REVISTA VIVA
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paciente, é solicitado, por exemplo, exames da tireóide e
hemograma. E iniciamos o atendimento de estimulação
precoce (fisioterapia e fonoaudiologia). Nomomento da no-
tícia que o bebê tem SD, a família precisa de acolhimento, e
apoio da equipe que acompanha omomento é fundamental.
Terezinha Sarquis Cintra, geneticista
Pessoas com Síndrome de Down apresentam atraso no
desenvolvimento da linguagem?
O atraso observado na pessoa com SD é global, por isso a
importância do atendimento e acompanhamentomultidis-
ciplinar que envolve diversas áreas como fisioterapia, fono-
audiologia, terapia ocupacional, psicologia e pedagogia. Os
atendimentos de estimulação variamcoma idade da pessoa
e com as necessidades específicas de cada um.
Terezinha Sarquis Cintra, geneticista
E o autismo, quais são as principais características comuns?
É comume essencial a presença de distúrbios persistentes na
reciprocidade da comunicação e interações sociais aliados a
padrões restritos e repetitivos de comportamentos, interes-
ses e atividades que possamcomprometer significativamen-
te o desenvolvimento social e ocupacional do cotidiano. O
diagnóstico requer a presença de traços especificadores de
comportamento: "comou sematraso intelectual", "o grau de
comprometimento de linguagem" e "transtornos específicos
de habilidades escolares".
Telma Freitas Pimenta, psiquiatra
A partir de que idade os pais podem perceber o autismo na
criança?
Em casos menos graves, após o segundo ano de vida, em
casos mais graves antes do primeiro ano de vida. O mais
comum é que seja reconhecido durante o segundo ano de
vida. É importante observar crianças que apresentam um
cessar ou regressão na aquisição de comportamentos sociais
e desenvolvimento de linguagem tipicamente no período
dos 12 aos 24meses de idade.
Telma Freitas Pimenta, psiquiatra
Como o autismo pode ser identificado?
Atrasos e padrões atípicos devem chamar a atenção, como
por exemplo: quando a criança conhece o alfabeto, mas não
responde ao próprio nome; ausência ou pouco contato visu-
al; uso não funcional dos brinquedos, por exemplo, alinha
os carrinhos, porém não brinca com os mesmos ou joga e
quebra os brinquedos. Distúrbios na qualidade do sono são
comuns, assim como alimentação com exclusividade para
certos tipos de alimentos. Vale ressaltar que o diagnóstico,
sempre clínico, deve levar em consideração o tipo, frequên-
cia e intensidade dos sintomas.
Telma Freitas Pimenta, psiquiatra
Todo autista vive "no seu próprio mundo"?
Embora possam existir distúrbios da compreensão da lin-
guagem falada, aprender como iniciar uma conversa com o
autista requer prática e conhecimento. Não use frases longas
e abstratas e evite analogias, pois ele pode interpretar de
forma literal e não responder por apresentar-se confuso e
inseguro. A psiquiatra e escritora inglesa LornaWing, autora
de publicações sobre o assunto, descreve três tipos no tocan-
te a socialização: autistas com pouco ou nenhum contato
social, autistas que requerem incentivos ou estímulos para
estabelecer contatos sociais e autistas que estabelecemcon-
tatos sociais espontaneamente, porémde forma inadequada,
inoportuna ou desajeitada.
Telma Freitas Pimenta, psiquiatra
A pessoa com autismo pode espernear e provocar grande
confusão ao redor?
Sim. Déficits na cognição do pragmatismo social provocam
reações inadequadas ou imprevistas nos ambientes sociais.
Portanto, familiares e professores requerem treinamento e
manejos estratégicos para lidar de modo eficaz nessas situ-
ações que, infelizmente, são bastante comuns.
Telma Freitas Pimenta, psiquiatra
Como é o tratamento do autismo?
Após feito o diagnóstico por psiquiatras com experiência no
assunto, as intervenções vão levar em consideração a faixa
etária,o grau de comprometimento, a presença de comorbi-
dades e, principalmente, a aliança terapêutica estabelecida
como paciente e os cuidadores. Psicofármacos são utilizados
na presença de comorbidades, muito comuns nos transtornos
do espectro autista e aperfeiçoam as demais intervenções.
Uma equipe multiprofissional capacitada e com experiência
no atendimento do transtorno desempenha umpapel crucial
no sucesso do tratamento. Encaminhamento para consulta
comgeneticista faz parte da rotina. Exames laboratoriais e de
neuroimagem podem complementar o diagnóstico quando
na presença de indicação clínica. Neurologistas tambémpar-
ticipamdo tratamento na presença de co-morbidades neuro-
lógicas como epilepsia, doenças neurodegenerativas e outras.
Telma Freitas Pimenta, psiquiatra