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Clic 2024 começa discutindo inovação e futuro

A quarta edição do maior evento sobre inovação do Sistema Unimed é realizada no Expo Dom Pedro, em Campinas (SP)
        09 de maio, 2024


O Congresso de Líderes, Inovação e Ciência – Clic 2024, que é uma iniciativa do hub Vitall, com realização da Unimed Fesp e participação da FespPart, está sendo realizado de 9 a 10 de maio, em Campinas (SP), discutindo o tema “Antecipando o futuro”.


Na abertura do encontro, o Dr. Eduardo Chinaglia, presidente da Unimed Fesp, destacou a importância do evento: “o tema é fundamental e tenho certeza de termos conteúdos muito úteis para todas as Unimeds”.


Já o Dr. Arnaldo Passafini Neto, diretor-superintendente da Fesp, ressaltou que a inovação não está sendo trabalhada apenas na Federação, mas também junto às Unimeds paulistas. “A cultura da inovação tem sido fortalecida pelo Comitê Estadual de Inovação, composto por integrantes de todas as regiões do estado, e o Clic coroa esse movimento”, destacou.



Vitall e FespPart inovam a aceleram inovação

O head de inovação e investimentos da FespPart e Vitall, Ivisen Lourenço, apresentou resultados e novidades que as entidades estão realizando, destacando a remodelagem feita em 2022, de forma que a Vitall se tornou uma estrutura ambidestra de inovação, unindo-se à FespPart, que realiza investimento em diversas empresas do Sistema, o que possibilitou a ampliação de parcerias estratégicas dentro e fora do campo da saúde.

“Nossa ideia é olhar estrategicamente para a inovação, abrindo um portfólio de opções de produtos e investimentos dentro da Unimed. Temos uma visão de longo prazo para novos negócios, criando alternativas, projetos de pesquisas e alianças estratégicas, construindo uma proposta de valor que entregue diferencial e a melhor saúde aos beneficiários”, destacou Ivisen.

Atualmente, há 4 projetos de aceleração, 5 com squads de startups e sempre com um formato de parceria de cocriação e codesenvolvimento. Na oportunidade, Ivisen destacou o Criativi, programa de cultura de inovação para levar essa forma de agir a todas as Unimeds, focada em desenvolver 200 colaboradores no estado de SP, com ações de conteúdo e inovação, e lançou, ainda, o Centro de Inteligência Artificial para as Unimeds do estado de São Paulo: “convidamos todas as Unimeds paulistas para cocriarmos esse centro em conjunto, pois é um tema fundamental”.



Curadoria de Inteligência Artificial

O fundador da Rain Creative A.I,.Domenico Massareto, abordou a curadoria de inteligência artificial. Segundo ele, eventos com grandes públicos dão a chance de acessar insights de ponta, conhecimentos, aprimoramento de habilidades, tendências e oportunidades de negócio.

Considerando que a inteligência artificial vai se chamar apenas inteligência, gerida de maneira total, Domenico propôs uma experiência: “o evento Clic 2024 terá um livro de insights, cocriado pelos palestrantes e congressistas, via Whatsapp, colocando ideias, opiniões e perspectivas, e a Inteligência artificial vai organizar esse conhecimento e escrever o e-book pra gente”.
 

O impacto da ficção científica na inovação real

A cineasta norte-americana CEO da Garage Stories, Marta Ordeig, participando direto de Nova York, trouxe a relação sobre as previsões feitas em filmes de ficção com as inovações que, de fato, se concretizam. A palestrante pontuou que filmes como E.T o Extraterrestre, Minority Report e Blade Runner são feitos a partir da visão de experts e estudiosos em ciência e futuro, e fez uma provocação: “dizem que ficção cientifica cria tecnologias como se fosse premonição. Será que são mesmo?”.

