https://www.unimed.coop.br/site/o/sites-theme/images/cards-noticias/noticias-padrao.png

“Não pode ofertar leite de outra pessoa, em hipótese alguma”, alerta pediatra sobre amamentação

Prática é chamada de aleitamento cruzado e coloca saúde da criança em risco
Texto: Silvana Costa e Jessica Santos
Design: Guilherme Cruz
        11 de agosto, 2022
O mês de agosto abre debate para uma pauta importante: o de conscientização para a doação de leite. Conhecido como Agosto Dourado, a Organização Mundial da Saúde a (OMS) determinou este mês para o incentivo ao aleitamento materno, com foco na amamentação – prática que pode ser considerada segura quando realizada de mãe para filho (a).
 
A médica pediatra Raquel Leoncio de Almeida diz que a busca de informações sobre a amamentação é importante porque pode ajuda a evitar fissuras mamilares e dor durante a amamentação.

Ela afirma, ainda, que o primeiro leite oferecido ao bebê, chamado de colostro, é considerado a primeira vacina da criança. Ela alerta que, em hipótese alguma, não seja oferecido “leite de outra pessoa”, por ser uma prática que coloca a criança em vulnerabilidade a doenças infectocontagiosas, "já que algumas infecções podem ser transmitidas pelo leite materno.


Esse posicionamento já foi adotado pelo Ministério da Saúde, numa portaria publicada em 1993, que orientava que “as equipes de saúde devem proibir que as mães amamentassem outros recém-nascidos que não os seus”.

Segundo o Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI-2019), 62,4% das crianças foram amamentadas na primeira hora de vida, no Brasil.

Já nos primeiros seis meses, a estatística é de 45,8%. Aos 12 meses, é de 52,1%, e 35,5% aos 24 meses de vida. Foi observado no estudo, também, que metade das crianças de até dois anos usam mamadeiras e chupetas. O uso desses objetos, segundo a OMS, pode ocasionar dificuldades na fala e mastigação.


Nesta entrevista, a pediatra Raquel Leoncio de Almeida, formada pelo Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos (ITPAC), de Porto Nacional, e com residência em pediatria pela Santa Casa de Misericórdia do  Pará, fala sobre a importância e dos benefícios da amamentação, além de esclarecer dúvidas sobre o assunto.

Confira, abaixo, a entrevista completa.


Unimed Maranhão do Sul: O que fazer para o bebê pegar a mama nos primeiros dias? Esse procedimento é feito em casa?

Dra. Raquel Leoncio: Para o bebê pegar a mama nos primeiros dias, precisa colocá-lo para mamar logo na primeira hora de vida ao nascimento e realizar, também, a pele a pele com a mãe. O procedimento é feito na sala de parto ou no centro cirúrgico, se o bebê nascer de parto cesariano.

UMS: Se o bebê chorar e a mãe não souber o que pode ser, pode oferecer o leite para ele?

Raquel Leoncio: Caso o bebê chore, você precisa estar atenta a alguns sinais. Exemplo: se a última mamada estiver com muito tempo e o bebê colocar a mãozinha na boca, ele está dando sinais de fome. Porém, precisa observar se é dor ou fralda suja.

UMS: Faz mal dar muito leite para o bebê? Como saber a hora certa de parar?

Raquel Leoncio: O aleitamento precisa ser em livre demanda. O bebê decide quando quer mamar. E quando o bebê estiver saciado, ele vai parar de sugar o seio materno.

UMS: Se a mãe não estiver produzindo muito leite. O que ela deve fazer para aumentar a produção?

Raquel Leoncio: Existem vários fatores primordiais para aumentar a produção de leite, como colocar o bebê para sugar mais o seio, aumentar a ingestão hídrica e controlar a ansiedade materna.

UMS: Como equilibrar a alternância entre uma mama e outra?

Raquel Leoncio: Durante a amamentação é necessário ofertar as duas mamas. Caso o bebê não fique saciado na segunda mama e perceber que ainda ficou leite na próxima mamada, é preciso dar a última mama que ainda ficou leite materno.

UMS: Se a mãe não estiver produzindo leite o suficiente, ela pode oferecer leite materno de outra pessoa para o bebê?

Raquel Leoncio: Não pode ofertar leite de outra pessoa em hipótese alguma. Essa prática é a amamentação cruzada e caso a outra pessoa tenha alguma doença infecto contagiosa que contra indique a amamentação o bebê vai contrair a doença.

UMS: Qual é a melhor ou as melhores posições para amamentar?

Raquel Leoncio: A mãe precisa estar em uma posição confortável para ela e para o bebê.

UMS: Quais são os principais benefícios do leite materno?

Raquel Leoncio: Os benefícios são vários tanto para o bebê quanto para a mãe. Para o bebê estabelece vínculo materno entre o binômio mãe e filho. O colostro logo na primeira hora de vida é a primeira vacina do bebê, [porque] reduz a mortalidade infantil, protege contra infecções respiratórias, diarreias, alergias e doenças crônicas na vida adulta, como obesidade e hipertensão arterial.

UMS: Pode oferecer água ao bebê que está no aleitamento materno exclusivo?

Raquel Leoncio: Não. O leite materno é completo, já vem com água e nutrientes necessários para o crescimento e desenvolvimento adequado do bebê.

UMS: A alimentação da mãe interfere no leite?

Raquel Leoncio: Não. Porém, alguns alimentos costumam dar mais gases do que outros, em qualquer pessoa. São esses os alimentos que a lactante precisa evitar. Exemplo, restringir cafeína, álcool e peixes que contém maior teor de mercúrio e alimentos ultraprocessados.

Confira aqui 5 mitos e verdades sobre doação de leite materno.

Edição de texto
Wanderson Souza