REVISTA VIVA
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Luiz Augusto Becacici fez os partos dos
dois filhos e viu o mais novo renascer após
ter infecção generalizada
society. Ele caiu e teve os ligamentos do ombro
esquerdo rompidos. Alguns dias depois da cirur-
gia, começou a sentir fortes dores e os exames
mostraram um quadro grave de infecção. Foram
momentos de ansiedade". Comomédico, mas sem
deixar de ser pai, ele acompanhou de perto todos
os procedimentos durante os dois meses em que
esteve internado na UTI. "Omeu filho mais velho,
Márcio, ficou em tempo integral ao lado do irmão,
deixando até mesmo o trabalho naquele período.
A minha esposa precisou de acompanhamento
para suportar tamanha ansiedade. Não posso ne-
gar que a força do grupo de orações, pois somos
uma família religiosa e muito unida, nos ajudou.
Graças ao ótimo preparo físico e a sua juventude,
Augusto está tendo uma recuperação extrema-
mente satisfatória. Depois de 28 anos, vi o meu
filho renascer, e estamos muito felizes".
P
esquisas destacam que os profissionais
da Medicina precisam estar prepara-
dos para lidar com a alta intensidade de
emoções e com o fim da vida, especialmente
aqueles que acompanham pacientes em Unida-
des de Tratamento Intensivo (UTIs). Entretanto,
o fato de estar preparado não tira do médico a
sensibilidade e a capacidade de se envolver ou
de se emocionar.
Nesse sentido, o cardiologista Rogério Mon-
tenegro cita um pensamento escrito em um livro
antigo de Terapia Intensiva que resume bem o
que sentem os médicos: "Só não consigo aceitar a
sombra da morte com a banalidade com que um
fruto pesado e maduro se desprende da árvore e
cai ao chão, ao soprar da tempestade".
Conheça a seguir histórias de se emocionar,
que retratam bem a relação médico-paciente.
Emoção em dose dupla
Ginecologista, obstetra emédico do trabalho, for-
mado há 36 anos, Luiz Augusto Becacici Nunes fez
os partos dos dois filhos e, recentemente, acompa-
nhou a luta de umdeles pela vida. "Fiz o parto dos
meus dois filhos: Augusto, 29 anos, administrador,
e Márcio, 30 anos, médico veterinário. Os dois
nasceramde parto normal e prematuros, antes dos
sete meses. Foi uma grande emoção acompanhar
aqueles momentos especiais em minha vida e
nunca imaginei que anos depois estaria sofrendo
a angústia de ver meu filho Augusto enfrentar
umquadro de septicemia (infecção generalizada).
Tudo começou durante uma partida de futebol