Na área da saúde, segundo ela, recursos que foram mostrados em filmes como Alien, X-Men e Prometheus, já existem na realidade. “Elementos como exoesqueletos, interação entre pensamentos e comandos de computação, bioimpressão e nanorobótica já são estão em fase avançada de desenvolvimento. A ficçao cientifica prevê o futuro ou ela ajuda a imaginar como o futuro pode ser?”.

Ao destacar a importância do storytelling, em que as narrativas trazem perspectivas específicas de uma época, Marta explicou que, hoje, a tendência está em deixar pra trás heróis individuais, brancos e com parceiras, para heróis coletivos, diversos, atuando em equipe, “e isso está ajudando a projetar um tipo de futuro”. Para ela, a metodologia do design fiction permite explorar desdobramentos diferentes na sociedade. “O que criamos hoje, molda o futuro. Em nossos projetos, temos poder para mudar o que vai acontecer e, por isso, devemos ter bem claro que tipo de futuro queremos promover e qual mundo queremos viver”.



Letramentos de futuros

O palestrante Gui Rangel, idealizador da What the future? colocou diante dos congressistas o fato de que “não existe o futuro, pois há muitas possibilidades em jogo”. Segundo o palestrante, quando uma empresa elaborava um planejamento estratégico, pensava-se nos próximos cinco anos, mas hoje, a transformação é exponencial, com tecnologias disruptivas em ritmo acelerado, o que transformou a economia. “Agora, temos que planejar do tático à disrupção”.
Para ele, há três forças no letramento de futuro: as transformações tecnológicas, sociais e de conhecimento. Portanto, seria necessário mapeá-las, o que revela temas como realidade virtual, redes 5G e 6G, internet das coisas, blockchain, robótica, inteligência artificial (IA), entre outros fatores. “Quando elas se juntam, as possibilidades são infinitas”, observou Gui Rangel.

Além disso, fatores como a parceria entre seres humanos e IA, a hiperpersonalização com produtos customizáveis, a desmaterialização, com atendimentos remotos e uma abordagem holística são marcas desse futuro em desenvolvimento. “Na saúde, a grande mudança é que saímos de um sistema reativo e genérico para um sistema prospectivo, proativo e personalizado”. O desafio, segundo ele, é que 47% dos trabalhos atuais devem desaparecer nos próximos 25 anos. 65% das crianças, hoje, atuarão em trabalhos que ainda não existem. “Temos que estar sempre amparados na inovação. Mas é bom saber que quem cria o futuro não corre o risco de ficar obsoleto”, concluiu.
 

Tendências e futuro

A sócia fundadora do Future Hacker, Maria Athayde, falou sobre dilemas da humanidade que envolvem a sustentabilidade e a regulação da inovação e destacou a importância do debate. Afinal, segundo ela, nem todos estão no mesmo patamar, portanto “é preciso incentivar a inovação, mas garantindo que todos estejam protegidos pelas tecnologias, em vez de ameaçados. Ela questionou: será que estamos tendo um ambiente seguro o suficiente para arriscar?”.

Em sua fala, Maria também frisou a cocriação do futuro. De acordo com ela é necessário olhar para além da nossa própria área, uma vez que o impacto de outros campos é real em nosso mercado. Por conta do excesso de informação é um desafio conectar os pontos para traduzir ao dia a dia, por isso a cooperação entre setores é fundamental.

Quando se fala em inovação, focamos muito em tecnologia, mas nada disso vai para frente se não voltarmos às raízes, que envolve o relacionamento com as pessoas. Hoje, temos o risco de gerar uma epidemia da solidão, promovida também pelas tecnologias. Apenas ter empatia não é mais suficiente, a saúde mental de todos deverá estar bem resolvida para que o futuro seja positivo.



Consciência coletiva

O palestrante Cadu Lemos, fundador do Projeto Flow, trouxe um conteúdo que envolveu a discussão sobre a natureza do ser humano, o que pensamos e o que, de fato, somos. Segundo ele, estudiosos já entenderam que a consciência não está dentro do cérebro, mas fora, pois ela é o que causa a atividade cerebral. “Ainda acreditamos que a noção de estar consciente é um ‘eu’, e não entendemos que estamos, na verdade, conectados. Você obviamente não é um pensamento, mas aquilo que está ciente do pensamento”, considerou.

