intelectualmente os alunos. Porém,
mais do que isso, a escola só é completa quando
existe o amparo emocional, o acolhimento do aluno
como pessoa, como indivíduo. Por isso a união de
forças entre escola e pais é fundamental para que o
diálogo de vida com o aluno seja o mais completo
possível.
Acompanhar o crescimento educacional da
criança aumenta suas habilidades sociais e diminui
a chance de ter problemas de comportamento. No
entanto, isso não significa somente cobrar. "É bem
mais do que isso. É incentivar, dialogar, elogiar, en-
sinar, prestigiar, acompanhar e discutir. A cobrança é
o último instrumento nessa parceria", observa Cás-
sia. No momento em que a criança se sente escuta-
da, amparada, prestigiada, tem mais estímulo para
aprender e aproveitar todas as oportunidades que a
escola promove.
Bate-papo com
a especialista
Cássia Petry
De que forma os pais podem contribuir
com a vida escolar do filho?
A participação da família é fundamental
no processo de aprendizado, uma vez
que a criança cuja família é participativa
apresenta resultados melhores na escola.
Esta participação, porém, não se resume
a acompanhar as notas, mas acompanhar
as demais atividades escolares, bem como
mostrar ao filho de que forma ele pode
empregar em sua vida o conhecimento
adquirido.
É aconselhável que os pais estabeleçam a
rotina de estudos para o filho?
Ter prazos e horários estabelecidos
traz tranquilidade e confiança para as
crianças, fazendo com que elas não
se sintam tão ansiosas. O auxílio dos
adultos nessa organização é crucial e
são necessárias conversas para que os
combinados sejam feitos entre pais e
filhos. O ambiente familiar deve favorecer
uma rotina de estudo, em que a criança
possa estudar de forma regular, pois os
rituais rotineiros são muito importantes
nesta construção.
Qual a importância da
família nos estudos?
O acompanhamento familiar é fundamental.
Os pais devem demonstrar interesse não
apenas em situações negativas (como notas
baixas, brigas com colegas e isolamento),
mas também participar de outras atividades
escolares, como comemorações organizadas
pela escola, demonstrando que valorizam
seu mundo acadêmico.
5 | Unimed-ES | Novembro de 2014
A Revista da Unimed dá destaque a um artigo escrito recentemente pelo economista
Gustavo Ioschpe. O texto tem o seguinte título: Você prefere que seu filho seja inteligen-
te ou esforçado? No artigo, Gustavo apresentou um teste feito com crianças nos Estados
Unidos. Os pequenos receberam problemas para serem resolvidos. Independentemente do
resultado, as crianças receberam comentários dos experimentadores sobre seu desempenho
após os testes. Metade dos pequenos ganhou elogios com créditos para sua inteligência; a ou-
tra metade das crianças ouviu elogios por conta de seu esforço.
Conforme escreveu o economista, o incrível desse experimento e de outros semelhantes é o
enorme impacto que uma simples frase teve no comportamento das crianças. "Aquelas que re-
ceberam elogio por sua inteligência atribuíram seu desempenho ao seu talento, enquanto as que
receberam elogio por seu esforço atribuíram seu resultado a quão duro haviam trabalhado", disse
Gustavo.
Após receberem os elogios, as crianças tiveram que escolher novos problemas para serem re-
solvidos na etapa seguinte do teste. O tipo de problema que elas optaram por resolver na sequ-
ência também foi significativamente influenciado pelo comentário do experimentador: 67% da-
quelas que receberam elogios por sua inteligência preferiam trabalhar em problemas fáceis que
lhes permitissem continuar parecendo inteligentes, enquanto 92% das elogiadas por seu esforço
queriam problemas em que pudessem aprender mais. Gustavo escreveu que as crianças elogia-
das por sua inteligência explicaram seu desempenho em termos de habilidades fixas, enquan-
to aquelas elogiadas por seu esforço o explicaram em termos da intensidade de energia que
devotaram aos problemas. "Como o talento é fixo, mas o esforço é mutável, as crianças que
atribuíram seu sucesso ao talento sofreram um baque quando fracassaram. Elas perseve-
rarammenos nos problemas e declararam gostar menos de resolvê-los do que aquelas
elogiadas por seu esforço", escreveu.
Inteligência ou esforço?
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