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Unimed Federação Minas
Em apenas três anos, o Brasil viu sua
taxa de crescimento econômico cair de
4,3% ao ano, em 2010, para 2,3%, em
2013, deixando a população receosa com
a drástica virada do Produto Interno
Bruto (PIB). Além disso, no último triênio,
a inflação média ficou em 6,1% ao ano,
superando a meta do governo de 4,5%,
desde 2000. Em um período político tão
importante para o país, entender o que
aconteceu com a economia nacional é
fator fundamental para rever investi-
mentos, objetivos e desafios em todos
os segmentos.
Embora alguns analistas creditem a
desaceleração econômica a fatores exter-
nos, como o baixo crescimento de países
da Europa e da América do Norte em con-
sequência da crise de 2008, o economista,
colunista da Folha de São Paulo e ex-dire-
tor de Assuntos Internacionais do Banco
Central, Alexandre Schwartsman, apontou
outra análise em palestra realizada du-
rante o
Simpósio das Unimeds de Minas
Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro
, no
fim de agosto (confira na página 6).
Para ele, se contemplar a expansão
do Brasil e de outros países entre 2009 e
2011 e, depois, de 2012 a 2014, percebe-
se uma disparidade expressiva de ritmo.
“Enquanto o mundo estava em crise, o
Brasil se manteve bem e, quando os ou-
tros países retomaram seu crescimento, a
economia nacional despencou. Ainda que
a crise de 2008 tenha influenciado um
pouco, o momento que o país vive não é
reflexo direto desse cenário.”
caiu para 1%. O envelhecimento da popu-
lação é um fenômeno demográfico, mas o
cenário não é resultado apenas disso”, re-
vela o especialista.
Essa análise demonstra que a popu-
lação economicamente ativa, que real-
mente está trabalhando ou buscando
emprego, está encolhendo. Uma das pos-
sibilidades encontra-se no comporta-
mento de jovens de 18 a 24 anos, que, na
década de 2000, correspondiam a 70%
deste grupo e, nos últimos quatro anos,
caiu para 66%.
Programas de financiamento da edu-
cação e o comportamento da nova gera-
ção, que prioriza o trabalho informal,
podem ser alguns dos fatores que leva-
ram a essa retração. “Estamos diante do
pior quadro possível. Se nós temos
menos gente trabalhando e, em paralelo,
uma queda do crescimento da produtivi-
dade, o PIB realmente vai crescer muito
menos e os investimentos começarão a ir
embora”, observa Schwartsman.
Somado a isso, ainda há a inflação,
que a cada dia mais impacta a competiti-
vidade de vários setores. “Os salários
estão crescendo mais que o país e a pro-
dutividade, gerando custos altos para a
indústria e o setor de serviços. Se essas
áreas sofrem, têm que cortar custos, e é aí
que o medo do desemprego nos assola
novamente.”
O economista pontua que a inflação
está sendo contida por duas decisões
equivocadas e que, em breve, serão in-
suficientes para impedir o aumento do
Possíveis causas
Na opinião de Alexandre Schwarts-
man, as origens da instabilidade econô-
mica são domésticas. Uma delas está
ancorada na redução do crescimento da
produtividade, que vinha em um ritmo
acelerado entre 1990 e 2006 em função
de diversas iniciativas reformistas, como
abertura comercial, financiamento habi-
tacional, privatização de setores e criação
de crédito consignado. Ele explica que,
após 2006, houve uma desaceleração da
expansão, muito em função do aumento
do preço de
commodities
, dos investi-
mentos sociais e dos escândalos de cor-
rupção política, que redirecionaram os
esforços para outros temas.
Outro fator que elucidaria esse cená-
rio é o fato de haver ummenor número de
pessoas trabalhando no país. “A popula-
ção em idade ativa, que corresponde aos
habitantes commais de 15 anos de idade,
em 2004, crescia a 2% ao ano. Hoje, ela
turas
Para Alexandre, PIB menor reflete
a queda do número de profissionais ativos
Fotos: Tomich Produções Artísticas