Por isso, Cadu explica que temos que parar de nos identificar com o conteúdo, os pensamentos ou percepções que surgem, pois somos mesmo apenas o local em que eles surgem. Nesse contexto, é possível entender o Flow, que é um estado ampliado de consciência, que pode aumentar em até 500% o desempenho de uma pessoa, e dando até 700% mais habilidade para resolver problemas com criatividade. “No flow, o tempo parece parar, a individualidade desaparece, a ação e consciência se misturam”, explicou.

De acordo com Cadu, para entrar em flow são necessárias três condições: alto foco com objetivo claro, feedback imediato e equilibrar a relação entre desafio e habilidade. Nas organizações, para ele, não tem que haver mais trabalho em equipe, mas sim cultura de flow. “Basta ter igualdade na distribuição de fala, dando o mesmo espaço a todos, sem julgamento, e aplicar a sensibilidade social, que dá a capacidade de intuir como o outro está sentindo”.
 

Mesa - Dilemas da inovação na área da saúde: integração versus resistência

Uma mesa para debater a inovação na saúde foi formada com a participação de Maurício Cerri, superintendente de TI e Inovação da Unimed do Brasil, como moderador, e os debatedores Istvan Camargo, diretor de Inovação do Grupo Sabin, e Thiago Julio, diretor Médico da Memed.

Cerri destacou a importância de trabalhar a inovação de maneira integrada, como tem feito o Sistema Unimed, já ligado a mais de 100 startups em todo o Brasil, e passando pelo intraempreendedorismo, ampliando a experiência corporativa no tema. Segundo Istvan, a inovação era tida como extravagância nas empresas, mas atualmente, especialmente na saúde, as organizações seguem avançando segundo a cultura e estratégia de cada uma. “Só se entende uma nova forma de trabalhar, inovadora, quando de fato se gerencia essa experiência”, disse.

Thiago Julio explicou que o mundo corporativo precisou acelerar o processo de inovação especialmente na pandemia, e as empresas que já tinham parcerias com startups saíram na frente porque já tinham olhar para inovação. O debatedor ressaltou, também, que a inovação não é só ganho de escala, mas resolver problemas que, geralmente, estão mais focados na habilidade de mobilizar os recursos da empresa para transformar uma ideia em realidade.

Cenarização de futuros

A fundadora do Voicers, Ligia Zotini, trouxe uma abordagem para pensar o futuro a partir de seis pilares: tecnologias, humanos, ecossistemas, economias, mapas de integração e cenários de futuros desejáveis. “A dança entre novas tecnologias e novos humanos traz novos ecossistemas”, resumiu. Para ela, todas as pessoas dividem os mesmos espaços, mas não vivem o mesmo tempo, já que há quem ainda veja o mundo com paradigmas dos anos 1990.

Em sua fala, ela destacou a relação entre hard economy e soft economy, representando as estruturas que refletem uma construção que vem dos últimos 150 anos frente ao que surge hoje. “Não se destrói o que foi construído com solidez, mas inova-se a partir daí”.

Além trazer conteúdos que abordaram tecnologias sintéticas, a questão do protagonismo do homem ou da máquina, computação quântica, holoportação, entre outras inovações tecnológicas em franco desenvolvimento, Ligia promoveu atividades entre os congressistas para testar a percepção da relação entre solidez e suavidade nas equipes de trabalho dos participantes, além de identificar que tipo de “novo humano” cada um vai ser, considerando o envolvimento com as economias digital, criativa, do acesso, colaborativa, compartilhada e do cuidado.

“Essas grandes transformações continuarão a chegar com rapidez, e nem todos estarão prontos para absorver. Por isso, na área da saúde em que atua a Unimed, vamos precisar de pessoas sábias para tomar decisões nesse contexto", concluiu.

Confira as atividades do segundo dia do Clic 2024